sexta-feira, 28 de agosto de 2009

LIÇÃO 9 – O Crente e as Bênçãos da Salvação

INTRODUÇÃO

Vimos na lição passada que Deus providenciou a nossa salvação eterna, onde aprendemos que qualquer que aceita Jesus Cristo através do arrependimento e da fé, é justificado, regenerado e santificado, passando a ser chamado filho de Deus, filho por adoção, passando a ser herdeiro de Deus e co-herdeiro com Cristo, devendo, portanto, permanecer até o fim. Agora vamos estudar que o apóstolo João mostra muitos argumentos contra o pecado e toda a participação nos trabalhos infrutíferos das trevas. Seu raciocínio e argumentos indicam que as bênçãos da salvação não têm parte na vida de um crente, que vive na prática do pecado.


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE (1Jo 3.6-10)

Nos versículos 4 e 5 (da lição anterior), João mostrou que o pecado está em oposição à lei divina, pois “qualquer que comete o pecado também comete iniqüidade”, ou seja, transgride a lei, pois “o pecado é iniqüidade” (ou transgressão da lei, e é ilegal, ver 1Jo 2.4). A vontade de Deus para o governo racional é permitida para o bem do mundo, que mostra ao homem o caminho da felicidade e da paz e o conduz ao autor da lei. O pecado é a rejeição dessa lei divina, que é a rejeição da autoridade divina e, consequentemente, do próprio Deus.

O segundo argumento é que Jesus Cristo veio cumprir um plano e missão no mundo, que era remover pecados: “E bem sabeis que ele se manifestou para tirar os nossos pecados; e nele não há pecado” (v.5). Jesus cumpriu sua missão e, através de seu próprio sacrifício, tirou a culpa que estava em nós, por transgredir as leis divinas. Mas devemos reconhecer e considerar o grande motivo da vinda do Filho de Deus: “ele se manifestou para tirar os nossos pecados”.

- No terceiro argumento do apóstolo João, inicia-se a leitura da lição de hoje:

“Qualquer que permanece nele não peca...” (v.6). Pecar aqui é o mesmo que cometer pecados (vv. 8,9), ou seja, viver na prática do pecado. Assim como uma vida em união com o Senhor, quebra o poder do pecado no coração e na natureza humana. A expressão “não peca”, significa ter uma vida dedicada ao Senhor, de tal forma que, o pecado é impedido de predominar na conduta do cristão. (Por exemplo: lembra aquela música mundana que fica cantando em sua mente? Troque-a por um louvor, e comece a cantar assim: não darei meu louvor a ninguém mais, só a Ele!... Sabe aquela programação indevida da tv, que não convém aos santos? Troque-a pela leitura da Bíblia... e assim por diante). Um cristão convertido verdadeiramente, pode até errar, mas exercita esforço continuadamente para fazer o que é agradável ao Senhor (v.22), e assim permanecem em Cristo.

“...qualquer que peca não o viu nem o conheceu”.
Concluindo o raciocínio, o João diz que o “que peca” (que permanece na prática constante do pecado), “não o viu” (sua mente não tem um discernimento espiritual sadio dele), “nem o conheceu” (não teve um conhecimento experimental dele). Então, nesse terceiro argumento, aprendemos que a comunhão com o Senhor Jesus Cristo, é o mesmo que renunciar a prática do pecado, para participar das bênçãos da salvação.

“Filhinhos, ninguém vos engane” (v.7) Aqui João adverte aos “queridos filhos”, ou talvez, “aos novos na fé”, que existirão enganadores, que ouvem a lei, mas não as pratica (Rm 2.13). Mas “quem pratica justiça é justo, assim como ele é justo”. Praticar a justiça é praticar as verdades da fé cristã. Ou seja, aquele que pratica as verdades da fé é justo, é sincero e reto perante Deus. Quem pratica a justiça será justificado pelo Mediador, terá direito à “coroa da justiça, a qual o justo juiz” de acordo com a sua aliança e promessa, “dará a todos os que amarem a sua vinda” (2 Tm 4.18).

“Quem comete o pecado é do diabo...”(v.8). Cometer pecado aqui é praticá-lo assim como os pecadores o praticam e, aquele que pratica o pecado “é do diabo”; ou seja, sua natureza pecaminosa é inspirada pelo diabo, está de acordo com ele e é agradável a ele; pertence ao grupo, interesse e reino do diabo, ele (o diabo) é o autor e patrocinador do pecado, e tem sido “desde o princípio” (ver Jo 8.44). Mas, Jesus Cristo veio desfazer as obras dele:

“Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo”.
O diabo se esforçou para destruir a obra de Deus neste mundo, mas o Filho de Deus empenhou-se na batalha santa contra ele. Jesus veio ao mundo, foi manifestado em carne, para que pudesse derrotá-lo e dissolver suas obras. Ele continuará dissolvendo o pecado até que o tenha destruído por completo. Não podemos tolerar o que o Filho de Deus veio destruir!

"Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado...”(v.9). Ser nascido de Deus é ser renovado interiormente e restaurado a uma integridade ou retidão santa de natureza pelo poder do Espírito de Deus. Alguém assim não vive na prática do pecado, não pratica iniqüidade, nem pratica a desobediência, porque “a sua semente permanece nele”, ou a Palavra de Deus pode permanecer nele (1Pe 1.23).

“...e não pode pecar”. Nenhum intérprete criterioso entenderia que o crente não possa cometer um ato pecaminoso. Isso seria contrário ao capítulo 1.9, onde está explícito que confessar os pecados é nosso dever e o nosso privilégio é ter nossos pecados perdoados. Na verdade, a expressão “não pode pecar”, significa: não pode continuar na conduta e prática do pecado, não pode pecar como pecava antes de ser nascido de Deus (Leia 1Co 6.12; 10.23).

“Nisto são manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo...” (v.10). Existe diferença entre os filhos de deus e os filhos do diabo. De acordo com a antiga distinção existe a semente de Deus e a semente da serpente. A semente da serpente é identificada por essas duas marcas: 1. Pela negligência da fé em Deus: “...qualquer que não pratica a justiça (despreza os direitos e deveres de Deus, pois a fé cristã é nossa justiça em relação a Deus) não é de Deus”, mas pelo contrário, é do diabo. 2. Pelo ódio aos colegas cristãos: “...e não ama a seu irmão (verdadeiros cristãos devem ser amados por causa de Deus e Cristo. Aqueles que não amam dessa forma, mas os menosprezam, odeiam e perseguem, é filho do Diabo) não é de Deus”.


1. O CRENTE E O PECADO

1.1. O que é pecado?
Existem várias respostas para esta pergunta, mas vamos a algumas esferas do pecado considerado:

a) Moralmente.
Pode significar “errar o alvo”. Por exemplo: imagine um viajante que sai do caminho certo. Também significa ser achado em falta ao ser pesado na balança de Deus. Em alguns casos se traduz por “mal”, exprimindo o pensamento de violência ou infração, e descreve o homem que infringiu ou violou a lei de Deus;

b) Na conduta fraternal. Nessa esfera a palavra usada para determinar o pecado é violência ou conduta injuriosa (Gn 6.11; Ez 7.23; Pv16.29). Ao excluir a restrição da lei o homem maltrata e oprime seu semelhante.

c) Na santidade. Tomemos como exemplo os israelitas, cuja nação foi escolhida por Deus para ser um “reino de sacerdotes”, portanto, cada membro que tinha contato com Deus e com o Tabernáculo era santo, ou seja, separado para Deus, toda atividade da sua vida estava regulada pela lei da santidade. Quando agiam fora dessa lei, profanavam-se, e tornavam-se imundos, ou contaminados (Lv 11.24,27,31,33,39). Qualquer que deliberadamente rejeitasse essa lei, era considerado “transgressor” (Sl 37.38; 51.13; Is 53.12), se persistisse no erro, era considerado criminoso.

d) Na verdade. Nesse caso, a fraude é o elemento do pecado. Os pecadores falam e tratam falsamente (Sl 58.3; Is 28.5). Levando em consideração que o primeiro pecador foi um mentiroso (Jo 8.44), ou seja, o primeiro pecado começou com uma mentira (Gn 3.4), todo pecado contém o elemento do engano (Hb 3.13).

e) Na esfera da sabedoria. Os homens se portam impiamente porque não pensam ou não querem pensar corretamente; não dirigem suas vidas de acordo com a vontade de Deus, seja por descuido ou por deliberada ignorância.

No Novo Testamento, o pecado é iniquidade (1Jo 3.4), desobediência (Hb 2.2), transgressão (Rm 4.15), queda (Ef 1.7), impiedade (Rm 1.18; 2Tm 2.16), erro (Hb 9.7).

1.2. Pecados principais

a) IRA - raiva,cólera ou agressividade exagerada em querer destruir os outros. (Jó 5.2);
b) GULA - Querer assimilar tudo, engolindo e não digerindo (Is 56.11);
c) INVEJA - Desgosto e pesar pelos bens dos outros; o outro é mais que eu (Pv 14.30);
d) ORGULHO - Ser melhor que outros (Sl 90.10);
e) AVAREZA - não confiar em ninguém (Is 57.17);
f) PREGUIÇA - não querer aprender nada (Ec 10.8);
g) LUXÚRIA (desfrutar do poder de dominar) - prazer pelo excesso (Jr 11.15);
h) IDOLATRIA não querer a Deus de modo exclusivo. (2 Rs 17.41; Dt 32.17; 1Co 10.20; 1 Co 10.14; Js 24.15; 2Cr 24.18).

