quinta-feira, 28 de maio de 2009

LIÇÃO 9 – A Importância da Santa Ceia

INTRODUÇÃO

O Novo Testamento demonstra que o principal objetivo da reunião da igreja primitiva era o "partir do pão", ou a "Ceia do Senhor". Isto fica claro em passagens como At 20.7 e 1Co 11.20,33. Em sua carta à igreja de Corinto, Paulo censura aos irmãos por desviarem-se do objetivo normal da assembléia, repreendendo-lhes não por reunir-se para comer a Ceia do Senhor (que era o que deviam ter feito), mas por reunir-se para comer sua própria ceia!
Nessa lição, faz-se necessário detalhar um pouco mais a leitura em classe, que se constitui em meio caminho andado para subsidiar a lição. Os versículos (17-22) que antecedem a leitura em estudo, demonstram que o apóstolo Paulo censura mais uma vez os coríntios, pelo fato de causarem desordem e escândalos em uma instituição tão sagrada como a Santa Ceia. Para corrigir essas grosserias e irregularidades, o apóstolo destaca aqui a sagrada instituição da Ceia do Senhor:

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE (1Co 11.23-32)

“...eu recebi do Senhor o que também vos ensinei...” (v.23). Paulo não estivera entre os apóstolos na primeira instituição, mas ele tinha conhecimento desse assunto por revelação de Cristo; e o que ele havia recebido ele comunicou, sem modificar nada da verdade e, sem acrescentar nem diminuir.

Nesse texto, Paulo nos dá um relato mais detalhado do que em qualquer outro lugar:

1. Do autor – nosso Senhor Jesus Cristo. Somente o Rei da igreja tem poder para instituir sacramentos.

2. Do tempo da instituição: ela ocorreu “na noite em que foi traído”, justo quando ele estava iniciando os seus sofrimentos, os quais devem ser celebrados dessa maneira.

3. Da instituição em si mesma. Nosso Salvador tomou o pão, e quando Ele deu graças, ou abençoou (conforme está em Mt 26.26), “o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim.” (vv. 24-25). Observe os elementos desse sacramento:

(1) O pão e o cálice. O que é comido é chamado “pão” – embora que os papistas chamem de consagração – e, embora que seja dito ao mesmo tempo que é o corpo do Senhor, um claro argumento de que os apóstolos não conheciam nada da monstruosa e absurda doutrina da transubstanciação dos papistas. Com relação ao segundo elemento, Mateus nos fala que nosso Senhor mandou que todos bebessem dele (Mt 26.26-27), como se Ele, pela expressão, impusesse uma advertência contra o impedimento que os papistas fariam ao leigo de participar do cálice.

OBS.: Em nenhum momento é especificado que bebida era que estava dentro do cálice.

(2) As ações sacramentais. A maneira em que os elementos do sacramento devem ser usados.

a) As ações de nosso Salvador, que consistiram em tomar o pão e o cálice, dar graças, partir o pão e distribuir um e outro;

b) As ações dos comungantes, que consistiam em tomar o pão e comê-lo, tomar o cálice e beber dele, e ambas em memória de Cristo. Cada uma dessas ações tem um significado:

Nosso salvador, havendo se encarregado de realizar uma oferta de si mesmo a Deus e de obter, através de sua morte, a remissão de pecados, com todos os outros benefícios do evangelho, para os verdadeiros crentes, entregou, na instituição, seu corpo e sangue, com todos os benefícios conseguidos através de sua morte, a seus discípulos, e continua a fazer o mesmo em todo momento em que a ordenança é administrada aos verdadeiros crentes. Isto é apresentado como o alimento das almas.

(3) As finalidades dessa instituição.

a) Ela foi designada para ser realizada “em memória de Cristo”, para manter vívido em nossas mentes um favor antigo, sua morte por nós, como também para lembrar um amigo ausente, e até Cristo intercedendo por nós, em virtude de sua morte, à mão direita de Deus. O lema dessa ordenança, e o seu verdadeiro significado, é: Quando virdes isso, lembrai-vos de mim.

b) Ela deveria anunciar a morte de Cristo, declará-la e publicá-la. Não é apenas em memorial de Cristo, do que Ele fez e sofreu, que a sua ordenança foi instituída; nós declaramos a sua morte como sendo a nossa vida, a fonte de todos os nossos confortos e esperanças. Nós confessamos diante do mundo, por esse serviço verdadeiro, que somos os discípulos de Cristo, que confiamos somente nele para a salvação e aceitação diante de Deus.

(4) Ainda em relação a essa ordenança:

a) Sua celebração deve ser freqüente: “todas as vezes que comerdes este pão...”. As igrejas antigas celebravam essa ordenança a cada dia do Senhor (At 20.7), se não o faziam todos os dias em que elas se reuniam para a adoração.

b) Que ela seja perpétua. A ordenança deve ser celebrada até que venha o Senhor; até Ele vir pela segunda vez, para a salvação daqueles que crêem e para julgar o mundo. Esta é a nossa garantia por guardar essa festa.

“Portanto, qualquer que comer este pão ou beber o cálice do Senhor, indignamente...” (v.27). O apóstolo apresenta o perigo de receber a ordenança indignamente, ou seja, com intenções opostas ao seu motivo, ou uma disposição mental que lhe seja completamente inadequada (como festejos e partidarismos). Em outras palavras, quem vive uma vida de pecado não pode está, ao mesmo tempo, confessando, renovando e confirmando sua aliança com Deus. Portanto, quem assim faz “será culpado do corpo e do sangue do Senhor”, de violarem essa sagrada instituição, de desprezarem seu corpo e seu sangue. Eles agem como se profanassem o sangue do testamento com que foram santificados (Hb 10.29).

“Porque o que come e bebe indignamente come e bebe para sua própria condenação...” (v.29). É um grande risco. É o mesmo que provocar a Deus e, provavelmente, atrairão punição sobre si mesmo o que assim faz. Cada pecado é condenatório em sua natureza; e, por essa razão, com certeza é assim com um pecado tão abominável como profanar uma ordenança santa.

OBS.: Vale salientar que, tanto esse pecado como todos os outros, cedem lugar ao perdão por meio do arrependimento.

“...não discernindo o corpo do Senhor”. Os coríntios vinham à mesa do Senhor como para uma festa comum, sem fazer distinção entre aquela comida e uma comida comum, colocando ambas num mesmo nível; além disso, eles usavam de muito mais indecência nessa festa sagrada do que teriam feito em uma festa comum. Isto era muito pecaminoso, e muito desagradável a Deus, e atraía o seu julgamento sobre eles:

“Por causa disso, há entre vós muitos fracos e doentes e muitos que dormem.” (v.30). Alguns foram punidos com doenças e outros com a morte. Note que receber de maneira irreverente e sem cuidado da mesa do Senhor pode trazer punições temporais. Contudo, o texto parece sugerir que até aqueles que eram assim punidos estavam em um estado de favor de Deus, pelo menos muitos deles: eles eram julgados pelo Senhor, para não serem “condenados com o mundo” (v. 32). Então, a punição divina é um sinal do amor divino (Hb 12.6), especialmente com um propósito misericordioso, para evitar sua condenação final.

