quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Lição 8 - A Bíblia é a Palavra de Deus


INTRODUÇÃO

A Bíblia é um livro singular. Trata-se de um dos livros mais antigos do mundo e, no entanto, ainda é o bestseller mundial por excelência. Tiranos houve que já queimaram a Bíblia, e os crentes a reverenciam. É o livro mais traduzido, mais citado, mais publicado e que mais influência tem exercido em toda a história da humanidade.
Temos de convir que, Deus usou muitos meios de comunicar-se com os homens, através de anjos, voz audível e na consciência, milagres diretos, mas havia um meio mais excelente, Deus decidiu fazer que sua mensagem se tornasse algo permanente e se imortalizasse por meio de um registro escrito entregue aos homens. Tal registro seria mais preciso, mais permanente, mais objetivo e mais facilmente disseminável do que qualquer outro meio.

O SALMO 119 (LEITURA BÍBLICA)

Este salmo não tem título nem é mencionado o nome de nenhum autor... [mas] Cremos que Davi escreveu este salmo. É davídico em tom e expressão, e confere com a experiência de Davi em muitos pontos interessantes.
É o maior dos Salmos, e contém mais versículos do que qualquer capítulo da Bíblia. É um dos Salmos acrósticos (conjunto das letras iniciais que compõe verticalmente uma palavra), cada uma das 22 estrofes tem 8 versículos começando com uma letra hebraica, e cada versículo na estrofe começando com a mesma letra (no original).
Este Salmo tem o propósito de demonstrar a excelência da palavra de Deus. Para fazer isto o autor vai discursar acerca da necessidade que temos de ouvir e praticar aquilo que Deus ordena e dos benefícios decorridos desta obediência.
Quando falamos da palavra escrita de Deus, a Bíblia, este Salmo 119 nos ajuda a lembrar que a força humana é incapaz de obedecer aos mandamentos divinos. Deus mesmo precisa criar em nós tanto a vontade quanto a força para sermos obedientes a Deus. O apóstolo Paulo se refere a esta verdade dizendo: “Porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade - Filipenses 2:13”.
Em todo esse Salmo, encontramos as seguintes expressões: lei, testemunho, preceito, decreto, mandamentos, juízo, palavra ou palavras; além destas 8 expressões, outras também podem ser usadas para se fazer referência à auto-revelação de Deus. Encontramos a expressão “teus caminhos” (3,37) sem o acompanhamento de nenhum dos termos mencionados acima. No v. 132, encontramos “teu nome” e no v. 90, temos “tua fidelidade”. Estas duas últimas expressões servem para se referir primariamente à imutabilidade daquilo que Deus tem decretado.

A ESTRUTURA DA BÍBLIA

A palavra Bíblia (Livro) entrou para as línguas modernas por intermédio do francês, passando primeiro pelo latim biblia, com origem no grego biblos. Originariamente era o nome que se dava à casca de um papiro do século XI a.C. Por volta do século II d.C, os cristãos usavam a palavra para designar seus escritos sagrados.
A Bíblia compõe-se de duas partes principais: o Antigo Testamento e o Novo Testamento. O Antigo Testamento foi escrito pela comunidade judaica, e por ela preservado um milênio ou mais antes da era de Jesus.
O Novo Testamento foi composto pelos discípulos de Cristo ao longo do século I d.C.

A INSPIRAÇÃO BÍBLICA

A palavra inspiração é usada apenas uma vez no Novo Testamento (2Tm 3.16) e outra no Antigo (Jó 32.8), é o processo pelo qual Deus transmite sua mensagem autorizada ao homem.
Com base em 2 Tm 3.16, o texto sagrado do Antigo Testamento foi "soprado por Deus" e, por isso, dotado da autoridade divina para o pensamento e para a vida do crente (1Coríntios 2.13). Quaisquer palavras ensinadas pelo Espírito Santo são palavras divinamente inspiradas. Em 2Pedro 1.21, vemos que os profetas eram homens cujas mensagens não se originaram de seus próprios impulsos, mas foram "sopradas pelo Espírito". Pela revelação, Deus falou aos profetas de muitas maneiras (Hb 1.1): mediante anjos, visões, sonhos, vozes e milagres. Inspiração é a forma pela qual Deus falou aos homens mediante os profetas. Ver l Pe 1.11.

OBS.: A inspiração da Bíblia refere-se só os originais e não às cópias. Como o exemplo de 2Re 8.26 diz que Azarias tinha 22 anos de idade quando foi coroado rei, enquanto 2Crônicas 22.2 diz que tinha 42 anos. Não é possível que ambas as informações estejam corretas. O original é autorizado; a cópia errônea não tem autoridade. Outro exemplo: (I Rs 4.26 e 2Cr 9.25).

