sexta-feira, 28 de agosto de 2009

LIÇÃO 9 – O Crente e as Bênçãos da Salvação

INTRODUÇÃO

Vimos na lição passada que Deus providenciou a nossa salvação eterna, onde aprendemos que qualquer que aceita Jesus Cristo através do arrependimento e da fé, é justificado, regenerado e santificado, passando a ser chamado filho de Deus, filho por adoção, passando a ser herdeiro de Deus e co-herdeiro com Cristo, devendo, portanto, permanecer até o fim. Agora vamos estudar que o apóstolo João mostra muitos argumentos contra o pecado e toda a participação nos trabalhos infrutíferos das trevas. Seu raciocínio e argumentos indicam que as bênçãos da salvação não têm parte na vida de um crente, que vive na prática do pecado.


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE (1Jo 3.6-10)

Nos versículos 4 e 5 (da lição anterior), João mostrou que o pecado está em oposição à lei divina, pois “qualquer que comete o pecado também comete iniqüidade”, ou seja, transgride a lei, pois “o pecado é iniqüidade” (ou transgressão da lei, e é ilegal, ver 1Jo 2.4). A vontade de Deus para o governo racional é permitida para o bem do mundo, que mostra ao homem o caminho da felicidade e da paz e o conduz ao autor da lei. O pecado é a rejeição dessa lei divina, que é a rejeição da autoridade divina e, consequentemente, do próprio Deus.

O segundo argumento é que Jesus Cristo veio cumprir um plano e missão no mundo, que era remover pecados: “E bem sabeis que ele se manifestou para tirar os nossos pecados; e nele não há pecado” (v.5). Jesus cumpriu sua missão e, através de seu próprio sacrifício, tirou a culpa que estava em nós, por transgredir as leis divinas. Mas devemos reconhecer e considerar o grande motivo da vinda do Filho de Deus: “ele se manifestou para tirar os nossos pecados”.

- No terceiro argumento do apóstolo João, inicia-se a leitura da lição de hoje:

“Qualquer que permanece nele não peca...” (v.6). Pecar aqui é o mesmo que cometer pecados (vv. 8,9), ou seja, viver na prática do pecado. Assim como uma vida em união com o Senhor, quebra o poder do pecado no coração e na natureza humana. A expressão “não peca”, significa ter uma vida dedicada ao Senhor, de tal forma que, o pecado é impedido de predominar na conduta do cristão. (Por exemplo: lembra aquela música mundana que fica cantando em sua mente? Troque-a por um louvor, e comece a cantar assim: não darei meu louvor a ninguém mais, só a Ele!... Sabe aquela programação indevida da tv, que não convém aos santos? Troque-a pela leitura da Bíblia... e assim por diante). Um cristão convertido verdadeiramente, pode até errar, mas exercita esforço continuadamente para fazer o que é agradável ao Senhor (v.22), e assim permanecem em Cristo.

“...qualquer que peca não o viu nem o conheceu”.
Concluindo o raciocínio, o João diz que o “que peca” (que permanece na prática constante do pecado), “não o viu” (sua mente não tem um discernimento espiritual sadio dele), “nem o conheceu” (não teve um conhecimento experimental dele). Então, nesse terceiro argumento, aprendemos que a comunhão com o Senhor Jesus Cristo, é o mesmo que renunciar a prática do pecado, para participar das bênçãos da salvação.

“Filhinhos, ninguém vos engane” (v.7) Aqui João adverte aos “queridos filhos”, ou talvez, “aos novos na fé”, que existirão enganadores, que ouvem a lei, mas não as pratica (Rm 2.13). Mas “quem pratica justiça é justo, assim como ele é justo”. Praticar a justiça é praticar as verdades da fé cristã. Ou seja, aquele que pratica as verdades da fé é justo, é sincero e reto perante Deus. Quem pratica a justiça será justificado pelo Mediador, terá direito à “coroa da justiça, a qual o justo juiz” de acordo com a sua aliança e promessa, “dará a todos os que amarem a sua vinda” (2 Tm 4.18).

“Quem comete o pecado é do diabo...”(v.8). Cometer pecado aqui é praticá-lo assim como os pecadores o praticam e, aquele que pratica o pecado “é do diabo”; ou seja, sua natureza pecaminosa é inspirada pelo diabo, está de acordo com ele e é agradável a ele; pertence ao grupo, interesse e reino do diabo, ele (o diabo) é o autor e patrocinador do pecado, e tem sido “desde o princípio” (ver Jo 8.44). Mas, Jesus Cristo veio desfazer as obras dele:

“Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo”.
O diabo se esforçou para destruir a obra de Deus neste mundo, mas o Filho de Deus empenhou-se na batalha santa contra ele. Jesus veio ao mundo, foi manifestado em carne, para que pudesse derrotá-lo e dissolver suas obras. Ele continuará dissolvendo o pecado até que o tenha destruído por completo. Não podemos tolerar o que o Filho de Deus veio destruir!

"Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado...”(v.9). Ser nascido de Deus é ser renovado interiormente e restaurado a uma integridade ou retidão santa de natureza pelo poder do Espírito de Deus. Alguém assim não vive na prática do pecado, não pratica iniqüidade, nem pratica a desobediência, porque “a sua semente permanece nele”, ou a Palavra de Deus pode permanecer nele (1Pe 1.23).

“...e não pode pecar”. Nenhum intérprete criterioso entenderia que o crente não possa cometer um ato pecaminoso. Isso seria contrário ao capítulo 1.9, onde está explícito que confessar os pecados é nosso dever e o nosso privilégio é ter nossos pecados perdoados. Na verdade, a expressão “não pode pecar”, significa: não pode continuar na conduta e prática do pecado, não pode pecar como pecava antes de ser nascido de Deus (Leia 1Co 6.12; 10.23).

“Nisto são manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo...” (v.10). Existe diferença entre os filhos de deus e os filhos do diabo. De acordo com a antiga distinção existe a semente de Deus e a semente da serpente. A semente da serpente é identificada por essas duas marcas: 1. Pela negligência da fé em Deus: “...qualquer que não pratica a justiça (despreza os direitos e deveres de Deus, pois a fé cristã é nossa justiça em relação a Deus) não é de Deus”, mas pelo contrário, é do diabo. 2. Pelo ódio aos colegas cristãos: “...e não ama a seu irmão (verdadeiros cristãos devem ser amados por causa de Deus e Cristo. Aqueles que não amam dessa forma, mas os menosprezam, odeiam e perseguem, é filho do Diabo) não é de Deus”.


1. O CRENTE E O PECADO

1.1. O que é pecado?
Existem várias respostas para esta pergunta, mas vamos a algumas esferas do pecado considerado:

a) Moralmente.
Pode significar “errar o alvo”. Por exemplo: imagine um viajante que sai do caminho certo. Também significa ser achado em falta ao ser pesado na balança de Deus. Em alguns casos se traduz por “mal”, exprimindo o pensamento de violência ou infração, e descreve o homem que infringiu ou violou a lei de Deus;

b) Na conduta fraternal. Nessa esfera a palavra usada para determinar o pecado é violência ou conduta injuriosa (Gn 6.11; Ez 7.23; Pv16.29). Ao excluir a restrição da lei o homem maltrata e oprime seu semelhante.

c) Na santidade. Tomemos como exemplo os israelitas, cuja nação foi escolhida por Deus para ser um “reino de sacerdotes”, portanto, cada membro que tinha contato com Deus e com o Tabernáculo era santo, ou seja, separado para Deus, toda atividade da sua vida estava regulada pela lei da santidade. Quando agiam fora dessa lei, profanavam-se, e tornavam-se imundos, ou contaminados (Lv 11.24,27,31,33,39). Qualquer que deliberadamente rejeitasse essa lei, era considerado “transgressor” (Sl 37.38; 51.13; Is 53.12), se persistisse no erro, era considerado criminoso.

d) Na verdade. Nesse caso, a fraude é o elemento do pecado. Os pecadores falam e tratam falsamente (Sl 58.3; Is 28.5). Levando em consideração que o primeiro pecador foi um mentiroso (Jo 8.44), ou seja, o primeiro pecado começou com uma mentira (Gn 3.4), todo pecado contém o elemento do engano (Hb 3.13).

e) Na esfera da sabedoria. Os homens se portam impiamente porque não pensam ou não querem pensar corretamente; não dirigem suas vidas de acordo com a vontade de Deus, seja por descuido ou por deliberada ignorância.

No Novo Testamento, o pecado é iniquidade (1Jo 3.4), desobediência (Hb 2.2), transgressão (Rm 4.15), queda (Ef 1.7), impiedade (Rm 1.18; 2Tm 2.16), erro (Hb 9.7).