“Examine-se, pois, o homem a si mesmo...” (v.28). É o dever daqueles que vêm à mesa do Senhor, testar-se e aprovar-se a si mesmo, pelo propósito sagrado dessa santa ordenança, sua natureza e seu uso. Tal auto-exame é necessário para uma correta participação nessa santa ordenança.

“Porque, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados.” (v.31). Se nos examinássemos e explorássemos inteiramente, e nos condenássemos e corrigíssemos o que encontrássemos de impróprio, preveniríamos julgamentos divinos. Não devemos julgar os outros, para que não sejamos julgados (Mt 7.1); mas devemos julgar a nós mesmo, para evitar sermos julgados e condenados por Deus.


O QUE É A SANTA CEIA?

A Santa Ceia é uma doutrina bíblica. O apóstolo Paulo recebeu essa instrução pela revelação direta do Senhor Jesus Cristo (v. 23) e, de acordo com o registro bíblico, ele foi instruído na Arábia, onde passou três anos (Gl 1.11,12, 15-17), nesse período não há registros sobre a vida de Paulo.
A Santa Ceia é a cerimonia mais importante dentro do cristianismo, e sua importância é tão grande que o Senhor Jesus chegou a declarar:

“Na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último Dia. Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim, e eu, nele” (Jo 6.53-56).

Assim define o autor Myer Pearlman: “a Ceia do Senhor ou Comunhão é o rito distintivo da adoração cristã, instituído pelo Senhor Jesus na véspera de sua morte expiatória. Consiste na participação solene do pão e vinho, os quais, sendo apresentados ao Pai em memória do sacrifício inexaurível de Cristo, tornam-se um meio de graça pelo qual somos incentivados a uma fé mais viva e fidelidade maior a ele” (PEARLMAN, Myer - Conhecendo as Doutrinas da Bíblia, Ed. Vida).


OS PONTOS-CHAVES DA ORDENANÇA

(a) Comemoração. "Fazei isto em memória de mim." Cada ano, no dia 4 de julho, o povo norte-americano recorda de maneira especial o evento que o fez um povo livre. Cada vez que um grupo de cristãos se congrega para celebrar a Ceia do Senhor, estão comemorando, dum modo especial, a morte expiatória de Cristo que os libertou dos pecados. Por que recordar a sua morte mais do que qualquer outro evento de sua vida? Porque a sua morte foi o evento culminante de seu ministério e porque somos salvos, não meramente por sua vida e seus ensinos, embora sejam divinos, mas por seu sacrifício expiatório.

(b) Instrução. A Ceia do Senhor é uma lição objetiva que expõe os dois fundamentos do Evangelho:

1) A encarnação. Ao participar do pão, ouvimos o apóstolo João dizer: "E o Verbo se fez carne e habitou entre nos" (João 1:14); ouvimos o próprio Senhor declarar: "Porque o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo" (João 6:33).

2) A expiação. Mas as bênçãos incluídas na encarnação nos são concedidas mediante a morte de Cristo. O pão e o vinho simbolizam dois resultados da morte: a separação do corpo e da vida, e a separação da carne e do sangue. O simbolismo do pão partido é que o Pão deve ser quebrantado na morte (Calvário) a fim de ser distribuído entre os espiritualmente famintos; o vinho derramado nos diz que o sangue de Cristo, o qual é sua vida, deve ser derramado na morte a fim de que seu poder purificador e vivificante possa ser outorgado às almas necessitadas.

(c) Inspiração. Os elementos, especialmente o vinho, nos lembram que pela fé podemos ser participantes da natureza de Cristo, isto é, ter "comunhão com ele". Ao participar do pão e do vinho da Ceia, o ato nos recorda e nos assegura que, pela fé, podemos verdadeiramente receber o Espírito de Cristo e ser o reflexo do seu caráter.

(d) Segurança. Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue"! (1 Cor. 11:25). Nos tempos antigos a forma mais solene de aliança era o pacto de sangue, que era selado ou firmado com sangue sacrificial. A aliança feita com Israel no Monte Sinai foi um pacto de sangue. Depois que Deus expôs as suas condições e o povo as aceitou, Moisés tomou uma bacia cheia de sangue sacrificial e aspergiu a metade sobre o altar do sacrifício, significando esse ato que Deus se havia comprometido a cumprir a sua parte do convênio; em seguida, ele aspergiu o resto do sangue sobre o povo, comprometendo-o, desse modo, a guardar também a sua parte do contrato (Êxo. 24:3-8). A nova aliança firmada por Jesus é um pacto de sangue. Deus aceitou o sangue de Cristo (Hb 9.14); portanto, comprometeu-se, por causa de Cristo, a perdoar e salvar a todos os que vierem a ele. O sangue de Cristo é a divina garantia de que ele ser benévolo e misericordioso para aquele que se arrepende. A nossa parte nesse contrato é crer na morte expiatória de Cristo. (Rom. 3:25,26.) Depois, então poderemos testificar que foram aspergidos com o sangue da nova aliança. (1Ped. 1:2.)

(e) Responsabilidade. Quem deve ser admitido ou excluído da Mesa do Senhor? Paulo trata da questão dos que são dignos do sacramento em 1Cor. 11:20-34. "Portanto, qualquer que comer este pão, ou beber este cálice do Senhor indignamente, será culpado (uma ofensa ou pecado contra) do corpo e do sangue do Senhor." Quer isso dizer que somente aqueles que são dignos podem chegar-se à Mesa do Senhor? Então, todos nós estamos excluídos! Pois quem dentre os filhos dos homens é digno da mínima das misericórdias de Deus? Não, o apóstolo não está falando acerca da indignidade das pessoas, mas da indignidade das ações. Sendo assim, por estranho que pareça, é possível a uma pessoa indigna participar dignamente. E em certo sentido, somente aqueles que sinceramente sentem a sua indignidade estão aptos para se aproximar da Mesa; os que se justificam a si mesmos nunca serão dignos. Outrossim, nota-se que as pessoas mais profundamente espirituais são as que mais sentem a sua indignidade. Paulo descreve-se a si mesmo como o "principal dos pecadores" (1Tim. 1:15). O apóstolo nos avisa contra os atos indignos e a atitude indigna ao participar desse sacramento. Como pode alguém participar indignamente? Praticando alguma coisa que nos impeça de claramente apreciar o significado dos elementos, e de nos aproximarmos em atitude solene, meditativa e reverente. No caso dos coríntios o impedimento era sério, a saber, a embriaguez.


