sábado, 16 de maio de 2009

Lição 7 - Considerações Acerca do Casamento

INTRODUÇÃO

Nesta lição, o apóstolo Paulo responde dúvidas acerca do matrimônio e relacionamento familiar na igreja de Corinto. Estudaremos assuntos de fundamental importância para a igreja de nossos dias, e o antídoto contra a fornicação: o casamento. A vida conjugal, o dom do celibato, o divórcio, a viuvez e, claro, o tão discutido novo casamento. Lembre-se que, Paulo não trata diretamente da infidelidade conjugal, como Jesus tratou, mas vemos os esclarecimentos de Paulo como um complemento daquilo que Jesus disse, como que com mais detalhes.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE (1Co 7.1-5,7-11)

O apóstolo Paulo trata, nesse capítulo, de questões contidas em uma carta que recebeu da Igreja que estava em Corinto. No ca­pítulo anterior, ele os advertira a evitarem a fornicação; aqui, ele Ihes orienta sobre questões relacionadas ao casamento, o remédio que Deus estabeleceu contra a fornicação.

“...bom seria que o homem não tocasse em mulher...” (v.1), ou seja, “não tomá-la por mulher”, ou ainda, “não se casasse”, – “tocar em mulher” é uma expressão usada no A.T. para relações sexuais (Gn 20.6; Pv 6.29) – pelo menos naquela época era bom absterem-se do casamento de modo geral; mas, vale salientar que essa afirmação não deve ser entendida como a vontade absoluta de Deus, como se fazer diferente fosse pecado, um extremo no qual muitos dos antigos usaram para defender o celibato e a virgindade. Se o apóstolo estivesse se referindo neste sentido, se con­tradiria muito no resto do seu discurso. Paulo sabia que “não é bom que o homem esteja só” (Gn 2.18) e que o casamento é uma instituição divina.

“mas, por causa da prostituição, cada um tenha a sua própria mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido” (v.2). Paulo instrui que o casamento, com os confortos e satisfações é determinado pela sabedoria divina para prevenir da fornicação. Eles deveriam casar-se, limitarem-se aos seus próprios cônjuges e, depois de casados, “o marido pague à mulher a devida benevolência, e da mesma sorte a mulher, ao marido” (v.3). Um considere a disposição e a exigência do outro e um conceda o dever conjugal ao outro, que é de direito de ambos. Essa afirmação é apoiada pelo próximo versículo:

“A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no o marido; e também, da mesma maneira, o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no a mulher” (v.4). No estado do casamento nenhuma pessoa tem poder sobre o seu próprio corpo, mas o entregou ao poder do outro, isso para os dois. Note que a poligamia ou o casamento com mais de uma pessoa, tanto quanto o adultério, é uma violação do contrato de casa­mento, e uma violação dos direitos do cônjuge.

Por isso que Paulo diz: “Não vos defraudeis um ao outro...”, ou seja, não se “privem um ao outro”, tratando da expressão sexual. Em outras palavras, Paulo quer dizer que alguns já eram culpados de privar o cônjuge de uma vida sexual normal. Mas existe uma exceção permissível, mas a abstinência sexual deve ser “...por consentimento mútuo, por algum tempo, para vos aplicardes à oração; e, depois, ajuntai-vos outra vez...” (v.5). Eles poderiam fazer isso enquanto se empenhavam em alguma tarefa extraordinária, ou para se dedicarem à oração. Podemos entender isso como uma forma de jejum, mas limitado quanto ao tempo e sempre ligado à oração.

“...para que Satanás vos não tente pela vossa incontinência”. O casal não deve permitir que o adversário, Satanás, venha tentá-los a expressar o impulso sexual de uma forma que os leve a um compor­tamento pecaminoso, tendo relações ín­timas com alguém que não seja o seu cônjuge. Esta separação não deve ser contínua, para que eles não fiquem expostos às tentações, por sua incontinência (incapacidade de controlar-se, ou conter-se).

“Digo, porém, isso como que por permissão e não por mandamento” (v.6). Aqui existe um paralelo com o v.2, pois Paulo não estabeleceu que “cada um tenha a sua própria mulher”, como uma regra sobre todo homem, para que se case sem exceção. Qual­quer homem pode casar-se. Mas, por outro lado, nenhu­ma lei obriga um homem a casar, de maneira que ele pe­que se não o fizer.
Paulo não obrigou cada homem a casar, embora cada homem tivesse uma tolerância. Não, ele podia desejar "que to­dos os homens fossem como ele mesmo" (v. 7), isto é, sol­teiro, e capaz de viver castamente naquele estado. “...mas cada um tem de Deus o seu próprio dom, um de uma maneira, e outro de outra”. Embora Paulo fosse tão feliz como solteiro, talvez outros não poderiam ser tão diferentes, no que diz respeito à castidade, pois são concedidos diferentes graus da graça e alguns suportam a inclinação natural mais do que outros.
Paulo podia desejar que todos os homens fossem como ele mesmo, porém “Nem todos podem receber esta palavra, mas só aqueles a quem foi concedido.” (Mt 19.11).