1.2. Pecados principais

a) IRA - raiva,cólera ou agressividade exagerada em querer destruir os outros. (Jó 5.2);
b) GULA - Querer assimilar tudo, engolindo e não digerindo (Is 56.11);
c) INVEJA - Desgosto e pesar pelos bens dos outros; o outro é mais que eu (Pv 14.30);
d) ORGULHO - Ser melhor que outros (Sl 90.10);
e) AVAREZA - não confiar em ninguém (Is 57.17);
f) PREGUIÇA - não querer aprender nada (Ec 10.8);
g) LUXÚRIA (desfrutar do poder de dominar) - prazer pelo excesso (Jr 11.15);
h) IDOLATRIA não querer a Deus de modo exclusivo. (2 Rs 17.41; Dt 32.17; 1Co 10.20; 1 Co 10.14; Js 24.15; 2Cr 24.18).

1.3. Qual, então, é a posição do crente diante do pecado?

Considerando que o pecado é um ato ou um estado da vontade do homem, que se constitui rebelião contra Deus, ou separação de Deus, sendo este um estado pecaminoso, qualquer que seguir esse caminho trará sobre si as seguintes consequências: (1) O pecado traz o mal sobre si mesmo por suas más ações e (2) torna-se culpado aos olhos de Deus. Por exemplo, um pai proíbe o filho pequeno de fumar cigarros, e faz-lhe entender duas consequências: primeira, fumar fá-lo-á sentir-se doente; segunda, ser castigado pela sua desobediência. O menino desobedece e fuma pela primeira vez. As náuseas que lhe sobrevêm representam as más conseqüências do seu pecado, e o castigo corporal subseqüente representa o castigo positivo pela culpa. Da mesma maneira as Escrituras descrevem dois efeitos do pecado sobre o culpado: primeiro, é seguido por conseqüências desastrosas para sua alma; segundo, trará da parte de Deus o positivo decreto de condenação.

1.4. O castigo para quem vive na prática do pecado

Em Romanos 6.23, o apóstolo Paulo diz que “o salário do pecado é a morte”; se nos reportarmos a Gênesis 2.17, a ordem divina foi: “No dia em que dela comerdes certamente morrerás”; Deus criou o homem para viver eternamente, mas ele desobedeceu a lei de Deus e não pode mais “lançar mão” da imortalidade e da vida eterna. Então, o castigo que o homem recebeu foi a morte física, morte esta que herdamos de nossos primeiros pais (Adão e Eva), porém essa é apenas a primeira morte. O homem perdeu o favor de Deus, e o apóstolo Paulo chama essa condição do homem de “morto em ofensas e pecados” (Ef 2.1). Quando o homem morre, sem arrependimento, sem o perdão dos pecados, sem aceitar o favor de Deus através de Jesus, suas práticas pecaminosas o seguem até o dia do Grande Julgamento, onde o Juíz pronunciará a sentença da segunda morte, que envolve indignação, tribulação, angústia (Rm 2.7-12). Existem três fases desta morte: (1) morte espiritual, enquanto o homem vive (1Tm 5.6); (2) morte física (Hb 9.7); e a morte eterna – conhecida como a segunda morte (Ap 21.8; Jo 5.28,29; 2Ts 1.9; Mt 25.41).


1.5. Por que alguns cristãos vivem na prática do pecado?

• Não têm temor a Deus pela falta de graça e por não entenderem o completo perigo do pecado e suas conseqüências (Pv 16.6; Pv 3.7; Ap 3.15; Pv 4.23).
• São confiantes em si mesmos achando-se superiores às tentações (2 Co 1.3-7).
• Têm o pecado oculto arraigado há anos dentro de seus corações. (Sl 32.5; 38.3).

OBS.: Deus condena mais os perversos pecados dos cristãos que dos ímpios. (Dt 1.37; Jr 1.16). Quanto mais tempo no pecado, mais se endurece (Hb 3.12-13); Quanto mais permanece no pecado, enfrenta a vara de Deus (Sl 89.30-34); Quanto mais permanece no pecado, enfrenta esvaziamento de paz e força (Sl 31.10; Sl 38.3); Quanto mais permanece no pecado, enfrenta crescente dúvida e incredulidade (1 Sm 13.13-14).

2. AS BÊNÇÃOS DA SALVAÇÃO

- A benção da aceitação (Ef 1.1-6). Fomos redimidos, perdoados, reconciliados, libertos, justificados e seremos glorificados.
- A benção da posição (1Pe 2.9-10). Passamos a ser cidadãos do céu, sacerdócio real e santo, membros da família de Deus, adotados por Deus e a propriedade exclusiva de Deus.
- A benção da herança (Cl 2.9-10; Ef 1.3). O filho de Deus é herdeiro do céu e possui toda sorte de bênçãos espirituais.
- A benção da capacitação (1Jo 2.20). O crente é capacitado pelo Espírito Santo, está debaixo da graça de Cristo e o próprio Deus mora nele (Jo 14.23).


CONCLUSÃO

O pecado não combina com o crente.
Haveremos de convir que o fim do “século presente” se aproxima, e o plano divino da redenção chegará à sua conclusão exatamente como Deus havia planejado e do modo como está revelado nas Escrituras. De acordo com esse plano, os crentes falecidos, em Cristo, serão ressuscitados dentre os mortos e na mesma ocasião os crentes que estiverem vivos, serão transladados para se encontrarem com Cristo nos ares, ao soar da trombeta (1Ts 4.13-17; 1Co 15.51-52). Amados, somente os justos receberão corpos glorificados semelhantes ao corpo de Jesus, livre do pecado e da corrupção. Então, quem é santo santifique-se mais, aguardando o cumprimento das promessas do nosso Deus.


HENRY, Matthew. Comentário Novo Testamento, CPAD.
PEARLMAN, Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia – Editora Vida, 2006

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Lição 8 - A Nossa Eterna Salvação

INTRODUÇÃO

A salvação é a grande oportunidade oferecida por Deus à humanidade através da graça. Em aceitar Jesus Cristo, nós somos chamados filhos de Deus e, ser filho, é pertencer a uma família, com direito a um nome, um lar e um futuro. Aprenderemos com o apóstolo João que Deus é o provedor e que Jesus é o autor da tão maravilhosa graça salvadora.


Leitura em Classe (1Jo 3.1-5; Rm 8.14-17)

1Jo 3.1-5
“Vede quão grande caridade nos tem concedido o Pai” (v.1). O apóstolo João mostra sua admiração pela graça que é a origem de uma dádiva tão maravilhosa. Ou seja, observai quão grande amor nos tem concedido o Pai: “que fôssemos chamados filhos de Deus”. Quem recebe o Filho Jesus, torna-se também filho de Deus (Jo 1.12). O Pai eterno mostra um amor maravilhoso ao adotar pessoas como nós, que por natureza, somos herdeiros do pecado, da culpa e do juízo de Deus; nós que pela prática somos filhos da corrupção, da desobediência e da ingratidão! O Deus santo não se envergonha de ser chamado de nosso Pai e de nos chamar de seus filhos, “por isso” (ou por esse motivo), porque “o mundo não nos conhece” e “não conhece a Ele”. João coloca a honra dos crentes acima do reconhecimento do mundo. Enquanto o mundo quase não conhece a verdadeira alegria que os genuínos seguires de Cristo sentem, vivem expostos às calamidades comuns da terra e do tempo, sujeitos às aflições desta vida, sem esperança; mas nós, embora às vezes pobres, modestos e menosprezados somos protegidos do céu e brevemente habitaremos lá!

OBS.: O mundo não lembra que uma grande pessoa residiu nesta terra; sim, o Criador habitou nela. Os judeus não perceberam que o Deus de Abraão, Isaque e Jacó era um dos seus habitantes em seu próprio país. Ele veio aos seus e os seus não o receberam (Jo 1.11), mas, certamente, se o conhecessem “nunca crucificariam ao Senhor da glória” (1Co 2.8).

“Amados, agora somos filhos de Deus” (v.2). Chamados de “amados” por João, os discípulos tinham a natureza de filhos pela regeneração: temos o título, o espírito e o direito à herança dos filhos pela adoção (Sl 149.9).

“...ainda não é manifesto o que havemos de ser” (v.2). A glória pertencente à filiação e adoção é adiada e reservada para outro mundo. Os filhos de Deus precisam andar pela fé e viver pela esperança. O tempo da revelação dos filhos de Deus em seu estado e glória próprios ocorrerá quando seu irmão mais velho vier para chamar e reunir a todos:

“Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos” (v.2). Isso faz lembrar a promessa em João 14.3 “virei outra vez e vos levarei para mim mesmo, para que, onde eu estiver, estejais vós também”. Quando a Cabeça da igreja, o Filho unigênito do Pai, aparecer, os seus membros, os adotados de Deus, aparecerão e serão manifestados juntamente com Ele. Podemos então esperar na fé, esperança e desejo intenso, pela revelação do Senhor Jesus; assim como também a criação aguarda pela sua perfeição e “...a manifestação dos filhos de Deus” (Rm 8.19). Os filhos de Deus serão semelhantes a Jesus em honra, poder, e glória. Seus corpos desprezíveis serão feitos como o corpo glorioso de Jesus Cristo; serão preenchidos com vida, luz e bem-aventurança a partir dele (leia Cl 3.4).