O PROBLEMA DA IGREJA NA CELEBRAÇÃO

O problema básico surgiu do costume de celebrar a Ceia do Senhor junto com a "Ceia da igreja" (vv.20,21). Embora não tenhamos todos os detalhes, com toda a certeza a observância da comunhão era informal. Uma vez que os cristãos não tinham edifícios usados como igreja, suas reuni­ões ocorriam freqüentemente nas casas maiores, dos ricos. Eles se reuniam "em um só lugar” (uma frase infelizmente não traduzida em algumas versões: veja também At 1.15; 2.1,44). Reuniam-se fisicamente, mas estavam espiritualmente divididos. As refeições para grandes grupos eram servidas na sala de jantar e no átrio, e os membros ricos for­neciam a maior parte da comida. O pro­blema era que cada um dos ricos tomava "antecipadamente a sua própria ceia" (1Co 11.21), deixando pouco ou nada para os pobres, que constituíam a maioria da congregação. Os ricos podiam chegar cedo; os pobres e os escravos só podiam vir a pós concluir o seu dia de trabalho. Deste modo os ricos se fartavam e alguns até se em­briagavam, enquanto os pobres perma­neciam famintos (v.21).
Os ricos falharam por não entende­rem que a comida era a "Ceia do Senhor", e não a sua própria ceia.

Paulo continua a explicar com mais detalhes por que a Ceia é realmente do Senhor. Ele argu­menta com os ricos de várias maneiras, instruindo-os a comer e beber em sua própria casa, se tiverem fome, antes do horário marcado para o jantar e a cele­bração da Ceia do Senhor na igreja, ao invés de comer sua própria ceia na reunião e deixar pouco ou nada para os outros (v.21). Por sua conduta imprópria eles "desprezavam a igreja de Deus e enver­gonhavam os que nada tinham" (v.22). Paulo está dizendo a mesma coisa de dois modos diferentes.

1) Estão mostrando desprezo pela Igreja, pela maneira como humilham os outros cren­tes; sua conduta não está sendo motivada pelo amor, mas por interesses pessoais; as ceias eram qualquer coisa, menos "ban­quetes de amor" ou "festas de caridade" (Jd 12).

2) Fracassam por não praticarem a comunhão (que significa ter união e compartilhar), que é um dos principais aspectos da Ceia do Senhor.

PAULO RECEBEU A INSTRUÇÃO DIRETAMENTE DO SENHOR SEM INTERMEDIÁRIOS

Os versos 23-26 lidam com a institui­ção da Ceia do Senhor. O que Paulo diz sobre o assunto é que aquilo que ele "re­cebeu “do Senhor”, tam­bém “ensinou” aos coríntios. Os dois verbos usados aqui demonstram uma linguagem tradicional. O sujeito "eu" é enfático - "eu mesmo". Paulo pode ter vindo a conhecer alguns fatos sobre a última Ceia por meio do relato de outros, mas sua interpretação a este respeito provavelmente tenha vindo diretamente do Senhor. Tal comunicação direta e sem intermediários com o Senhor não era lhe desconhecida (At 18.9,10; 22.18; 23.11; 27.23-25; 2Co 12.7-9; Gl 12; 2.2). Ele fala da noite em que Jesus foi traído; parece se referir principalmente à traição de Judas. Mas Paulo usa também este verbo quando diz que Jesus “por nossos peca­dos foi entregue...” (Rm 4.25) e que Deus entregou Jesus por todos nós (Rm 8.32; cf. também Gl 2.20).

- Jesus “tomou o pão; e, tendo dado gra­ças, o partiu” (vv.23-24). Lucas usa esta mesma palavra como ação de graças nos sinópticos; Mateus e Marcos usam o termo "abençoar". A diferença dos verbos não é significativa, já que a bênção judaica sobre o pão da Páscoa e sobre o vinho era uma expressão de ação de graças a Deus. A menção da ação de graças é a razão pela qual alguns cristãos preferem chamar esta observância de Eucaristia.


O PÃO E O CÁLICE

A frase "Isto é o meu corpo" (como também "Este é o meu sangue") se qualifica como uma das passagens mais vigorosa­mente debatidas em todas as Escrituras, que variam desde a interpretação dos católicos romanos de uma transubstan­ciação, até a visão de Zwinglio de que a Ceia é simplesmente uma recordação da morte de Jesus. Estas declarações devem ser entendidas metaforicamente. O pão representa o corpo de Jesus, e o cálice representa o seu sangue. Morris obser­va corretamente que o gênero do pro­nome demonstrativo "isto" no verso 24, é neutro, enquanto a palavra pão é mas­culina. Jesus, então, não poderia estar dizendo: "este pão é literalmente o meu corpo". Pode se referir à ação inteira, como o segundo isto faz neste verso (58), de acordo com a frase "fazei isto em me­mória de mim".

- Paulo então acrescenta duas declara­ções importantes a respeito de Jesus. O corpo de Jesus, representado pelo pão, é partido “por vós”. A preposição é freqüentemente usada em cone­xão com a morte sacrificial de Jesus. Seu significado básico é “em lugar de, por causa de”; Jesus morreu por nós, em nosso lu­gar. Além disso, Ele disse “fazei [continu­em fazendo] isto em memória de mim” (veja também v.26). Ao participarem da Ceia do Senhor, os crentes devem recordar o significado de sua morte e serem edificados, por fazê-lo. Mas note que Jesus disse "em memória de mim", e não "em memória de minha morte". Robertson e Plummer (246) sugerem que isto inclui o fato de lembrar-se também de sua ressurreição, implicando que o memorial deveria ser observado no primeiro dia da semana. Esta recordação é mais que um exercício in­telectual; envolve "uma percepção [expe­riência] daquilo que é lembrado" (Bruce, 111). A Páscoa judaica era uma ocasião para recordar a libertação que Deus dera a seu povo (Êx 12.12; 13.9; Dt 16.3); no­tamos novamente que Cristo, em sua morte, é a nossa Páscoa 2Co 5.7.

- Muito do que foi dito a respeito do pão aplica-se igualmente ao cálice. Mas é sig­nificativo observar que Jesus não disse "Este cálice é o meu sangue", mas, "Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue" (v.25). A doutrina da transubstanciação dificil­mente seria capaz de explicar como “este cálice” (que é na realidade uma metonúnia (metáfora/comparação), significando "o conteúdo deste cálice") pode ser literalmente transformado em uma aliança (ou Testamento) - a nova alian­ça (ou o Novo Testamento). O Antigo Testamento previu uma nova aliança que substituiria a antiga Jr 31.31-34; Ez 36.25-­27; d. Hb 8.7-13; 9.18-20). A antiga ali­ança foi instituída por meio de um sacri­fício, "o sangue do concerto" (Êx 24.5-8). Da mesma forma, a nova aliança foi inau­gurada por meio do sangue de Cristo.