As cópias e as traduções da Bíblia, encontradas no século XX, não detêm a inspiração original, mas contêm uma inspiração derivada, uma vez que são cópias fiéis dos autógrafos. De uma perspectiva técnica, só os autógrafos são inspirados; todavia, para fins práticos, a Bíblia nas línguas de nossa época, por ser transmissão exata dos originais, é a Palavra de Deus inspirada.
Veja o último tópico sobre a Inspiração das Escrituras...

E OS ESCRITOS ORIGINAIS?

Visto que os originais não mais existem, alguns críticos têm objetado à inerrância de autógrafos que não podem ser examinados e nunca foram vistos. Eles perguntam como é possível afirmar que os originais não continham erro, se não podem ser examinados. A resposta é que a inerrância bíblica não é um fato conhecido empiricamente, mas uma crença baseada no ensino da Bíblia a respeito de sua inspiração, bem como baseada na natureza altamente precisa da grande maioria das Escrituras transmitidas e na ausência de qualquer prova em contrário. Afirma a Bíblia ser a declaração de um Deus que não pode cometer erro. É verdade que nunca se descobriram os originais infalíveis da Bíblia, mas tampouco se descobriu um único autógrafo original falível. Temos, pois, manuscritos que foram copiados com toda precisão e traduzidos para muitas línguas, dentre as quais o português. Portanto, para todos os efeitos de doutrina e de dever, a Bíblia como a temos hoje é representação suficiente da Palavra de Deus, cheia de autoridade.

A GENUIDADE, CREDIBILIDADE E CANONICIDADE DOS LIVROS DA BÍBLIA

Já que a Bíblia é a revelação divina, automaticamente somos levados a saber se os diversos livros nela contidos, são genuínos, dignos de crédito e canônicos.

A genuinidade (autenticidade) - significa que o livro é escrito pela pessoa cujo nome ele leva. Cremos que os livros do Velho e Novo Testamento são genuínos ou autênticos. Os Livros da Lei, os Livros dos Profetas, os restantes (poéticos, históricos, etc.), o fato de homens serem os autores não afeta de maneira alguma a questão da inspiração, pois são argumentados em favor da inspiração no resultado final que foi produzido e não pela inspiração do homem em si.

A credibilidade - um livro tem credibilidade se relatar veridicamente os assuntos dos quais trata. Diz-se que ele é “corrupto” quando seu texto atual é diferente do original. Portanto, credibilidade inclui tanto as idéias de veracidade dos registros como pureza do texto.

Referente ao Velho Testamento, a credibilidade é estabelecida por dois fatos:
(1) A prova de como Cristo o recebeu.
Jesus demonstrou relatos verídicos concernentes aos acontecimentos e doutrinas de que trata (Mt 5.17,18; Jo 10.34-36; Lc 24.27,44,45). Seu testemunho deve, portanto, ser aceito como verdadeiro ou Ele deve então ser rejeitado como Mestre religioso.
(2) A prova derivada da história e da arqueologia. De acordo com a história, são fornecidas muitas provas da exatidão das descrições bíblicas da vida no Egito, Assíria, Babilônia, Medo-Pérsia, etc. Um grande número de governantes desses países são mencionados pelo próprio nome na Escritura, e nenhum deles é apresentado de maneira a contradizer o que a seu respeito é conhecido na história. Da mesma maneira a arqueologia fornece muitas confirmações dos relatos bíblicos, como o fato de Israel ter vivido no Egito; que o povo foi escravo naquela terra; e que ele finalmente saiu daquele país, etc.

Em relação ao Novo Testamento, a credibilidade é estabelecida por quatro fatos:
(1) Os escritores do N.T. eram competentes. Tinham as qualificações para dar testemunho e ensinar a verdade divina. Mateus, João, e Pedro (por exemplo) foram discípulos de Cristo e testemunhas oculares de Suas palavras e seus ensinos. Paulo recebeu o evangelho pela revelação de Jesus Cristo (Gl 1.11-17), tinha por companheiro Lucas.
(2) Os escritores do N.T. eram honestos. O tom moral de seus escritos, sua evidente preocupação com a verdade, e a circunstância de seus registros indicam que não eram enganadores intencionais, mas sim homens honestos.
(3) Seus escritos são harmoniosos. Não contradizem, mas suplementam um ao outro. Os detalhes no evangelho de João podem ser encaixados, juntamente com os três primeiros, em um todo harmonioso. O livro de Atos fornece os antecedentes históricos para dez das epístolas de Paulo. Hebreus e as epístolas gerais, bem como o Apocalipse, podem, sem forçar de maneira alguma o contexto, ser encaixadas no primeiro século.
(4) seus relatos estão de acordo com a história e a experiência. Como exemplo, o recenseamento quando Quirino era governador da Síria (Lc 2.2), os Atos de Herodes o Grande (Mt 2.16-18), de Herodes Antipas (Mt 14.1-12), de Agripa II (At 25.13; 26.32), etc. todos são referências à história contemporânea. E é bom observar que até agora ninguém conseguiu mostrar que o relato bíblico é contradito por um único fato derivado de outras fontes dignas de confiança. Portanto, não há nada na experiência que contradiga as narrativas dos evangelhos e das epístolas.