“E qualquer que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também ele é puro” (v.3). O apóstolo ressalta o compromisso dos filhos de Deus na continuidade da santificação. Sabemos que nosso Senhor é santo e puro; aqueles que esperam viver com Ele precisam buscar a maior pureza possível, afastando-se do mundo, da carne e do pecado; precisam crescer na graça e na santidade, pois a esperança em alcançar o céu nos forçará a fazer assim. Além de sermos santificados pela fé, somos também santificados pela esperança.

Depois de falar sobre a obrigação do crente para com a pureza da sua esperança em relação ao céu e a comunhão com Cristo em glória no dia da sua aparição, João agora prossegue no sentido de encher a mente dos crentes com múltiplos argumentos contra o pecado:

“Qualquer que comete o pecado também comete iniqüidade; porque o pecado é iniqüidade” (v.4). O pecado é contrário à lei divina. Cometer iniqüidade é transgredir essa lei (é ilegal). O pecado é a destituição ou a privação da harmonia e conformidade com a lei divina. A concretização do pecado agora é a rejeição da lei divina, que é a rejeição da autoridade divina e, consequentemente, do próprio Deus.

“E bem sabeis que ele se manifestou para tirar os nossos pecados; e nele não há pecado” (v.5). O plano e missão do Senhor Jesus Cristo no mundo e para o mundo, era para remover os pecados.

Rm 8.14-17

“Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus” (v.14). Semelhante a um estudante, que em sua aprendizagem é guiado por seu professor, como um viajante, que em sua viagem é orientado por seu guia, como um soldado, quem em combate é dirigido por seu capitão, assim são os que em Cristo se submetem pela fé à sua orientação, em obediência, são levados a toda verdade e à total submissão. Eles são “os filhos de Deus” por adoção, reconhecidos e amados por Ele.

“Porque não recebestes o espírito de escravidão, para, outra vez, estardes em temor...” (v.15). O espírito de escravidão refere-se à dispensação que estava o povo do Antigo Testamento, por causa das trevas e do terror daquele período. O véu significava escravidão (2Co 3.15,17). O espírito de adoção não estava plenamente derramado como agora, pois a lei abriu a ferida, mas proporcionou remédio insuficiente para ela. Então vós não estais naquela dispensação, não recebeste aquele espírito.

“...mas recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai.” Quando Deus adota alguém, dá-lhe um espírito de adoção – a natureza de filhos. Aba, Pai, é uma oração clamorosa, o que não é apenas uma expressão séria, mas natural de desejo; uma criança que não pode falar desabafa seus desejos chorando. Agora, o Espírito nos ensina a nos achegar, em oração, a Deus como a um Pai, com uma santa e humilde confiança, incentivando a alma nessa tarefa. “Aba” é uma palavra siríaca que significa “pai” ou “meu pai” e “pater” é uma palavra grega; e por que ambas, Aba e Pai? Porque Cristo disse assim na oração (Mc 14.36): “Aba, Pai”, e temos recebido o Espírito do Filho.

“O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (v.16). Os que são santificados têm o Espírito de Deus testemunhando com seus espíritos, o que não deve ser entendido como revelação extraordinária imediata, mas como uma obra habitual do Espírito, em e por meio do consolo, falando de paz para a alma.

“E, se nós somos filhos, somos, logo, herdeiros também, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo” (v.17).
Aqui, o apóstolo Paulo fala sobre os privilégios dos crentes, é a parte nobre da nossa felicidade, a saber, um direito à glória futura. A nossa filiação, como adoção de filhos, nos dá o direito àquela glória, assim a disposição de filhos nos ajusta e prepara para ela. Nas heranças terrenas essa regra não se mantém, sendo apenas aos primogênitos os herdeiros, mas a igreja é uma igreja de primogênitos, pois todos eles são herdeiros. O céu é uma herança de que todos os santos são herdeiros.

OBS.: “Herdeiros de Deus” (Sl 16.5-6; Nm 18.20; ap 21.3); “co-herdeiros de Cristo” (Hb 1.2; Ap 21.7; Jo 17.24; Ap 3.21). A glória futura é a recompensa dos sofrimentos presentes e a realidade das esperanças do presente.

“... se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados” (v.17). O estado da igreja neste mundo sempre é, e era especialmente naquela época, um estado de angústia. Ser um cristão certamente era ser um sofredor. Então, para consolá-los em relação àqueles sofrimentos, ele lhes fala que eles sofriam com Cristo – por sua causa, por sua honra, pelo testemunho de uma boa consciência, e deveriam ser glorificados com Ele (ver 2Tm 2.12), leia Rm 8.18.


I - A ADOÇÃO DO CRENTE

A palavra grega traduzida como adoção (huiothesia), significa “colocar na posição de filho”. Somente ocorre cinco vezes nas Escrituras, e todas elas nos escritos de Paulo: Rm 8.15, 23; 9.4; Gl 4.5; Ef 1.5.

- O tempo da adoção. Nos conselhos de Deus, foi um ato no passado eterno (Ef 1.5). Antes mesmo de começar a raça hebraica, sim, antes da criação, Ele nos predestinou para esta posição (Hb 11.39-40). Na experiência pessoal ela se torna verdadeira para o crente na hora em que ele aceita a Jesus Cristo (Gl 3.26). Mas a percepção plena da filiação aguarda a vinda de Cristo. É naquela hora que a adoção será plenamente consumada (Rm 8.23). Então, nossos corpos serão libertos da corrupção e da mortalidade e se tornarão semelhantes ao corpo glorioso de Cristo (Fl 3.20-21).


II - O QUE CONSTITUI A SALVAÇÃO?

Três aspectos que caracterizam a salvação:

a) Justificação:
faz lembrar um tribunal: o homem culpado e condenado, perante Deus, é absolvido e declarado justo (justificado) ver 2Co 5.21;
b) Regeneração: sugere uma cena familiar: a alma morta em transgressões e ofensas, precisa de uma nova vida, e esta vida é lhe concedida por um ato divino de adoção. Torna-se herdeira de Deus e membro de sua família (2Co 5.17);
c) Santificação: Esta palavra faz lembrar o templo, pois relaciona-se com o culto a Deus. A pessoa, depois de ter sido declarado justo e recebido uma nova vida, dessa hora em diante, dedica-se ao serviço de Deus (1Co 1.30).

OBS.: O homem salvo, portanto, consiste em ser justificado, regenerado e santificado. Sendo justificado ele pertence aos justos; sendo regenerado ele é filho de Deus; sendo santificado ele é “santo”, ou seja, separado. Essas três experiências constituem na plena salvação, que são três princípios de vida cristã em direção à perfeição.


III - CONDIÇÕES DA SALVAÇÃO

Deus exige do homem ARREPENDIMENTO e ; abandonar o pecado e buscar a Deus são as condições e os preparativos para a salvação.

- (crer, confiar, ver Rm 10.9) é o instrumento pelo qual recebemos a salvação, fato que não se dá com o arrependimento.

- Arrependimento – ocupa-se com o pecado e o remorso. O arrependimento é a verdadeira tristeza sobre o pecado, incluindo um esforço sincero para abandoná-lo (2Co 7.10).


IV – A SEGURANÇA DA SALVAÇÃO

Nesse ponto, vamos considerar se a salvação final dos cristãos é incondicional ou poderá perder-se por causa do pecado.

“Desviar-se”
é o termo usado para indicar uma pessoa que “caiu temporariamente da graça”. O desviado é uma pessoa que outrora tinha zelo de Deus, mas agora se tornou fria (Mt 24.12), outrora obedecia à Palavra, mas o mundanismo e o pecado impediram seu crescimento e frutificação (Mat. 13:22); outrora pôs a mão ao arado, mas olhou para trás (Luc. 9:62); como a esposa de Ló, que havia sido resgatada da cidade da destruição, mas seu coração voltou para ali (Luc. 17:32); outrora estava em contacto vital com Cristo, mas agora está fora de contacto, e está seco, estéril e inútil espiritualmente (João 15:6); outrora obedecia à voz da consciência, mas agora jogou para longe de si essa bússola que o guiava, e, como resultado, sua embarcação de fé destroçou-se nas rochas do pecado e do mundanismo (1 Tim. 1:19); outrora alegrava-se em chamar-se cristão, mas agora se envergonha de confessar a seu Senhor (2 Tim. 1:8 ;2:12); outrora estava liberto da contaminação do mundo, mas agora voltou como a "porca lavada ao espoja-douro de lama" (2 Ped. 2:22; vide Luc. 11:21-26).