Fontes:
HENRY, Matthew – Comentário Novo Testamento
PEARLMAN, Myer - Conhecendo as Doutrinas da Bíblia
Comentário Bíblico Pentecostal - Novo Testamento

2ª Reportagem da série "Os Evangélicos" exibida no Jornal Nacional

Jornal Nacional fala sobre trabalho social dos evangélicos

Para quem ainda não assistiu as reportagens do Jornal Nacional sobre o trabalho social dos evangélicos, confira no vídeo abaixo:



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sábado, 16 de maio de 2009

Lição 7 - Considerações Acerca do Casamento

INTRODUÇÃO

Nesta lição, o apóstolo Paulo responde dúvidas acerca do matrimônio e relacionamento familiar na igreja de Corinto. Estudaremos assuntos de fundamental importância para a igreja de nossos dias, e o antídoto contra a fornicação: o casamento. A vida conjugal, o dom do celibato, o divórcio, a viuvez e, claro, o tão discutido novo casamento. Lembre-se que, Paulo não trata diretamente da infidelidade conjugal, como Jesus tratou, mas vemos os esclarecimentos de Paulo como um complemento daquilo que Jesus disse, como que com mais detalhes.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE (1Co 7.1-5,7-11)

O apóstolo Paulo trata, nesse capítulo, de questões contidas em uma carta que recebeu da Igreja que estava em Corinto. No ca­pítulo anterior, ele os advertira a evitarem a fornicação; aqui, ele Ihes orienta sobre questões relacionadas ao casamento, o remédio que Deus estabeleceu contra a fornicação.

“...bom seria que o homem não tocasse em mulher...” (v.1), ou seja, “não tomá-la por mulher”, ou ainda, “não se casasse”, – “tocar em mulher” é uma expressão usada no A.T. para relações sexuais (Gn 20.6; Pv 6.29) – pelo menos naquela época era bom absterem-se do casamento de modo geral; mas, vale salientar que essa afirmação não deve ser entendida como a vontade absoluta de Deus, como se fazer diferente fosse pecado, um extremo no qual muitos dos antigos usaram para defender o celibato e a virgindade. Se o apóstolo estivesse se referindo neste sentido, se con­tradiria muito no resto do seu discurso. Paulo sabia que “não é bom que o homem esteja só” (Gn 2.18) e que o casamento é uma instituição divina.

“mas, por causa da prostituição, cada um tenha a sua própria mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido” (v.2). Paulo instrui que o casamento, com os confortos e satisfações é determinado pela sabedoria divina para prevenir da fornicação. Eles deveriam casar-se, limitarem-se aos seus próprios cônjuges e, depois de casados, “o marido pague à mulher a devida benevolência, e da mesma sorte a mulher, ao marido” (v.3). Um considere a disposição e a exigência do outro e um conceda o dever conjugal ao outro, que é de direito de ambos. Essa afirmação é apoiada pelo próximo versículo:

“A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no o marido; e também, da mesma maneira, o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no a mulher” (v.4). No estado do casamento nenhuma pessoa tem poder sobre o seu próprio corpo, mas o entregou ao poder do outro, isso para os dois. Note que a poligamia ou o casamento com mais de uma pessoa, tanto quanto o adultério, é uma violação do contrato de casa­mento, e uma violação dos direitos do cônjuge.

Por isso que Paulo diz: “Não vos defraudeis um ao outro...”, ou seja, não se “privem um ao outro”, tratando da expressão sexual. Em outras palavras, Paulo quer dizer que alguns já eram culpados de privar o cônjuge de uma vida sexual normal. Mas existe uma exceção permissível, mas a abstinência sexual deve ser “...por consentimento mútuo, por algum tempo, para vos aplicardes à oração; e, depois, ajuntai-vos outra vez...” (v.5). Eles poderiam fazer isso enquanto se empenhavam em alguma tarefa extraordinária, ou para se dedicarem à oração. Podemos entender isso como uma forma de jejum, mas limitado quanto ao tempo e sempre ligado à oração.

“...para que Satanás vos não tente pela vossa incontinência”. O casal não deve permitir que o adversário, Satanás, venha tentá-los a expressar o impulso sexual de uma forma que os leve a um compor­tamento pecaminoso, tendo relações ín­timas com alguém que não seja o seu cônjuge. Esta separação não deve ser contínua, para que eles não fiquem expostos às tentações, por sua incontinência (incapacidade de controlar-se, ou conter-se).

“Digo, porém, isso como que por permissão e não por mandamento” (v.6). Aqui existe um paralelo com o v.2, pois Paulo não estabeleceu que “cada um tenha a sua própria mulher”, como uma regra sobre todo homem, para que se case sem exceção. Qual­quer homem pode casar-se. Mas, por outro lado, nenhu­ma lei obriga um homem a casar, de maneira que ele pe­que se não o fizer.
Paulo não obrigou cada homem a casar, embora cada homem tivesse uma tolerância. Não, ele podia desejar "que to­dos os homens fossem como ele mesmo" (v. 7), isto é, sol­teiro, e capaz de viver castamente naquele estado. “...mas cada um tem de Deus o seu próprio dom, um de uma maneira, e outro de outra”. Embora Paulo fosse tão feliz como solteiro, talvez outros não poderiam ser tão diferentes, no que diz respeito à castidade, pois são concedidos diferentes graus da graça e alguns suportam a inclinação natural mais do que outros.
Paulo podia desejar que todos os homens fossem como ele mesmo, porém “Nem todos podem receber esta palavra, mas só aqueles a quem foi concedido.” (Mt 19.11).

“Digo, porém, aos solteiros e às viúvas, que lhes é bom se ficarem como eu” (v.8). Aqui fica claro que Paulo não era casado, e considera o estado de solteiro ou de viuvez conveniente, ou seja, era melhor estar solteiro do que casado.

“Mas, se não podem conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se”.(v.9). Este é o remédio para a luxúria (comportamento desregrado com relação aos prazeres do sexo; lascívia). O fogo pode ser extinto pelos recursos que ele apontou. E o casamento, com todas as suas inconveniên­cias, é muito melhor do que abrasar-se (abrasar significa experimentar ou deixar-se dominar por sentimentos intensos, apaixonantes) com impureza e desejos lascivos. O casamento em tudo é honrável, mas é um dever para aqueles que não podem conter-se nem do­minar suas inclinações.