“Digo, porém, aos solteiros e às viúvas, que lhes é bom se ficarem como eu” (v.8). Aqui fica claro que Paulo não era casado, e considera o estado de solteiro ou de viuvez conveniente, ou seja, era melhor estar solteiro do que casado.

“Mas, se não podem conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se”.(v.9). Este é o remédio para a luxúria (comportamento desregrado com relação aos prazeres do sexo; lascívia). O fogo pode ser extinto pelos recursos que ele apontou. E o casamento, com todas as suas inconveniên­cias, é muito melhor do que abrasar-se (abrasar significa experimentar ou deixar-se dominar por sentimentos intensos, apaixonantes) com impureza e desejos lascivos. O casamento em tudo é honrável, mas é um dever para aqueles que não podem conter-se nem do­minar suas inclinações.

“Todavia, aos casados, mando, não eu, mas o Senhor, que a mulher se não aparte do marido” (v.10). Em geral, ele Ihes diz que, por ordem de Cristo, o casamento é para a vida inteira; e por essa razão, aqueles que são casados não devem pensar em separação. Não que ele ordenas­se alguma coisa de sua própria cabeça, ou por sua pró­pria autoridade. Qualquer coisa que ele ordenava era mandamento do Senhor, ditado pelo Espírito e ordenado pela sua autoridade. Mas seu significado é que o Senhor mesmo, com sua própria boca, proibira tais separações (Mt 5.32; 19.9; Mc 10.11; Lc 16.18). Note que homem e mulher não podem separar-se por vontade, nem dissol­ver seus laços e relações matrimoniais quando eles qui­serem. Eles não devem separar-se por nenhum outro motivo, a não ser aquele que Cristo permite (infidelidade conjugal).

“Se, porém, se apartar, que fique sem casar ou que se reconcilie com o marido; e que o marido não deixe a mulher”.(v.11). E por isso o apóstolo os aconselha que se qualquer mulher tiver se separado, seja por ato voluntário seu ou por um ato de seu marido, ela deve continuar sem se casar, e buscar re­conciliação com o seu marido, para que possam coabitar novamente. Note que maridos e esposas não devem bri­gar de forma alguma, ou devem se reconciliar rapida­mente. Eles estão obrigados a viver um com o outro. A lei divina não permite nenhuma separação.

(vv. 12-15). Esses versículos não estão relacionados à leitura bíblica em classe, mas ao tópico 4.2 da lição bíblica. Nesses versículos o apóstolo aconselha que se uma esposa ou marido incrédulo quiser viver com um cônjuge cristão, o outro não deve separar-se. O marido não deve repudiar uma esposa incrédula, nem a esposa deixar um marido incrédulo. O chamado cristão não dissolvia o contrato de casa­mento, mas obrigava-o mais ainda, trazendo-o de volta à instituição original, limitando-o a duas pessoas, e obrigan­do-as a viverem a vida juntas.

DESTACAMOS ALGUNS “PONTOS” DA LIÇÃO, SÃO ELES:

1. Casar ou não casar? Tanto o matrimônio quanto o celibato são honrosos

“Bom seria que o homem não tocasse em mulher” (v.1). Isso não significa que Paulo discorda totalmente que o homem não se case, pois várias vezes no capítulo 7, ele demonstra que o estado de solteiro, ou celibatário, é preferível, mais que ao matrimônio. O celibato é um dom de Deus, mas o casamento também o é (v.7).

OBS.: Ao dar preferência ao celibato, ao estado de solteiro, Paulo diverge do pensamen­to judeu convencional. No judaísmo, o casamento para homens não era uma opção, mas uma obrigação; esperava-se que todo homem jovem se casasse.

- O celibato, ao contrário do casa­mento, deveria ser mais a exceção do que a regra. O casamento é o meio divinamente designado para dar expressão ao impul­so sexual. “O homem que escreveu Efésios 5.22, 23, 32, 33, não tinha uma visão ruim do casamento” (Robeltson e Plummer, 133).