É possível decair da graça; mas a questão é saber se a pessoa que era salva e teve esse lapso, pode finalmente perder-se. Existem dois sistemas doutrinários: o calvinista responde que não; o arminiano (chamado assim em razão de Armínio, teólogo holandês, que trouxe a questão a debate) responde que sim. Vejamos:

[1] Calvinismo - A salvação é inteiramente de Deus; o homem absolutamente nada tem a ver com sua salvação. Se ele, o homem, se arrepender, crer e for a Cristo, é inteiramente por causa do poder atrativo do Espírito de Deus. Isso se deve ao fato de que a vontade do homem se corrompeu tanto desde a queda, que, sem a ajuda de Deus, não pode nem se arrepender, nem crer, nem escolher corretamente.
Naturalmente surge esta pergunta: Se a salvação é inteiramente obra de Deus, e o homem não tem nada a ver com ela, e está desamparado, amenos que o Espírito de Deus opere nele, então, por que Deus não salva a todos os homens, posto que todos estão perdidos e desamparados? A resposta de Calvino era: Deus predestinou alguns para serem salvos e outros para serem perdidos. "A predestinação é o eterno decreto de Deus, pelo qual ele decidiu o que será de cada um e de todos os indivíduos. Pois nem todos são criados na mesma condição; mas a vida eterna está preordenada para alguns, e a condenação eterna para outros."
Dessa doutrina da predestinação segue-se o ensino de "uma vez salvo sempre salvo"; porque se Deus predestinou um homem para a salvação, e unicamente pode ser salvo e guardado pela graça de Deus, que é irresistível, então, nunca pode perder-se. Os defensores da doutrina da "segurança eterna" apresentam as seguintes referências para sustentar sua posição: João 10:28,29: Rom. 11:29; Fil. 1:6; 1 Ped. 1:5; Rom. 8:35; João 17:6.

[2] Arminianismo - A vontade de Deus é que todos os homens sejam salvos, porque Cristo morreu por todos. (1 Tim. 2:4-6; Heb. 2:9; 2 Cor. 5:14; Tito 2:11,12.) Com essa finalidade ele oferece sua graça a todos. Embora a salvação seja obra de Deus, absolutamente livre e independente de nossas boas obras ou méritos, o homem tem certas condições a cumprir. Ele pode escolher aceitar a graça de Deus, ou pode resistir-lhe e rejeitá-la. Seu direito de livre arbítrio sempre permanece.
As Escrituras certamente ensinam uma predestinação, mas não que Deus predestina alguns para a vida eterna e outros para o sofrimento eterno. Ele predestina " a todos os que querem" a serem salvos — e esse plano é bastante amplo para incluir a todos que realmente desejam ser salvos.
Deus, em razão de seu conhecimento, previu que essas pessoas aceitariam o evangelho e permaneceriam salvos, e predestinou para essas pessoas uma herança celestial. Ele previu o destino delas, mas não o fixou.


V – A SALVAÇÃO É CONDICIONAL OU INCONDICIONAL?

Uma vez salva, a pessoa é salva eternamente?
A resposta dependerá da maneira em que podemos responder às seguintes perguntas-chave: De quem depende a salvação? É irresistível a graça?

a) De quem depende, em última análise, a salvação? de Deus ou do homem? Certamente deve depender de Deus, porque, quem poderia ser salvo se a salvação dependesse da força da própria pessoa? Podemos estar seguros disto: Deus nos conduzirá à vitória, não importa quão débeis ou desatinados sejamos, uma vez que sinceramente desejamos fazer a sua vontade. Sua graça está sempre presente para nos admoestar, reprimir, animar e sustentar.
Contudo, não haverá um sentido em que a salvação dependa do homem? As Escrituras ensinam constantemente que o homem tem o poder de escolher livremente entre a vida e a morte, e Deus nunca violará esse poder.

b) Pode-se resistir à graça de Deus? Um dos princípios fundamentais do Calvinismo é que a graça de Deus e irresistível. Quando Deus decreta a salvação de uma pessoa, seu Espírito atrai, e essa atração não pode ser resistida. Portanto, um verdadeiro filho de Deus certamente perseverará até ao fim e será salvo; ainda que caia em pecado, Deus o castigará e pelejará com ele. Ilustrando a teoria calvinista diríamos: é como se alguém estivesse a bordo dum navio, e levasse um tombo; contudo está a bordo ainda; não caiu ao mar.
Mas o Novo Testamento ensina, sim, que é possível resistir à graça divina e resistir para a perdição eterna (Jo 6.40; Hb 6.6; 10.26-30; 2Pe 2.21; Hb 2.3; 2Pe 1.10), e que a perseverança é condicional dependendo de manter-se em contacto com Deus.
Note-se especialmente Hb 6.4-6 e 10.26-29. Essas palavras foram dirigidas a cristãos; as epístolas de Paulo não foram dirigidas aos não-regenerados. Aqueles aos quais foram dirigidas são descritos como havendo sido uma vez iluminados, havendo provado o dom celestial, participantes do Espírito Santo, havendo provado a boa Palavra de Deus e as virtudes do século futuro. Essas palavras certamente descrevem pessoas regeneradas.
Aqueles aos quais foram dirigidas essas palavras eram critãos hebreus, que, desanimados e perseguidos (10.32-39), estavam tentados a voltar ao Judaísmo. Antes de serem novamente recebidos na sinagoga, requeria-se deles que, publicamente, fizessem as seguintes declarações (10.29): que Jesus não era o Filho de Deus; que seu sangue havia sido derramado justamente como o dum malfeitor comum; e que seus milagres foram operados pelo poder do maligno. Tudo isso está implícito em Hb 10.29.
Antes de sua conversão havia pertencido à nação que crucificou a Cristo; voltar à sinagoga seria de novo crucificar o Filho de Deus e expô-lo ao vitupério; seria o terrível pecado da apostasia (Heb. 6.6); seria como o pecado imperdoável para o qual não há remissão, porque a pessoa que está endurecida a ponto de cometê-lo não pode ser "renovada para arrependimento"; seria digna dum castigo mais terrível do que a morte (10.28); e significaria incorrer na vingança do Deus vivo (10.30, 31).

VI - O EQUILÍBRIO EVITA OS EXTREMOS

Quando duas doutrinas bíblicas são colocadas em posição antagônica (oposta), uma contra a outra, o resultado é uma reação que conduz ao erro. Por exemplo: a ênfase demasiada à soberania e à graça de Deus na salvação pode conduzir a uma vida descuidada, porque se a pessoa é ensinada a crer que conduta e atitude nada têm a ver com sua salvação, pode tornar-se negligente. Por outro lado, ênfase demasiada sobre a livre vontade e responsabilidade do homem, como reação contra o Calvinismo, pode trazer as pessoas sob o jugo do legalismo e despojá-las de toda a confiança de sua salvação. Os dois extremos que devem ser evitados são: a ilegalidade e o legalismo.

- É inevitável defrontarmo-nos com mistérios quando nos propomos tratar as poderosas verdades da presciência de Deus e a livre vontade do homem; mas se guardamos as exortações práticas das Escrituras, e nos dedicamos a cumprir os deveres específicos que se nos ordenam, não erraremos. "As coisas encobertas são para o Senhor Deus, porém as reveladas são para nós" (Dt 29.29).

O Novo Testamento ensina uma verdadeira "segurança eterna", assegurando-nos que, a despeito da debilidade, das imperfeições, obstáculos ou dificuldades exteriores, o cristão pode estar seguro e ser vencedor em Cristo. Ele pode dizer com o apóstolo Paulo: "Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia; fomos reputados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou. Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor" (Rom. 8.35-39).


CONCLUSÃO

Faz alguns anos, um ministro escocês, um verdadeiro homem de Deus, se inclinou no púlpito, no início do seu sermão e disse em tom solene:
– Meus amigos, tenho uma pergunta a fazer-lhes. Eu não posso respondê-la e nem tampouco vocês. Nem um anjo do Céu, nem o diabo a responderia.
Um silêncio fúnebre reinou na congregação. Todos os olhares fixavam-se no pastor, que prosseguiu, dizendo:
– A pergunta é esta: "Como escaparemos, se rejeitamos tão grande salvação?" - C. H. Spurgeon.


HENRY, Matthew. Comentário Novo Testamento, CPAD.
PEARLMAN, Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia – Editora Vida, 2006.
THIESSEN, Henry Clarence. Palestra em Teologia Sistemática, Ed. Batista Regular. São Paulo, 1997.


sexta-feira, 14 de agosto de 2009

LIÇÃO 7 – A Chegada do Anticristo

INTRODUÇÃO

A palavra “anticristo” aparece apenas nas Epístolas de São João (1Jo 2.18,22; 4.3 e 2Jo 7), o que leva-nos a entender que João está preocupado principalmente com um erro de doutrina: a negação da pessoa de Cristo. Ele não dá ênfase à futura revelação de um indivíduo, mas à manifestação presente de uma falsa doutrina. O espírito do anticristo já atuava nos dias apostólicos, mas continua atuando em nossos dias e brevemente ele aparecerá, em corpo presente no mundo, porém o seu fim está determinado. O anticristo refere-se a um homem que será instrumento nas mãos do Diabo nos últimos dias, mas sua aparição pública só se dará após o cumprimento de algumas profecias. Entretanto, a expressão no plural “anticristos”, pode referir-se ao espírito que se opõe a Cristo, ensinando falsas doutrinas e tentando enganar o povo de Deus.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE (1Jo 2.18-26; 2 Jo 1.7)

“Filhinhos, é já a última hora...”. (v.18). Provavelmente, o apóstolo João está falando aos cristãos mais novos na fé, pois são mais fáceis de serem seduzidos. Mas, pode servir também como um alerta universal a todos os cristãos. Com a expressão: “é já a última hora”, João poderia ter em mente a profecia de Daniel (9.26): “E, depois das sessenta e duas semanas, será tirado o Messias e não será mais; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas assolações”. Diante desta afirmação, os discípulos deveriam está atento a respeito do fim dos tempos, pois a profecia de Daniel menciona: (1) a retirada do Messias (Jesus); (2) que o povo do príncipe que há de vir (o anticristo) destruiria a cidade e o santuário, o que se cumpriu em 70 d.C., quando o general romano Tito destruiu a cidade de Jerusalém e o Templo; (3) e até o fim haveria guerra, o que acontece até hoje, principalmente no Oriente Médio. Devemos então estar em alerta total.