“Todavia, aos casados, mando, não eu, mas o Senhor, que a mulher se não aparte do marido” (v.10). Em geral, ele Ihes diz que, por ordem de Cristo, o casamento é para a vida inteira; e por essa razão, aqueles que são casados não devem pensar em separação. Não que ele ordenas­se alguma coisa de sua própria cabeça, ou por sua pró­pria autoridade. Qualquer coisa que ele ordenava era mandamento do Senhor, ditado pelo Espírito e ordenado pela sua autoridade. Mas seu significado é que o Senhor mesmo, com sua própria boca, proibira tais separações (Mt 5.32; 19.9; Mc 10.11; Lc 16.18). Note que homem e mulher não podem separar-se por vontade, nem dissol­ver seus laços e relações matrimoniais quando eles qui­serem. Eles não devem separar-se por nenhum outro motivo, a não ser aquele que Cristo permite (infidelidade conjugal).

“Se, porém, se apartar, que fique sem casar ou que se reconcilie com o marido; e que o marido não deixe a mulher”.(v.11). E por isso o apóstolo os aconselha que se qualquer mulher tiver se separado, seja por ato voluntário seu ou por um ato de seu marido, ela deve continuar sem se casar, e buscar re­conciliação com o seu marido, para que possam coabitar novamente. Note que maridos e esposas não devem bri­gar de forma alguma, ou devem se reconciliar rapida­mente. Eles estão obrigados a viver um com o outro. A lei divina não permite nenhuma separação.

(vv. 12-15). Esses versículos não estão relacionados à leitura bíblica em classe, mas ao tópico 4.2 da lição bíblica. Nesses versículos o apóstolo aconselha que se uma esposa ou marido incrédulo quiser viver com um cônjuge cristão, o outro não deve separar-se. O marido não deve repudiar uma esposa incrédula, nem a esposa deixar um marido incrédulo. O chamado cristão não dissolvia o contrato de casa­mento, mas obrigava-o mais ainda, trazendo-o de volta à instituição original, limitando-o a duas pessoas, e obrigan­do-as a viverem a vida juntas.

DESTACAMOS ALGUNS “PONTOS” DA LIÇÃO, SÃO ELES:

1. Casar ou não casar? Tanto o matrimônio quanto o celibato são honrosos

“Bom seria que o homem não tocasse em mulher” (v.1). Isso não significa que Paulo discorda totalmente que o homem não se case, pois várias vezes no capítulo 7, ele demonstra que o estado de solteiro, ou celibatário, é preferível, mais que ao matrimônio. O celibato é um dom de Deus, mas o casamento também o é (v.7).

OBS.: Ao dar preferência ao celibato, ao estado de solteiro, Paulo diverge do pensamen­to judeu convencional. No judaísmo, o casamento para homens não era uma opção, mas uma obrigação; esperava-se que todo homem jovem se casasse.

- O celibato, ao contrário do casa­mento, deveria ser mais a exceção do que a regra. O casamento é o meio divinamente designado para dar expressão ao impul­so sexual. “O homem que escreveu Efésios 5.22, 23, 32, 33, não tinha uma visão ruim do casamento” (Robeltson e Plummer, 133).

2. A necessidade do casamento

A imoralidade sexual não era incomum no meio dos crentes coríntios: “Mas, por causa da prostituição...” (literalmente, “por causa dos atos de imoralidade”), homens e mulheres deveriam ser casados, uma vez que a relação sexual só é permissível dentro do casamento.

- Existem, por certo, outras razões para se casar, mas esta precisa ser menci­onada. O casamento é a norma; mais que isto, é um mandamento, embora possa haver exceções (v.7). Além disso, a monogamia está implícita, uma vez que Paulo diz: “cada um tenha a sua própria mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido”. O verbo “ter” é também um referencial para relações sexuais (ou seja, cada um se relacione sexualmente com sua própria mulher e a mulher com seu próprio marido).

3. Um alerta acerca de dois extremos: “procriação e satisfação mútua”, um não é sem o outro

Procriar é a capacidade de reprodução, de multiplicar-se ou reproduzir-se, conforme o próprio Deus designou: “...multiplicai-vos, e enchei a terra...” (Gn 1.28). Já a satisfação mútua refere-se à atividade sexual propriamente dita.
Quando se casam, marido e mulher devem ter em mente as duas coisas, pois fazem parte da instituição do casamento; devem evitar, portanto, os seguintes extremos:
1) casar só por prazer sexual, apenas para alimentar um desejo que chega a ser egoísta em alguns casos, não assumindo a responsabilidade de “pai ou mãe”, não objetivando também a procriação;
2) o outro extremo é quando um casal tem relações físicas apenas para gerar filhos, alegando que essa é a única função do ato e apenas cumpre a procriação por obediência à instituição divina. O relacionamento físico é uma necessidade conjugal, tanto para procriar como para satisfação mútua, um não é sem o outro e um depende do outro.

4. Abstinência temporária

Nesse ponto, o casal deve tomar cuidado para não se estender por muito tempo, pois embora estejam de acordo, um consentindo com o outro, e tenham propósitos espirituais para realizar, a abstinência demorada pode se tornar em tragédia, pois o adversário de nossas almas não perde tempo, vive procurando oportunidade para nos tentar, por isso o apóstolo recomenda que seja acompanhado por oração e, depois, devem juntar-se imediatamente. A incontinência é a incapacidade de controlar-se ou conter-se, e o adversário pode aproveitar-se disso.

5. O dom do celibato Mt 19.12

Jesus citou três tipos de eunucos:
1) Os que já nascem desde o ventre da mãe;
2) Os que foram castrados pelos homens;
3) Os que castram a si mesmo.
E Ele complementa que é por causa do Reino dos Céus, “quem pode receber isso, que receba”, mas nem todos podem. Paulo diz que é recomendado permanecer solteiro, se a pessoa tiver o dom do celibato (v.7). “Mas, se não podem conter-se” ou, “Mas se não tiverem domínio próprio” (NRSV), são traduções mais precisas do que “se não podem se controlar” (NIV), uma vez que as palavras, “não podem” não constam do texto grego (v.9). Parece que alguns dos solteiros e viúvas estavam cedendo às suas paixões sexuais. Tais pessoas desejavam se casar (v.2), “é melhor casar do que abrasar-se” (v.9). Na NIV lemos: “do que arder nas cha­mas da paixão”. Esta interpretação pode ser correta, já que Paulo usa a mesma palavra figurativamente em outra ocasião quando fala de seus próprios sentimen­tos intensos (2Co 11.29), entretanto em um contexto que não se refere à vida sexual.
OBS.: Paulo, mais tarde, dá conselhos semelhantes às viúvas mais jovens (1Tm 5.11-15).

6. O casamento é indissolúvel (vv. 10-11)

O que Paulo ensina está em harmonia com os ensinamentos básicos de Jesus sobre a questão do divórcio e de um novo casamento (Mc 10.2-12). O apóstolo dirige-se a um casal onde ambos os cônjuges são cristãos.
A instrução de Paulo é clara: “a mulher se não aparte do marido, se, porém, se apartar, que fique sem casar ou que se reconcilie com o marido” e “o marido não deixe a mulher”. Observe que Paulo não fez nenhuma exceção, como Jesus fez, permitindo o divórcio nos casos de infidelidade conjugal (Mt 5.32; 19.9). Observe o comentário abaixo, extraído da Enciclopédia de Dificuldades Bíblica, por Gleason Archer:

Há coerência entre 1ª Coríntios 7.12,40 e a autoridade inerrante das cartas de Paulo?