A Canonicidade dos Livros da Bíblia: A palavra cânone vem do grego kanon. Significa, em primeiro lugar, um junco ou uma vareta; daí uma vara para servir de medida; e, a seguir, uma regra ou padrão. Em segundo lugar, significa uma decisão autorizada de um concílio da igreja; e em terceiro lugar, conforme se aplica à Bíblia, significa aqueles livros que foram medidos, foram declarados satisfatórios, e aprovados como tendo sido inspirados por Deus.

Canonicidade dos livros do Velho Testamento – De acordo com dois estudiosos judeus (David Kimchi e Elias Levita), a seleção final do Cânone do Velho Testamento foi concluída por Esdras e os membros da Grande Sinagoga, no quinto século antes de Cristo. Se junta a isso o testemunho de Josefo, de que o cânone foi completado no reino de Artaxerxes Longânimo no tempo de Esdras; Esdras se preocupava de modo particular com os livros sagrados (Ne 8.1,4,9,13; 12.26,36), era “escriba versado na lei de Moisés” (Ed 7.6,11); e a natureza da época de Esdras era tal que a seleção dos livros sagrados pode ter sido apropriadamente feita no seu decorrer. Após o Exílio, o povo estava fundando de novo as instituições religiosas da nação.

Canonicidade dos livros do Novo Testamento – Quatro princípios gerais ajudaram a determinar que livros deveriam ser aceitos como canônicos:
(1) Apostolicidade: foi o livro escrito por um apóstolo;
(2) Conteúdo: era o conteúdo de um dado livro de tal natureza espiritual que lhe desse o direito a esta categoria;
(3) Universalidade: era o livro recebido universalmente na Igreja;
(4) Inspiração: mostrava o livro evidência de ter sido divinamente inspirado.


PROVAS INCONTESTÁVEIS DA VERACIDADE DA BÍBLIA
Acesse o link abaixo e leia sobre esse tópico:
http://www.chamada.com.br/mensagens/provas_biblia.html

A INSPIRAÇÃO DAS ESCRITURAS

Já fomos encorajados, pela evidência de que na Bíblia temos a incorporação de uma revelação divina e, ficamos mais seguros por termos descoberto que os registros que nos dão essa revelação são genuínos, dignos de confiança e os únicos qualificados para transmitir essa revelação. Destacaremos três sub-pontos: A definição de inspiração, as provas e as objeções à inspiração.

A Definição de Inspiração
Já foi abordado no início, mas para complementar, não devemos confundir inspiração com revelação. Revelação é a comunicação de verdade que não pode ser de outro modo descoberta; inspiração está relacionada ao registro da verdade. Existe a revelação sem inspiração (Ap 10.3-4), como também, a inspiração sem revelação, que é quando os escritores registram o que viram com seus próprios olhos (1Jo 1.1-4).
Considerada a melhor definição de inspiração, está a de L. Gaussen, Catedrático de Teologia Sistemática, Oratoire, Genebra. Ele diz que é “aquele inexplicável poder que o Espírito divino estendeu antigamente aos autores das Sagradas Escrituras, para que fossem dirigidos mesmo no emprego das palavras que usaram, e para preservá-los de qualquer engano ou omissão”.
O mais próximo que conseguimos chegar é chamando-a de “orientação”. Não sabemos ao certo se os escritores entenderam exatamente o que Deus disse... ou se eles tinham capacidade para expressar os pensamentos de Deus com exatidão.