OBS.: O uso da frase “última hora” expressa também que os cristãos primitivos estavam convencidos que viviam nos “últimos dias” (At 2.16-17; Hb 1.2).

“...Também agora muitos se têm feito anticristos, por onde conhecemos que é já a última hora”. Esse seria o sinal dessa última hora, pois muitos se opõem à pessoa, doutrina e reino de Cristo, ou seja, o mistério da injustiça já operava e o espírito do anticristo já estava no mundo (2Ts 2.7; 1 Jo 4.3).

“Saíram de nós...” (v.19).
Possivelmente aqueles anticristos saíram da igreja de Jerusalém ou alguma das igrejas da Judéia, como em At 15.1 “Então, alguns que tinham descido da Judéia ensinavam assim os irmãos...”. Devemos saber que até as igrejas mais puras podem conter apóstatas e rebeldes; a doutrina apostólica não converteu a todos.

“...Mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco...”.
Na verdade eles não obedeceram de coração à forma de doutrina ensinada pelos apóstolos, nem participavam da união com Cristo, que é a cabeça da Igreja. Se a verdade sagrada tivesse se enraizado em seus corações, eles teriam ficado com os irmãos, mas não eram cristãos reais e verdadeiros, por isso tornaram-se anticristos, “...mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós”. A igreja não sabe ao certo quem são seus membros vitais e quem não são; por isso a igreja considerada internamente santificada é chamada de invisível. Temos que atentar para as recomendações de Pedro (2Pe 3.17,18).

“E vós tendes a unção do Santo, e sabeis tudo” (v. 20). Em forma de encorajamento, o apóstolo escreveu naqueles tempos difíceis, que os cristãos ficassem firmes, pois era uma época de apostasia. Ele informa que os verdadeiros cristãos eram pessoas ungidas, com o óleo da graça e com os dons e dotações espirituais do Espírito Santo. Essa unção – do Santo (ver Ap 3.7), origina-se do Senhor Jesus Cristo, que coloca à disposição dos discípulos, fortificando-os também no entendimento: “...e sabeis tudo”. Isso foi garantido e é uma promessa do Senhor (Jo 14.26).

“Não vos escrevi porque não soubésseis a verdade, mas porque a sabeis” (v.21). João estava convicto da firmeza dos verdadeiros cristãos, e demonstra confiança encorajando-os e contribuindo para a fidelidade daqueles irmãos. Eles sabiam a verdade em Jesus e, por isso, estavam fortificados contra erros e desilusões anticristãs.

“...e porque nenhuma mentira vem da verdade”. Fraudes e imposturas são meios inadequados de fortalecer e propagar a verdade. Infelizmente, a descoberta de fraudes piedosas antigas na história cristã, quase conduziu nossa era ao ateísmo e irreligiosidade; mas João nos assegura que “nenhuma mentira vem da verdade”.

“Quem é mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo?” (v.22). Eles são mentirosos, opositores da verdade sagrada, notórios naquela época. As mentiras que o pai da mentira (Jo 8.44), ou dos mentirosos, espalha pelo mundo são falsidades e erros relativos à pessoa de Cristo. Não existe verdade tão sagrada que Jesus de Nazaré é o Filho e o Cristo de Deus e isso foi testificado pelo céu, terra e inferno (Mt 3.17; 27.54; 8.29). Mesmo assim, um ou outro tentam contradizer e negar esta verdade, eles são inimigos diretos de Deus bem como de Jesus Cristo: “É o anticristo esse mesmo que nega o Pai e o Filho”. Naquela época já existia a atuação do espírito do anticristo nessas pessoas que negavam ser Deus o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo.

“Qualquer que nega o Filho, também não tem o Pai; e aquele que confessa o Filho tem também o Pai” (v.23). Ele não tem o verdadeiro conhecimento do Pai, pois foi o Filho que melhor o revelou. Também não tem interesse no favor, graça e salvação providenciados por Deus, através do Filho, pois ninguém vai ao Pai senão pelo Filho (Jo 14.6).

“Portanto, o que desde o princípio ouvistes permaneça em vós. Se em vós permanecer o que desde o princípio ouvistes, também permanecereis no Filho e no Pai” (v.24). O apóstolo João adverte e convence os discípulos a continuarem na antiga doutrina inicialmente comunicada a eles, ou seja, a verdade relativa a Cristo que foi primeiramente transmitida aos santos, não deve ser trocada por novidades. Essa verdade de Cristo habitando em nós é o meio de nos separar do pecado e nos unir ao Filho de Deus (Jo 15.3-4).

OBS.:
O crente não é somente habitado pelo Espírito (Jo 14.17; 1Jo 3.24) e pelo Filho (Jo 17.23,26), mas também por Deus, o Pai (Jo 14.23; 1 Jo 3.24; 4.12).

“E esta é a promessa que ele nos fez: a vida eterna” (v.25). O que o Pai prometeu (Jo 5.24-25) aos seus fiéis é grande, está de acordo com a grandeza, poder e divindade Dele. Deus fica satisfeito em prometer àqueles que continuarem nessa verdade a vida eterna.

OBS.: Vemos aqui a finalidade para que o apóstolo escreveu, visava fortificar os discípulos contra os enganadores da época:

“Estas coisas vos escrevi acerca dos que vos enganam” (v.26). Portanto, se eles não continuassem naquilo que ouviram desde o princípio, a carta seria em vão. Devemos tomar cuidado para que as cartas apostólicas, sim, para que todas as Escrituras de Deus não se tornem insignificantes.

2 João 1.7:

“Porque já muitos enganadores entraram no mundo...”. João tinha notícias de muitos que corromperam a fé e tentaram destruir o amor. Embora fosse triste essa notícia, serviu para prevenir os discípulos contra os enganadores que “não confessam que Jesus Cristo veio em carne”, pois apresentavam confusão a respeito da pessoa do Senhor Jesus. Eles não confessavam que Jesus e Cristo são a mesma pessoa ou que Jesus de Nazaré era o Cristo, o Ungido de Deus, o Messias há muito prometido para a redenção de Israel, ou que o Messias prometido e Redentor veio em carne, entrou no mundo e na nossa natureza. Eles diziam que o Messias ainda precisava vir. Estranho que depois de tantas evidências alguém ainda se atrevesse a negar que o Senhor Jesus é o Filho de Deus e Salvador do mundo!

“Esse tal é o enganador e o anticristo”. Ele iludia almas e tentava minar a glória e o reino do Senhor Jesus Cristo. Ele era um impostor, um enganador, depois de toda evidência que Cristo deu de si mesmo, e o testemunho que Deus deu referente ao seu Filho. Esse enganador era um mentiroso, hipócrita, propagador de falsidade acerca da pessoa, da honra e do interesse do Senhor Jesus Cristo, esses tais já existiam antigamente, mesmo nos tempos do apóstolo.


O ANTICRISTO

O prefixo “anti” tem o sentido de “contra” ou “oposto a”. Isto dá a idéia de que o anticristo é oposto a Cristo. Na Epístola de João percebe-se que a palavra “anticristo” refere-se ao abandono doutrinário atual, ou seja, a filosofia do anticristo (de Satanás) já estava em ação, opondo-se à pessoa e ensinamentos de Cristo. É o que o apóstolo Paulo apóia em 2Ts 2.7.

Quem é o anticristo?
Ele é chamado de "o príncipe que há de vir" (Dn 9.26); "o homem do pecado, o filho da perdição" (2 Ts 2.3-4); "o iníquo" (2 Ts 2.8); "o mentiroso" (1 Jo 2.22); "o enganador" (2 Jo v7); "a ponta pequena" (Dn 7.8); "a besta que subiu do mar" (Ap 13.1-5); "a besta escarlate" (Ap 17.3); "a besta" (Ap 17.8,16). O Anticristo será um homem como outro qualquer, nascido de mulher, porém a serviço de Satanás.