Esses dois versículos apresentam um fator diferente com respeito à autoridade apostólica de Paulo, pelo que serão tratados separadamente. No parágrafo que se inicia com o v. 8, Paulo está discutindo a ques­tão de alguém permanecer solteiro ou casar-se. Também alude às alter­nativas que os casais enfrentam, quando um é incompatível com o outro. Nos v. 10 e 11 ele cita uma expressão do Senhor Jesus, pronun­ciada no início de seu ministério (Mt 5.32; 19.3-9) pela qual marido e mu­lher não podem separar-se; em ou­tras palavras, a esposa não deve abandonar o esposo, ele não deve despedi-Ia e divorciar-se dela. (Mateus 5.32 permite o divórcio se houver infidelidade.) A seguir, 7.1 trata da questão dos casais que SE separaram: podem eles livremente: casar-se com outras pessoas? O após­tolo observa que Jesus nunca falou explicitamente sobre essa questão (ainda que as implicações de Mateus 5.32 apontem com firmeza a proibi­ção de um segundo casamento).

Seja porque ele esteja fazendo uma inferência (ainda que ela seja inevitável) do ensino de Cristo para o divórcio, ou talvez tenha recebido uma revelação explícita da vontade de Deus quanto a um tipo de tensão matrimonial, Paulo deixa bem cla­ro que o que ele está prestes a dizer não é citação dos lábios de Jesus. Portanto, assim diz ele: "Ao mais digo eu, não o Senhor". Jesus jamais discutiu o que deve ser feito a um cônjuge que se salva, enquanto o outro se opõe ao Evangelho; por isso, era necessário que Paulo fizesse uma distinção entre a proibição ex­plícita do divórcio (sobre o qual Je­sus fizera um pronunciamento cla­ro e definitivo) e uma inferência ló­gica e necessária que Paulo tirara sob a influência do Espírito Santo para a situação aflitiva dos casais em litígio (contenda).

Havia, naturalmente, muitas re­velações da parte de Deus nos es­critos inspirados de Paulo. Tais car­tas freqüentemente tratavam de assuntos sobre os quais o Senhor Jesus nunca havia discutido em seu ministério terreno. Contudo, à vis­ta de todo o ensino de Paulo ter-lhe sido entregue mediante revelações do Cristo ressurreto, pela atuação do Espírito Santo, tal ensinamento tinha o mesmo peso de autoridade das palavras do próprio Senhor Jesus, quando ministrava entre os homens. Portanto, "digo eu, não o Senhor" não implica algo que pre­judique a autoridade total da men­sagem de Paulo (nem aqui nem em passagem alguma de suas cartas); relaciona-se apenas à questão de Paulo poder ou não citar uma ex­pressão registrada por Jesus, antes de sua ressurreição e ascensão.

Quanto à 1ª Coríntios 7.40, Paulo aconselha aos que estão indecisos em relação ao casamento, e assim diz ele: "Em minha opinião, ela [i.e., a mulher que perdeu seu marido por morte] será mais feliz se permane­cer no estado em que está [i.e., em viuvez]; e julgo [dokô] que tenho o Espírito de Deus [i.e., ao exprimir esta minha opinião]". Dokô (de dokeô) tem a idéia de "julgar, achar, pensar, supor, ou ser de opinião que" (neste caso ou naquele). Não quer dizer necessariamente alguma incerteza ou dúvida da parte de quem emite sua opinião; apenas enfatiza que aquela era sua opinião pessoal, sua convicção.

No livro Casamento, Divórcio e Novo Casamento, o autor Kenneth E. Hagin, faz uma observação importante, ele diz: “Jesus está falando para os Judeus, e Paulo está falando para a Igreja”. “Observe que há três classes de pessoas tratadas na Palavra de Deus (1Co 10.32): 1) Os Judeus, o povo da aliança de Deus; 2) A Igreja, a própria família de Deus; e 3) Os Gentios, os povos pagãos (cada pessoa que não é nem igreja nem judeu).”

Não pretendo estender muito esse assunto, mas é bom notar alguns detalhes para não falarmos heresias fora do contexto aos nossos alunos. O ponto em questão já vem sendo discutido há muito tempo; estão em jogo a condição de um homem e uma mulher que se divorciam e, posteriormente, projetam um novo casamento. É bom considerar as duas passagens em questão (Mt 19 e 1Co 7), dentro de seus respectivos contextos. Vejamos:

JESUS (Mt 19)

“...chegaram ao pé dele os fariseus, tentando-o e dizendo-lhe: É lícito ao homem repudiar sua mulher POR QUALQUER MOTIVO?” (v.3)
- Observe que a pergunta é dirigida a Jesus por judeus fariseus, buscando ocasião para achar alguma falha em suas palavras. Imediatamente, Jesus responde com base nas Escrituras:
“Não tendes lido que, no princípio, o Criador os fez macho e fêmea e disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe de se unirá à sua mulher, e serão dois numa só carne? Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem.” (vv.4-6).
- Usando o princípio estabelecido por Deus, Jesus responde como deveria ser o casamento, ou seja, deveria ser “indissolúvel”, pois o que Deus ajuntou o homem (e mulher) não deve separar. Agora observe outra situação, os fariseus citam Moisés:
“Então, por que mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio e repudiá-la?” (v.7).
- Observe que eles se apóiam no que Moisés falou, ou seja, pela lei era lícito dar carta de divórcio e repudiar a mulher, mas Jesus com muita sabedoria reforça o que disse anteriormente e continua:
“Moisés, por causa da dureza do vosso coração, vos permitiu repudiar vossa mulher; mas, ao princípio, não foi assim.” (v.8).
- Agora Jesus usa sua autoridade, como enviado do Pai, e replica:
“Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de prostituição, e casar com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete adultério”. (v.9).
- Observamos que Jesus estabelece e complementa a afirmação que desde o princípio defendeu, e conclui que somente por motivo de infidelidade conjugal, é que se pode dar carta de divórcio. Entretanto, divorciar-se por qualquer outro motivo, não é permitido para ambos casar novamente. Fica claro que Jesus não tocou no assunto relativo aos que se separam por motivo de infidelidade conjugal, e falava isso para os judeus, observando a lei e os princípios estabelecidos para o matrimônio, licitamente aceitos.