As Provas da Inspiração
Podemos provar que a inspiração é verdadeira? Essa era a opinião da igreja primitiva e, não existe nenhum líder proeminente da igreja que não acreditasse na inspiração plena das Escrituras. Essa opinião, portanto, merece respeito profundo e a consideração cuidadosa dos estudiosos de hoje.
Alguns, podem tentar apoiar essa doutrina com base nos milagres, profecia cumprida, descobertas arqueológicas, etc., mas sentimos que nenhuma dessas é suficientemente fundamental para sustentar essa opinião. Tudo isso e outras coisas semelhantes podem ser aceito, mas ao nosso ver, há duas coisas fundamentais sobre as quais podemos basear a teoria da inspiração verbal: A natureza de Deus e a natureza e afirmações da Bíblia.
No caso da natureza de Deus. A sua existência é evidenciada pelo fato de que Ele Se revelou, e foi estabelecida por meio de provas bem reconhecidas. Sabemos que Ele é um Deus pessoal, todo-poderoso, santo e amoroso. Diante disso, é de se esperar que Ele tenha uma preocupação amorosa com suas criaturas e venha em seu socorro. Ele sustenta todas as coisas com o Seu poder, concedendo ao homem uma atmosfera para sobreviver, mas o homem também tem necessidades espirituais e eternas, devido ao pecado. Mas Deus providenciou o Seu plano de salvação e os fez conhecer aos homens.
Já na natureza e afirmações da Bíblia, descobrimos que ela é exatamente este tipo de livro. É a incorporação de uma revelação divina, superior a todos os outros livros religiosos em seu conteúdo. Ela estabelece os mais altos padrões éticos, exige a mais absoluta obediência, denuncia todo tipo de pecado, mas informa o pecador sobre como ele pode se acertar com Deus. Como poderiam os homens escrever um livro assim sem inspiração?

Opiniões de Jesus a respeito da Inspiração
Ele disse que “a Escritura não pode falhar” (Jo 10.34-35); “na Lei de Moisés, nos Profetas, e nos Salmos”, Ele encontrou ensinamentos a Seu próprio respeito (Lc 24.44); disse que não veio para destruir “a lei ou os profetas” (Mt 5.17). “Até que o céu e a terra passem, nem um til jamais passará da lei, até que tudo se cumpra” (Mt 5.18; Lc 16.17). Como o termo “lei” foi usado para se referir a todo o V.T. (Jo 10.34; 12.34; 15.25), então Jesus declara aqui que todo o V.T. é verbalmente inspirado..

As objeções à Inspiração
Diante dos fatos acima, os homens deveriam crer na inspiração verbal das Escrituras. Mas existem problemas relacionado a essas opiniões, e vamos considerar as mais difíceis:
(1) Quando Paulo disse diante de Ananias “Não sabia, irmão, que ele é o sumo sacerdote” (At 23.5), ele simplesmente admitiu sua ignorância e não tratou da questão da inspiração. E quando ele diz “Aos mais digo eu, não o Senhor” (1Co 7.12), não está negando a inspiração do que se segue, pois ele sabia através da voz viva da tradição que ordens Cristo havia dado a respeito do divórcio (Mt 5.31...; 19.3-9; Mc 10.2-12; Lc 16.18).
Devemos considerar que a Bíblia não é um livro didático, nem de Ciência nem de história, mas se for verbalmente inspirado, esperamos que fale com veracidade toda a vez que tocar em um desses assuntos.
No milagre e na profecia, podemos afirmar que os milagres de Cristo é tão organicamente entretecidos com o registro do restante de Sua vida que é impossível eliminar o primeiro sem ao mesmo tempo danificar o último. Se se acredita na ressurreição física de Cristo, não existe então nenhum obstáculo intransponível para que todos os outros milagres da Escritura sejam igualmente aceitos.
Ainda contamos com a citação e interpretação do Velho Testamento, onde nos lembramos que: (a) às vezes, os escritores do N.T. simplesmente expressam suas idéias com palavras emprestadas de uma passagem do V.T., sem a pretensão de interpretar a passagem (Rm 10.6-8; cf. Dt 30.12-14); (b) às vezes eles destacam um elemento típico em uma passagem que não tem geralmente sido reconhecido como típico (Mt 2.14; cf. Os 11.1); (c) às vezes eles dão créditos a uma profecia mais recente quando eles realmente estão citando uma forma mais antiga da mesma (Mt 27.9; cf. Zc 11.13), etc..

Se crermos na possibilidade de uma obra sobrenatural do Espírito Santo no coração do homem, então não deveríamos achar difícil crer também na possibilidade de uma obra sobrenatural do Espírito para a produção das Escrituras.

CONCLUSÃO

Creiamos, portanto, confiadamente, que todas as dificuldades que se levantem contra a inspiração bíblica podem ser resolvidas, e aceitemos a Bíblia como a Palavra de Deus, verbalmente inspirada.

Como a Bíblia chegou até nós - Norman L. Geisler William E. NixPalestra em Teologia Sistemática - Henry Clarence Thiessen

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