Veja a lista abaixo de características do Anticristo, tais quais estão relacionadas nas Escrituras:

1. Intelectualmente poderoso (Dn 7.20).
2. Orador impressivo (Dn 7.20).
3. Mestre político (Dn 11.21).
4. Possuidor de grandes habilidades comerciais (Dn 8.25).
5. Gênio militar (Dn 8.24).
6. Perito administrador (Ap 13.1,2).
7. Experto em religião (2 Ts 2.4). *


Veja o contraste entre Jesus e o anticristo:

JESUS
Ele é justo e santo (1 Jo 2.1)
Nasceu sob a lei e a cumpriu (Gl 4.4)
Veio para fazer a vontade de DEUS (Hb 10.9)
Não foi recebido pelos judeus (Jo 1.11)
Amava o povo de Israel (Mt 23.37)
Recebeu a glória do Pai (Jo. 17.24)
Glorifica a DEUS (Jo 17.4,26)
Seu reino será eterno (Dn 8.27)
Reinará eternamente (Dn 7.27; Ap 19.6)

ANTICRISTO
Ele é o “iníquo” e profano (2 Ts 2.3,8)
Opor-se-á a toda lei (2 Ts 2.4; Dn 7.25)
Vem para fazer a sua própria vontade (Dn 8.24)
Será aceito pelos judeus (Dn 9.27)
Fará guerra contra Israel (Dn 7.21,25; 8.24; Ap13.7)
Recebeu a glória do Diabo (Ap 13.2-4)
Glorifica ao Dragão (Ap 13.2-4; Dn 7.25)
Seu reino será destruído (Dn 7.26; Ap 19.19-21)
Será lançado no lago de fogo (Ap 20.10)*

Profecias a respeito de sua chegada.
“Ninguém, de maneira alguma, vos engane, porque não será assim sem que antes venha a apostasia e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição” (2 Ts 2.3,4,8; veja também: Dn 8.23; 9.26; 1 Jo 2.18; Ap 13.1-8).

Quando ele surgirá?
O apóstolo Paulo nos ensina: “...somente há um que, agora, resiste até que do meio seja tirado” (2Ts 2.7b), esse “um” refere-se à presença do Espírito Santo atuante na Igreja, isso é “o que o detém, para que a seu próprio tempo seja manifestado" (v.6). Enquanto a Igreja estiver aqui na terra, o anticristo não se manifestará, todavia, quando o Senhor Jesus retirar o seu povo daqui, o desaparecimento de milhões de crentes causará uma grande caos no mundo: aviões em pleno vôo ficarão sem seus pilotos e causarão muitos acidentes aéreos, muitas batidas e mortes nas estradas causarão engarrafamentos nos centros urbanos, muitas empresas ficarão com o número de empregados reduzidos, os serviços públicos sem bombeiros, limpeza e comunicação, afetando grandemente a população mundial. Imagine quantos presos fugirão dos presídios e quantas famílias lamentarão! Apenas os desviados e os duvidosos na fé saberão o que aconteceu, quando parentes, amigos e irmãos desaparecerem. É nesse cenário que aparecerá um homem com soluções para os problemas, pois diz a profecia: “e, então, será revelado o iníquo [...] esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais, e prodígios de mentira, e com todo engano da injustiça para os que perecem” (2Ts 2.8-10); “Ele firmará um concerto com muitos por uma semana” (Dn 9.27).

Como será a sua atuação?
Na verdade o espírito do anticristo já atua desde os tempos apostólicos, mas ele é o ator principal do período da grande tribulação (trataremos deste assunto logo abaixo). Alguns comentaristas defendem que a obra de Satanás, no futuro, tem algo a ver com o reavivamento do império romano. Em Dn 7.2,3, lemos que os ventos agitaram o grande mar, e, como resultado, apareceram as quatro bestas; Ap 13.1 nos diz que ele, o dragão, se pôs de pé sobre a areia do mar, e que uma besta saiu do mar. Ela está por trás de todo este movimento em favor de uma federação mundial, da qual o propósito anônimo é banir a fé do mundo. Vemos ainda que ele dá seu poder, trono, e grande autoridade à besta (Ap 13.2,4). Assim, este monarca (o anticristo) será energizado e capacitado por Satanás, e ninguém poderá guerrear contra ele. Sabendo que seu tempo é breve, ele odiará e perseguirá ferozmente a Israel (Ap 12.12-17). Lemos que ele usará o método do engano. Sinais, falsas maravilhas, fogo do céu (2Ts 2.9-11; Ap 13.13-15), tudo isso será usado em seu programa. Chegará até a instituir adoração ao diabo e ao demônio (Ap 13.4; 9.20). Depois Satanás incitará os reis de toda a terra a se ajuntarem para a batalha de Armagedom (Ap 16.12-16; 19.11-21). A tribulação será, em um sentido bem real, a hora e poder das trevas.

O PERÍODO ENTRE O ARREBATAMENTO DA IGREJA E A REVELAÇÃO DE CRISTO

Antes de adentrarmos ao assunto em si, gostaríamos de atentar para o fato de que o arrebatamento da Igreja acontecerá antes do período da grande tribulação, assunto este que está totalmente envolvido com a presença do anticristo, vejamos alguns pontos importantes:

- A vinda de Cristo se dará em duas fases
Sabemos que Cristo voltará para os seus, e que todo o mundo O verá; que Ele virá para julgar as obras dos crentes e que virá para julgar os homens de maneira geral, etc., mas como se dará? Vemos que Ele virá no ar, e que algumas coisas acontecerão no ar; e vemos que Ele virá à terra, e que outras coisas se darão na terra, vejamos:

a) Sua vinda no ar – A declaração mais clara disto encontra-se em 1Ts 4.16,17, onde lemos que Cristo descerá do céu e que os crentes serão arrebatados para um encontro com Ele no ar. 2Ts 2.1 fala de nos reunirmos a Ele. Isso se harmoniza com Jo 14.3. Leia também: Mt 25.6 (as virgens saíram “ao seu encontro”); Lc 19.15 (o homem nobre chamou primeiro os Seus servos quando voltou, e só depois foi tratar dos seus adversários, e somente depois disso estabeleceu Seu Reino). Vemos, pois, que o primeiro aspecto da Sua vinda é com vistas aos seus.

OBS.: Sua vinda nos ares tem os seguintes propósitos: (1) para receber os seus (Jo 14.3), tanto os que morreram em Cristo serão ressuscitados quanto os que ficarem vivos serão arrebatados e transformados (1Ts 4.16-17; 1Co 15.51-52); (2) para julgar e galardoar os crentes; (3) para remover o que detém, ou seja, a manifestação do anticristo só se dará depois que a Igreja for retirada da terra. O que detém o anticristo é a presença do Espírito Santo na Igreja.

b) Sua vinda à Terra – Em Zc 14.4,5, lemos que “estarão os seus pés sobre o Monte das Oliveiras, que está defronte de Jerusalém para o oriente”. Em Atos 1.11, os “varões vestidos de branco” declaram que cristo vai voltar “do modo como O viste subir”. Ele partiu de forma visível do Monte Olival, e voltará de forma visível ao Monte Olival. Mt 24.29-31 insinua que Ele vai descer à terra. Veja também: Mt 25.31-46. Zc 12.10-13 mostra os habitantes de Jerusalém lamentando-se ao verem aquele “a quem transpassaram”. Ap 1.7 diz: “Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até os mesmos que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele”. Quando ele voltar à terra virá com os seus (Jo 3.11; 1Ts 3.13; Jd 14). Esses argumentos por si só já demonstram os dois aspectos da sua vinda: um, no qual os seus são arrebatados até Ele, e outro, no qual os Seus retornam com Ele.

OBS.: Sua vinda à terra tem os seguintes propósitos: (1) para revelar-se aos seus (Zc 14.5,1; Jl 3.11; Mt 16.27; 24.29-31; 25.31-32; Cl 3.4; 1Ts 3.13; Jd 14.15; 1Jo 3.2); (2) para julgar a Besta, o Falso Profeta e seus exércitos (Ap 19.19-21; 2Ts 2.8); (3) para prender Satanás (Ap 20.1-2; Rm 16.20); (4) para salvar Israel (Rm 11.2,5,25,26; Zc 14.1-4; Jr 30.7); (5) para julgar as nações (2Ts 1.7-10; Mt 25.31-46; Jl 3.11-17; At 17.31); (6) para livrar e abençoar a criação (Is 11.1-9; Zc 14.4-8; Ez 47.1-12; Is 2.2); (7) para estabelecer o Seu Reino (Lc 19.12; 2Sm 7.8-17; Jr 33.19-22; Lc 1.31-33; Dn 7.13-14; Ap 11.15).

O que acontecerá então durante o arrebatamento da Igreja e a Revelação de Cristo?
A Bíblia chama esse período de “tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até aquele tempo” (Dn 12.1), “grande tribulação” (Mt 24.21-29), “tempo de angústia para Jacó” (Jr 30.4-7).

Quanto tempo isso vai durar? A Bíblia não especifica isto em lugar nenhum, mas é dito que, por causa dos eleitos, os dias serão abreviados (Mt 24.22). Temos uma compreensão das 70 semanas em Daniel 9.24-27, elas começam com a volta de Neemias e a reconstrução dos muros e da cidade de Jerusalém (Dn 9.25; Ne 2.1-8); a sexagésima nona semana terminou com a crucificação do Messias (Dn 9.26), existindo então uma quebra na sucessão das semanas. Para a maioria dos teólogos e comentaristas, a septuagésima semana está ainda no futuro e que é o período da tribulação. Se, portanto, a septuagésima semana representar o período da Tribulação, então temos a informação de que durará sete anos. Harmonizando-se com isto, a segunda metade do período é mencionada em outros lugares como “um tempo, tempos, e metade de um tempo” (Dn 7.25; 12.7; Ap 12.14), como “quarenta e dois meses” (Ap 11.2; 13.5) e como 1.260 dias (Ap 11.3; 12.6; cf. Dn 12.11,12). Talvez isso seja tudo que pode ser dito a respeito da duração do período.