PAULO (1Co 7)
“...quanto às coisas que me escrevestes, bom seria que o homem não tocasse em mulher” (v.1).
- Fica claro que o apóstolo está respondendo acerca de algumas perguntas feitas pelos coríntios, e responde imediatamente que seria bom que o homem não tocasse em mulher, ou seja, não se casasse. Numa situação diferente da de Jesus, Paulo agora fala para à igreja coríntia que estava com dúvidas. Então o contexto é outro, mas o assunto é o mesmo. Vejamos:
“...por causa da prostituição, cada um tenha a sua própria mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido” (v.2).
- Jesus também se referiu a “prostituição”, ou “infidelidade conjugal”, porém Paulo faz uma colocação mais detalhada, cada cônjuge deve se relacionar fisicamente com quem se casou. Referindo-se aos direitos do matrimônio, a devida benevolência (bondade de ânimo para com algo ou alguém, manifestação de afeto) é o que um deve ao outro (v.3). Referindo-se a um princípio estabelecido por Deus, Paulo diz:
“A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no o marido; e também, da mesma maneira, o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no a mulher” (v.4).
Podemos entender que “serão dois numa só carne”, por isso o domínio não é de um nem do outro, mas dos dois. Digamos que Paulo refere-se a isso nas entrelinhas de suas palavras.
- Nos versículos 5-9, o apóstolo adverte aos casais cristãos sobre o ato da abstinência para dedicação a Deus, pois é necessário atentar para algumas regras básicas, como: consentimento de ambos, não demorar muito, aplicar-se à oração e juntar-se outra vez imediatamente, para não serem tentados pelo adversário, por causa da incapacidade de conterem-se. Aproveita para referir-se ao celibato (que também foi citado por Jesus), aconselhando aos jovens e viúvas a ficarem sem casar-se, porém isso não seria um mandamento, mas de acordo com o ponto de vista de Paulo era preferível.
“Mas, se não podem conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se” (v.10).
- Como não é um mandamento, os que não têm o dom do celibato devem casar-se para não abrasar-se. O termo abrasar significa se deixar dominar por sentimentos intensos, que podem levar o indivíduo ao pecado da fornicação, por isso é melhor casar para não escandalizar a igreja do Senhor, pois o casamento é o antídoto contra fornicação.

- Agora chegamos ao ponto crucial:
“Todavia, aos casados, mando, não eu, mas o Senhor, que a mulher se não aparte do marido. Se, porém, se apartar, que fique sem casar ou que se reconcilie com o marido; e que o marido não deixe a mulher”. (vv. 10-11)
- Observe os detalhes dessa afirmação do apóstolo: 1) ele fala aos casados (cristão) da igreja de Corinto, e não usa sua autoridade de apóstolo, mas o nome do Senhor. 2) a mulher e o marido não deveriam se separar, e isso está totalmente de acordo com o que Jesus falou referindo-se aos princípios estabelecido por Deus para o matrimônio, ou seja, o casamento é indissolúvel e não pode desfazer-se por qualquer motivo. Paulo está tratando de cristãos que estavam se divorciando por QUALQUER MOTIVO, e nesse caso não é permitido casar de novo, pois a lei divina “não separe o homem” foi quebrada e a punição é: “Se, porém, se apartar, que fique sem casar ou que se reconcilie com o marido”; 4) Simplesmente o apóstolo Paulo não está tratando aqui de infidelidade conjugal, mas de separação por qualquer motivo.
Mas, antes de concluir, vamos ver o que ele diz no final do capítulo:
“A mulher casada está ligada pela lei todo o tempo em que o seu marido vive; mas, se falecer o seu marido, fica livre para casar com quem quiser, contanto que seja no Senhor. Será, porém, mais bem-aventurada se ficar assim, segundo o meu parecer, e também eu cuido que tenho o Espírito de Deus” (vv. 39-40).
Mesmo não tratando de infidelidade conjugal, Paulo faz a observação que a mulher e o marido estão ligados pela lei, ou seja, se depender de cumprir a ordenança do matrimônio será “até que a morte os separe”.

CONCLUSÃO

A igreja de Corinto vivia numa época de total depravação moral, pois a cidade era considerada a metrópole da imoralidade sexual, a ponto de ter templos oferecidos à deusa grega Afrodite, a deusa do amor erótico sensual. Hoje é ainda pior, as oferendas de Satã entram nas casas pelas mídias (internet, tv, revistas, etc.), tentando achar ocasião para destruir a família.
Ficam então as advertências de Paulo:
1. Aos jovens e viúvas, fiquem sem casar, mas se não podem conter-se, casem-se;
2. Quem quer se abrasar, comete o pecado da fornicação então, casem-se;
3. Quem se separar por qualquer motivo que não seja infidelidade conjugal, não podem partir um novo casamento, casar de novo seria adultério, devem se reconciliar eu ficar sem casar.

Fontes:
Comentário Pentecostal do Novo Testamento
Henry, MATTHEW – Comentário Novo Testamento
Gleason Archer - Enciclopédia de Dificuldades Bíblica
Kenneth E. Hagin - Casamento, Divórcio e Novo Casamento

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Lição 6 – Demandas Judiciais Entre os Irmãos

INTRODUÇÃO

Na lição passada, estudamos o problema de um membro sexualmente imoral da igreja de Corinto. Surge então mais um problema: cristãos levando outros cristãos aos tribunais, por motivos sem importância, permitindo que juízes pagãos julguem as causas cristãs. Veremos que o amor entre nós deve está acima de qualquer influência dessa natureza, pois quem ama em Cristo não faz mal ao próximo.

SUBSÍDIO PARA LEITURA BÍBLICA EM CLASSE (1Co 6.1-9)

No capítulo 6 da epístola em estudo, o apóstolo Paulo já havia recebido informações pelos membros da casa de Cloe (1.11), ou talvez dos três irmãos coríntios que o visitaram (16.17). Ele volta a criticar a igreja em Corinto, pois os irmãos levavam uns aos outros aos tribunais por questões sem importância e entregavam a causa aos juízes pagãos. Na ocasião, ele os adverte acerca de vários pecados grosseiros (vv. 10-11), que eles praticavam anteriormente. E ainda aconselha a resolverem a discussão de um contra o outro no conselho da igreja e por suas orientações.

AS CAUSAS DE CONFLITOS E CONTENDAS SÃO CENSURADAS

“Ousa algum de vós, tendo algum negócio contra outro ir a juízo perante os injustos...” (v.1). Aqui o apóstolo refere-se a quem leva a causa em audiência perante os injustos; quem se atreve a tomar tal decisão por coisas de pouco valor, pode chegar a escandalizar o Evangelho e o nome cristão.

“Não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo” (v.2) “...julgar os anjos?” (v.3). Paulo pergunta se eles são indignos (inconvenientes, indecentes) de julgar as causas menores, as coisas desta vida. Os cristão de caráter não devem deixar de lado sua dignidade, como santos e, considerarem pequenas, causas a respeito das coisas desta vida, perante juízes pagãos, pois um dia vão “julgar” o mundo, mais ainda, os anjos, seria incompreensível que não possam resolver pequenas controvérsias entre si.