1.3. Qual, então, é a posição do crente diante do pecado?

Considerando que o pecado é um ato ou um estado da vontade do homem, que se constitui rebelião contra Deus, ou separação de Deus, sendo este um estado pecaminoso, qualquer que seguir esse caminho trará sobre si as seguintes consequências: (1) O pecado traz o mal sobre si mesmo por suas más ações e (2) torna-se culpado aos olhos de Deus. Por exemplo, um pai proíbe o filho pequeno de fumar cigarros, e faz-lhe entender duas consequências: primeira, fumar fá-lo-á sentir-se doente; segunda, ser castigado pela sua desobediência. O menino desobedece e fuma pela primeira vez. As náuseas que lhe sobrevêm representam as más conseqüências do seu pecado, e o castigo corporal subseqüente representa o castigo positivo pela culpa. Da mesma maneira as Escrituras descrevem dois efeitos do pecado sobre o culpado: primeiro, é seguido por conseqüências desastrosas para sua alma; segundo, trará da parte de Deus o positivo decreto de condenação.

1.4. O castigo para quem vive na prática do pecado

Em Romanos 6.23, o apóstolo Paulo diz que “o salário do pecado é a morte”; se nos reportarmos a Gênesis 2.17, a ordem divina foi: “No dia em que dela comerdes certamente morrerás”; Deus criou o homem para viver eternamente, mas ele desobedeceu a lei de Deus e não pode mais “lançar mão” da imortalidade e da vida eterna. Então, o castigo que o homem recebeu foi a morte física, morte esta que herdamos de nossos primeiros pais (Adão e Eva), porém essa é apenas a primeira morte. O homem perdeu o favor de Deus, e o apóstolo Paulo chama essa condição do homem de “morto em ofensas e pecados” (Ef 2.1). Quando o homem morre, sem arrependimento, sem o perdão dos pecados, sem aceitar o favor de Deus através de Jesus, suas práticas pecaminosas o seguem até o dia do Grande Julgamento, onde o Juíz pronunciará a sentença da segunda morte, que envolve indignação, tribulação, angústia (Rm 2.7-12). Existem três fases desta morte: (1) morte espiritual, enquanto o homem vive (1Tm 5.6); (2) morte física (Hb 9.7); e a morte eterna – conhecida como a segunda morte (Ap 21.8; Jo 5.28,29; 2Ts 1.9; Mt 25.41).


1.5. Por que alguns cristãos vivem na prática do pecado?

• Não têm temor a Deus pela falta de graça e por não entenderem o completo perigo do pecado e suas conseqüências (Pv 16.6; Pv 3.7; Ap 3.15; Pv 4.23).
• São confiantes em si mesmos achando-se superiores às tentações (2 Co 1.3-7).
• Têm o pecado oculto arraigado há anos dentro de seus corações. (Sl 32.5; 38.3).

OBS.: Deus condena mais os perversos pecados dos cristãos que dos ímpios. (Dt 1.37; Jr 1.16). Quanto mais tempo no pecado, mais se endurece (Hb 3.12-13); Quanto mais permanece no pecado, enfrenta a vara de Deus (Sl 89.30-34); Quanto mais permanece no pecado, enfrenta esvaziamento de paz e força (Sl 31.10; Sl 38.3); Quanto mais permanece no pecado, enfrenta crescente dúvida e incredulidade (1 Sm 13.13-14).

2. AS BÊNÇÃOS DA SALVAÇÃO

- A benção da aceitação (Ef 1.1-6). Fomos redimidos, perdoados, reconciliados, libertos, justificados e seremos glorificados.
- A benção da posição (1Pe 2.9-10). Passamos a ser cidadãos do céu, sacerdócio real e santo, membros da família de Deus, adotados por Deus e a propriedade exclusiva de Deus.
- A benção da herança (Cl 2.9-10; Ef 1.3). O filho de Deus é herdeiro do céu e possui toda sorte de bênçãos espirituais.
- A benção da capacitação (1Jo 2.20). O crente é capacitado pelo Espírito Santo, está debaixo da graça de Cristo e o próprio Deus mora nele (Jo 14.23).


CONCLUSÃO

O pecado não combina com o crente.
Haveremos de convir que o fim do “século presente” se aproxima, e o plano divino da redenção chegará à sua conclusão exatamente como Deus havia planejado e do modo como está revelado nas Escrituras. De acordo com esse plano, os crentes falecidos, em Cristo, serão ressuscitados dentre os mortos e na mesma ocasião os crentes que estiverem vivos, serão transladados para se encontrarem com Cristo nos ares, ao soar da trombeta (1Ts 4.13-17; 1Co 15.51-52). Amados, somente os justos receberão corpos glorificados semelhantes ao corpo de Jesus, livre do pecado e da corrupção. Então, quem é santo santifique-se mais, aguardando o cumprimento das promessas do nosso Deus.


HENRY, Matthew. Comentário Novo Testamento, CPAD.
PEARLMAN, Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia – Editora Vida, 2006

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