Qual o propósito da Tribulação?
Sabemos que a “hora da provação” virá para “experimentar os que habitam sobre a terra” (Ap 3.10). Vejamos o que diz Is 26.20,21: “Vai, pois, povo meu, entra nos teus quartos e fecha as tuas portas sobre ti; esconde-te só por um momento, até que passe a ira. Porque eis que o SENHOR sairá do seu lugar para castigar os moradores da terra, por causa da sua iniqüidade; e a terra descobrirá o seu sangue e não encobrirá mais aqueles que foram mortos”. Isto é, a Tribulação é o período no qual Deus sairá a punir um mundo que rejeitou a Deus e a Cristo. Interpretes futuristas de Apocalipse geralmente afirmam que os capítulos 6 a 19 do livro, tratam do período da Tribulação. As principais características desses capítulos são os Selos, as Trombetas e as Taças de Cólera. Cada um deles é um juízo que emana do Céu. Deus está visitando sua cólera sobre este mundo amaldiçoado pelo pecado. Entretanto, Ele não vai destruir o “justo com o ímpio” (Gn 18.23). Pedro usa isto para mostrar que “o Senhor sabe livrar da provação os piedosos, e reservar sob castigos, os injustos para o dia do juízo” (2Pe 2.9).

O JULGAMENTO DO ANTICRISTO, DO FALSO PROFETA E SEUS EXÉRCITOS

Podemos encontrar isto em 2 Ts 2.8; Ap 19.19-21, e outras passagens. Os maus espíritos emanados do dragão, da besta e do falso profeta, sairão a reunir as nações da terra para a peleja do grande dia do Deus Todo-Poderoso (Ap 16.12-16). Eles se ajuntarão para capturar Jerusalém e os Judeus na Palestina (Zc 12.1-9; 13.8-14;2); mas no momento em que a vitória parecer certa, Cristo desce do céu com Seus exércitos (Ap 19.11-16), e intervém a favor de Israel. Então, aquelas nações voltam-se para lutar contra o Filho de Deus. Mas o conflito é breve e decisivo. A besta e o falso profeta são levados e laçados vivos no lago de fogo (Ap 19.19-20), e seus exércitos são mortos com a espada que procede da boca de Cristo (2Ts 1.7-10; Ap 19.21). Assim, a oposição política será quebrada e o caminho estará preparado para a chegada do reino de Cristo. Vale salientar que esse julgamento ocorrerá quando Cristo voltar à terra.

OBS.: Durante a tribulação, Satanás será lançado à terra (Ap 12.7-9,13-17). Quando Cristo vier à terra, ele será aprisionado e lançado no abismo por mil anos (Ap 20.1-3). Depois dos mil anos, ele será solto por algum tempo. Novamente, ele sairá a seduzir as nações da terra, e sucederá em reunir uma grande multidão para guerrear contra o acampamento dos santos e a cidade querida (Ap 20.7-9). Mas descerá fogo dos céus e a todos devorará. Isto é, quanto a seus corpos. Sem dúvida comparecerão ao julgamento do Grande Trono Branco um pouco mais tarde, e serão lançados no lago de foto, juntamente com o restante dos não salvos. Depois disso, o próprio Satanás será julgado e lançado no lago de fogo (Ap 20.9-10)


UM SÓ CONTROLE

Sabemos que a globalização já é uma realidade. A Comunidade Européia e Mercosul, por exemplo, são acordos com objetivos comerciais que ampliam e tornam o processo de globalização irreversível. Está sendo discutida, entre a Europa e América Latina, a implantação do livre comércio entre as nações. Têm por objetivo quebrar a supremacia econômica e bélica dos Estados Unidos.
Temos, também, o exemplo do comando da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), um poderoso exército formado a partir de acordos com as nações mais ricas da terra; possui um só comando e enorme capacidade de destruição, o que trás a idéia de uma força militar única, comandada por um só homem.
Essas mudanças apontam em direção de um único governante, um ditador mundial, carismático, inteligente, capaz de impressionar com seu discurso e de comandar um poderoso exército.
Tudo indica que esse homem que surgirá no cenário mundial será o anticristo. O mundo se prepara para recebê-lo.



HENRY, Matthew. Comentário Novo Testamento, CPAD.
THIESSEN, Henry Clarence. Palestra em Teologia Sistemática, Ed. Batista Regular. São Paulo, 1997.Algumas partes do texto do: Pastor Airton Evangelista da Costa – Assembléia de Deus Palavra da Verdade – Aquiraz – Ceará – Em 09.1999

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

LIÇÃO 6 – O Sistema de Viver do Mundo

INTRODUÇÃO

Considerando que o “mundo jaz no maligno”, não devemos amar o mundo nem as coisas que nele há. Esse sistema do “mundo”, objeto de estudo nesta lição, refere-se ao modo de vida de nossa época, influenciado por Satanás, contrário a Deus, à sua Palavra e à sua Igreja. De acordo com João, temos duas orientações nesta epístola: não amar o mundo e amar a Deus. Esses sentimentos são incompatíveis, são opostos. João cita três coisas que existem nesse mundo: a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida. Aprenderemos que devemos nos afastar desses “valores”, para não sermos contaminados pelo mundo, pois o mundo passa, mas aqueles que fazem a vontade de Deus permanecem para sempre.


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE (1 Jo 2.15-19 e Jo 15.18-19)

1 João 2
“Não ameis o mundo, nem o que no mundo há...” (v.15).
O apóstolo João introduz aqui o cuidado fundamental que é sermos crucificados para o mundo, sermos mortificados para as coisas, negócios e tentações do mesmo. É o mesmo que dizer: seu amor deve ser reservado para Deus, não o desperdicem com o mundo.
Vemos aqui quatro razões desse cuidado e precaução:

“Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele”. Essa é a primeira razão, a falta de firmeza desse amor com o amor de Deus. O coração do homem não pode conter os dois tipos de amor. O mundo afasta o coração de Deus; e, assim, quanto mais o amor do mundo preva­lecer, mais o amor de Deus diminuirá e se deteriorará.

“...Não é do Pai, mas do mundo” (v.16). O amor mundano e a concupiscência não são determinados por Deus. Esse amor (ou concupiscência) não é ordenado por Deus, mas provém a partir do mundo.

As coisas do mundo, portanto, são distinguidas em três partes:
a) A concupiscência da carne, aqui distinguidas dos olhos e da vida, refere-se ao corpo. É o capricho e apetite dos prazeres carnais e, todas as coisas que excitam e inflamam os prazeres da carne. Essa concupiscência é comumente chamada de luxúria;
b) A concupiscência dos olhos. Os olhos se deleitam com tesouros; riquezas e posses valiosas são almejadas por um olhar cobiçoso;
c) A soberba da vida. Uma mente vaidosa almeja toda grandeza de uma vida vangloriosa. É uma ambição desenfreada e um desejo intenso por honras e aplausos.

Os objetos desses apetites precisam ser abandonados e renunciados; já que eles dominam a afeição e desejo, eles não são “do Pai, mas do mundo” (v.16). A concupiscência e apetite para essas coisas deve ser mortificado ou subjugado, pois a tolerância para isso vem do mundo sedutor e não de Deus.

“E o mundo passa, e a sua concupiscência...” (v.17). As coisas do mundo estão desfalecendo e morrendo rapidamente. A própria concupiscência e o prazer dela perdem as forças e decaem; o próprio desejo em breve perecerá e cessará (Ec 12.5). E o que aconteceu com todo o esplendor e prazer de todos os que agora jazem na cova decompondo-se?

“Mas aquele que faz a vontade de Deus...”. Essa é a característica daquele que ama a Deus, ele “permanece para sempre”. O mundo passa, a concupiscência passa, mas aquele que é objeto do amor de Deus, que demonstra amor pelas coisa sagradas, esse é um herdeiro da imortalidade e da vida eterna, pois o amor permanece para sempre (1Co 11.12-13).

“Filhinhos, é já a última hora...” (v.18). João agora fala sobre algo que vai acontecer: o fim está chegando. Usando a expressão “filhinhos”, ele refere-se aos que são novos na religião, para tomarem cuidado de si mesmos, para não serem corrompidos. Entretanto, isto serve para todos, de maneira universal, como um alerta a todos os cristãos. É como se João estivesse se referindo às semanas de Daniel que estão terminando; à destruição do santuário e da cidade hebraica que estavam se aproximando; “...e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até o fim haverá guerra; estão determinadas assolações” (Dn 9.26). Era oportuno que os discípulos fossem alertados a respeito do final dos tempos, e informados o máximo possível a respeito dos períodos proféticos do tempo.