OBS.: Julgar o mundo e os anjos não significa que seremos assessores de Cristo no grande dia do julgamento; Jesus disse aos discípulos que eles se assentarão “em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel” (Mt 19.28). Lemos em (Jd 14,15) sobre a vinda de Jesus “...com milhares de seus santos para fazer juízo contra todos”; Ele virá para o julgamento “...com todos os seus santos” (1Ts 3.13); entretanto eles mesmo devem de fato ser julgados (Mt 25.31-41), mas podem primeiro ser absolvidos, e então avançar para o tribunal, assim terão a honra de sentar-se com o poderoso juiz no último dia, enquanto Ele julgar homens pecaminosos e anjos maus. Eles não podem ser juízes em nenhum outro sentido.

“Então, se tiverdes negócios em juízo, pertencentes a esta vida, pondes na cadeira aos que são de menos estima na igreja?” (v.4). Em outras palavras, ele quis dizer que quando existissem esses tipos de problemas, os crentes devem designar juízes, mesmo que sejam homens “de menos estima na igreja”, talvez Paulo refere-se a “alguém que não tem nenhuma posição na igreja”.

“Para vos envergonhar digo: Não há, pois, entre vós sábios, nem mesmo um, que possa julgar entre seus irmãos?” (v.5). Foi uma vergonha para aqueles cristãos recorrerem aos tribunais cíveis para resolver suas disputas (eles eram tão orgulhosos de sua sabedoria), mas, entretanto, eram carentes da verdadeira sabedoria, pois não tinham nem mesmo um que pudesse julgar entre eles mesmos; eram incapazes de preparar um membro que pudesse decidir sobre as causas deles.

- A vergonha maior foi que tornaram público aos incrédulos as dificuldades que tinham de entender-se uns com os outros. Por isso Paulo diz: “Mas vós mesmos fazeis a injustiça e fazeis o dano e isso aos irmãos” (v.8).

“Mas o irmão vai a juízo com o irmão, e isso perante infiéis.” (v.6). Paulo ensina sobre esse assunto em outras epístolas, que não devemos buscar qualquer disputa ou vingança contra alguém que nos tiver prejudicado (Rm 12.17; 1Ts 5.15). Os processos e os julgamentos entre os irmãos coríntios, causavam-lhes derrotas, pois embora ganhassem um caso legalmente, perdiam a moral por envergonhar o nome do Senhor que deveria ser símbolo de união entre eles.

“Na verdade, é já realmente uma falta entre vós terdes demandas uns contra os outros...” (v.7). É um erro ir à justiça, a não ser no caso em que o direito é de fato duvidoso, e deve haver uma concordância amigável de ambas as partes para levá-lo ao julgamento daqueles instruídos na lei e aptos para decidir, e isto é o que entendemos por encaminhar a causa e não ficar contendendo sobre ela.

“...Por que não sofreis, antes a injustiça? Por que não sofreis, antes, o dano?”. Note que um cristão deve antes sofrer (suportar um pouco) a injustiça, pois a paz de sua própria mente e a calma da sua vizinhança são mais importantes do que a vitória em tais contendas, ou do que reivindicar seu próprio direito, especialmente quando a rixa está para ser decidida por aqueles que são inimigos da religião.

Mas, o pior é que “...vos mesmo fazeis injustiça e fazeis o dano e isso aos irmãos” (v.8). É extremamente indevido cometer injustiça e defraudar alguém; mas é um erro pior causar decepção ou frustrar nossos irmãos em Cristo. O amor deve estar acima de tudo, deve ser mais forte entre cristãos, pois Paulo diz que “o amor não faz mal ao próximo...” (Rm 13.10). Aqueles que amam aos irmãos em Cristo, jamais, sob influência nenhuma, devem machucá-los ou prejudicá-los.

“Não sabeis que os injustos não hão de herdar o Reino de Deus?” (v.9). O apóstolo coloca isso como uma verdade simples, da qual eles não poderiam ser ignorantes, que tais pessoas não herdarão o Reino de Deus, e eles deveriam saber no mínimo isto, que os injustos não serão conhecidos como sua igreja verdadeira na terra, nem admitidos como membros gloriosos da igreja no céu. Toda injustiça é pecado; e todo pecado efetivo cometido deliberadamente, e do qual não houver arrependimento, exclui o(a) indivíduo(a) do Reino dos céus.

OBS.: Embora não esteja na leitura bíblica em classe, é importante verificar os vários tipos de pecados especificados por Paulo, que são contra a lei moral de Deus:
- Idólatras - ferem o 1º e o 2º mandamentos;
- Adúlteros, fornicários, afeminados, sodomitas – ferem o 7º mandamento;
- Ladrões e roubadores (cometem injustiça com fraudes contra o próximo) – ferem o 8º mandamento;
- Maldizentes – ferem o 9º mandamento;
- Avarentos, bêbados – ferem o 10º mandamento... e todos aqueles que, de maneira geral, estão por quebrar todo o resto, devem saber que o céu não foi planejado para esses pecadores.

Os que tais atos praticam, devem arrepender-se, pois o dia vem, e Deus há de trazer a juízo todas as obras, quer sejam boas, quer sejam más, e só escaparão da condenação os que forem justificados por meio Jesus Cristo, o único caminho para se achegar a Deus (Ec 12.13-14; At 17.30-31; At 4.12).

Então, não erreis! Vós que já têm sido lavados, santificados e justificados em nome de nosso Senhor Jesus e pelo Espírito de nosso Deus. (v.11).

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Inauguração da Igreja Evangélica Assembléia de Deus em Monte Verde

Você está sendo convidado(a) para conferir a inauguração do novo templo da Assembleia de Deus em Monte Verde - Jaboatão - PE, com a presença do presidente Pr. Ailton José Alves e o representante no campo, Pr. Dário Tavares de Araújo.

Foi criado um BLOG especialmente para isso, entre agora e deixe seu comentário:

http://admonteverde.blogspot.com/

Agradeço a todos.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Modismo "Evangélico" - Pr. Oferece Cimento da Bênção!

Ninguém sabe onde isso vai parar...



Mais uma aberração: "Campanha da Boa Notícia":




Comente esses vídeos.

Satisfação...

Gostaria de me desculpar por não publicar o comentário da lição 5, pois infelizmente tive um contra-tempo no trabalho e deixei para postar em casa, mas a internet não funcionou. Ainda tive que ficar com meu filho Jônatas durante todo o sábado, pois o mesmo estava muito enfermo (virose), mas já está melhor.
Agradeço a todos os leitores desse blog e peço oração por mim para que o Senhor me ajude a administrar bem o meu tempo.