“...Também agora muitos se têm feito anticristos...”. O sinal dessa última hora é que muitos se opõem à pessoa, doutrina e reino de Cristo. Um grande anticristo havia sido profetizado: “...como ouvistes que vem o anticristo...” (v.18), e a maior parte da igreja foi informada por revelação divina que haveria um adversário por um tempo longo para Cristo e sua Igreja (2Ts 2.7-10). Naquele tempo, muitos se faziam anticristos pois o mistério da iniqüidade já operava. Eles também foram profetizados como sinal dessa última hora: “porque surgirão falsos cristos e falsos profetas e farão tão grandes sinais e prodígios, que, se possível fora, enganariam até os escolhidos” (Mt 24.24). “...por onde conhecemos que é já a última hora”.

“Saíram de nós...” (v. 19). Esses anticristos, um dia foram adeptos da doutrina dos apóstolos, possivelmente da igreja de Jerusalém ou algumas das igrejas da Judéia, como em At 15.1: “Então, alguns que tinham descido da Judéia ensinavam assim os irmãos...”. As igrejas mais puras podem conter apóstatas e rebeldes; a doutrina apostólica não converteu a todos, “...mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco”. O que João quer dizer é: “se a verdade sagrada tivesse se enraizado em seus corações, eles teriam ficado conosco; se eles tivessem se tornado cristãos de verdade, não teriam se tornado anticristos”. Mas isso foi “para que se manifestasse que não são todos de nós”. A igreja não sabe ao certo quem são seus membros vitais ou não, por isso é considerada como igreja invisível.

João 15

“Se o mundo vos aborrece...”(v.18). Aqui Cristo fala sobre o ódio, que é característico do reino do diabo, assim como o amor é característica marcante do reino de Cristo. Ele fala sobre isso como algo que eles deveriam esperar e levar em conta, v. 18, como em 1Jo 3.13. Aqueles a quem Cristo abençoa, o mundo amaldiçoa. Os herdeiros dos céu nunca foram preferidos deste mundo, uma vez que foi instalada uma velha inimizade entre a semente da mulher e a da serpente. Como exemplo, podemos perguntar: porque Caim odiou Abel? Porque as obras de Abel eram justas. Porque os irmãos de José o odiaram? Porque seu pai o amava...
Os frutos desta inimizade são visíveis hoje, e podemos notá-los em Jo 15.20: (1) Perseguição. “Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós”. É o destino comum daqueles que desejam viver devotamente em Cristo Jesus (2Tm 3.12). Os discípulos foram avisados do tratamento cruel que iriam encontrar no mundo, pois Jesus disse: “Eis que vos envio como ovelhas ao meio dos lobos” (Mt 10.16). (2) Rejeição. O outro fruto desta inimizade consiste no fato de que eles iriam rejeitar sua doutrina. A expressão “se guardarem a minha palavra, também guardarão a vossa”, é o mesmo que: “Eles não guardarão a vossa, e não a considerarão, não mais do que consideraram e guardaram a minha”.

“Se vós fôsseis do mundo...”. Ou seja, se vós fósseis carnais e mundanos “o mundo amaria o que era seu, mas, porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos aborrece” (v.19). Nós não devemos nos espantar se aqueles que são dedicados ao mundo, são apreciados por ele como seus amigos. O salmista diz que a maioria dos homens bendiz ao avarento (Sl 10.3). Também não devemos nos espantar quando aqueles que são libertos do mundo são difamados por ele, como seus inimigos. Jesus nos escolheu do mundo e nos designou acima deste mundo, pois os justos julgarão o mundo (1Co 6.2) e por isto são odiados.


O QUE É O MUNDO?

A Palavra “mundo” (gr. kosmos), refere-se ao vasto sistema de vida desta era, estimulado por satanás e apartado de Deus. Consiste não somente nos prazeres obviamente malignos, imorais e pecaminosos do mundo, mas também se refere ao espírito de rebelião que nele age contra Deus, e de resistência ou indiferença a Ele e à sua revelação. Isso ocorre em todos os empreendimentos humanos que não estão sob o senhorio de Cristo. Satanás emprega as idéias mundanas de moralidade, das filosofias, psicologia, desejos, governos, cultura, educação, ciência, arte, medicina, música, sistemas econômicos, diversões, comunicação de massa, esporte, agricultura, etc, para opor-se a Deus, ao seu povo, à sua Palavra e aos seus padrões de retidão (Mt 16.26; 1Co 2.12; 3.19; Tt 2.12; 1Jo 2.15,16; Tg 4.4; Jo 7.7; 15.18,19; 17.14 ). Por exemplo, Satanás usa a profissão médica, para defender e promover a matança de seres humanos ainda no ventre; a agricultura para produzir drogas destruidoras da vida, tais como o álcool e os narcóticos; a educação, para promover a filosofia ímpia humanista; e os meios de comunicação em massa, para destruir os padrões divinos de conduta. Os crentes devem estar conscientes de que, por trás de todos os empreendimentos meramente humanos, há um espírito, força ou poder maligno que atua contra Deus e a sua Palavra. Nalguns casos, essa ação maligna é menos intensa; noutros casos, é mais. Finalmente, o “mundo” também inclui todos os sistemas religiosos originados pelo homem, bem como todas as organizações e igrejas mundanas, ou mornas.


O MUNDO E A IGREJA

O mundo está sob o domínio de Satanás (ver Jo 12.31 nota); a igreja pertence exclusivamente a Deus (Ef 5.23,24; Ap 21.2). No mundo, os crentes são forasteiros e peregrinos (Hb 11.13; 1Pe 2.11). (a) Não devem pertencer ao mundo (Jo 15.19), não se conformar com o mundo (ver Rm 12.2 nota), não amar o mundo (2.15), vencer o mundo (5.4), odiar a iniqüidade do mundo (ver Hb 1.9 nota), morrer para o mundo (Gl 6.14) e ser libertos do mundo (Cl 1.13; Gl 1.4). (b) Amar o mundo (cf. 2.15) corrompe nossa comunhão com Deus e leva à destruição espiritual. É impossível amar o mundo e ao Pai ao mesmo tempo (Mt 6.24; Lc 16.13; ver Tg 4.4 nota).


OS TRÊS ASPECTOS DO MUNDO (1Jo 2.16)

(a) “A concupiscência da carne”, que inclui os desejos impuros e a busca de prazeres pecaminosos e a gratificação sensual (1Co 6.18; Fp 3.19; Tg 1.14);
(b) “A concupiscência dos olhos”, que se refere à cobiça ou desejo descontrolado por coisas atraentes aos olhos, mas proibidas por Deus, inclusive o desejo de olhar para o que dá prazer pecaminoso (Êx 20.17; Rm 7.7). Nesta era moderna, isso inclui o desejo de divertir-se contemplando pornografia, violência, impiedade e imoralidade no teatro, na televisão, no cinema, ou em periódicos (Gn 3.6; Js 7.21; 2 Sm 11.2; Mt 5.28);
(c) “A soberba da vida”, que significa o espírito de arrogância, orgulho e independência auto-suficiente, que não reconhece Deus como Senhor, nem a sua Palavra como autoridade suprema. Tal pessoa procura exaltar, glorificar e promover a si mesma, julgando não depender de ninguém (Tg 4.16).


CONCLUSÃO

O crente não deve ter comunhão espiritual com aqueles que vivem o sistema iníquo do mundo (ver Mt 9.11 nota; 2Co 6.14 nota) deve reprovar abertamente o pecado deles (Jo 7.7; Ef 5.11 nota), deve ser sal e luz do mundo para eles (Mt 5.13,14), deve amá-los (Jo 3.16), e deve procurar ganhá-los para Cristo (Mc 16.15; Jd 22,23).
HENRY, Matthew. Comentário Novo Testamento, CPAD.
Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Evangelismo em Surubim

Queridos irmãos, faz exatamente um mês que não foram colocadas as postagens dos comentários da EBD neste blog e, no entanto, me considero na obrigação de trazer uma justificativa aos leitores:



Estive empenhado numa atividade evangelística, que resultou numa viagem ontem (02/08), bastante proveitosa para o Reino de Deus. Sou aluno da ESTEADEB ext. Jaboatão e, um de nossos professores, Givanildo Hermano, levou-nos para essa atividada prática na cidade de Surubim. O professor me responsabilizou pela organização de um ônibus com 50 alunos, por isso, além das atividades que já sou responsabilizado, ainda tive essa extra. Porém, gostaria de expressar minha intensa gratidão a Deus, pela tão grande obra evangelística que foi realizada ali em Surubim, nos distritos de Cohab 2 e Lagoa da Vaca.



Saíram do Recife e Jaboatão, dois ônibus, com um total de 111 crentes, na sua maioria, seminaristas do bacharelado. Praticamos evangelismo pessoal pela manhã e à tarde. À noite foram realizadas duas concentrações evangelísticas nos dois distritos e o resultado, embora não esteja com os dados aqui, mas pelo menos ao que tive acesso, foi satisfatório e enriquecedor para a glória do nosso Deus.



Oremos, pois, para que o Senhor dê o crescimento aos que aceitaram o evangelho de Jesus Cristo.