2. A necessidade do casamento

A imoralidade sexual não era incomum no meio dos crentes coríntios: “Mas, por causa da prostituição...” (literalmente, “por causa dos atos de imoralidade”), homens e mulheres deveriam ser casados, uma vez que a relação sexual só é permissível dentro do casamento.

- Existem, por certo, outras razões para se casar, mas esta precisa ser menci­onada. O casamento é a norma; mais que isto, é um mandamento, embora possa haver exceções (v.7). Além disso, a monogamia está implícita, uma vez que Paulo diz: “cada um tenha a sua própria mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido”. O verbo “ter” é também um referencial para relações sexuais (ou seja, cada um se relacione sexualmente com sua própria mulher e a mulher com seu próprio marido).

3. Um alerta acerca de dois extremos: “procriação e satisfação mútua”, um não é sem o outro

Procriar é a capacidade de reprodução, de multiplicar-se ou reproduzir-se, conforme o próprio Deus designou: “...multiplicai-vos, e enchei a terra...” (Gn 1.28). Já a satisfação mútua refere-se à atividade sexual propriamente dita.
Quando se casam, marido e mulher devem ter em mente as duas coisas, pois fazem parte da instituição do casamento; devem evitar, portanto, os seguintes extremos:
1) casar só por prazer sexual, apenas para alimentar um desejo que chega a ser egoísta em alguns casos, não assumindo a responsabilidade de “pai ou mãe”, não objetivando também a procriação;
2) o outro extremo é quando um casal tem relações físicas apenas para gerar filhos, alegando que essa é a única função do ato e apenas cumpre a procriação por obediência à instituição divina. O relacionamento físico é uma necessidade conjugal, tanto para procriar como para satisfação mútua, um não é sem o outro e um depende do outro.

4. Abstinência temporária

Nesse ponto, o casal deve tomar cuidado para não se estender por muito tempo, pois embora estejam de acordo, um consentindo com o outro, e tenham propósitos espirituais para realizar, a abstinência demorada pode se tornar em tragédia, pois o adversário de nossas almas não perde tempo, vive procurando oportunidade para nos tentar, por isso o apóstolo recomenda que seja acompanhado por oração e, depois, devem juntar-se imediatamente. A incontinência é a incapacidade de controlar-se ou conter-se, e o adversário pode aproveitar-se disso.

5. O dom do celibato Mt 19.12

Jesus citou três tipos de eunucos:
1) Os que já nascem desde o ventre da mãe;
2) Os que foram castrados pelos homens;
3) Os que castram a si mesmo.
E Ele complementa que é por causa do Reino dos Céus, “quem pode receber isso, que receba”, mas nem todos podem. Paulo diz que é recomendado permanecer solteiro, se a pessoa tiver o dom do celibato (v.7). “Mas, se não podem conter-se” ou, “Mas se não tiverem domínio próprio” (NRSV), são traduções mais precisas do que “se não podem se controlar” (NIV), uma vez que as palavras, “não podem” não constam do texto grego (v.9). Parece que alguns dos solteiros e viúvas estavam cedendo às suas paixões sexuais. Tais pessoas desejavam se casar (v.2), “é melhor casar do que abrasar-se” (v.9). Na NIV lemos: “do que arder nas cha­mas da paixão”. Esta interpretação pode ser correta, já que Paulo usa a mesma palavra figurativamente em outra ocasião quando fala de seus próprios sentimen­tos intensos (2Co 11.29), entretanto em um contexto que não se refere à vida sexual.
OBS.: Paulo, mais tarde, dá conselhos semelhantes às viúvas mais jovens (1Tm 5.11-15).

6. O casamento é indissolúvel (vv. 10-11)

O que Paulo ensina está em harmonia com os ensinamentos básicos de Jesus sobre a questão do divórcio e de um novo casamento (Mc 10.2-12). O apóstolo dirige-se a um casal onde ambos os cônjuges são cristãos.
A instrução de Paulo é clara: “a mulher se não aparte do marido, se, porém, se apartar, que fique sem casar ou que se reconcilie com o marido” e “o marido não deixe a mulher”. Observe que Paulo não fez nenhuma exceção, como Jesus fez, permitindo o divórcio nos casos de infidelidade conjugal (Mt 5.32; 19.9). Observe o comentário abaixo, extraído da Enciclopédia de Dificuldades Bíblica, por Gleason Archer:

Há coerência entre 1ª Coríntios 7.12,40 e a autoridade inerrante das cartas de Paulo?

Esses dois versículos apresentam um fator diferente com respeito à autoridade apostólica de Paulo, pelo que serão tratados separadamente. No parágrafo que se inicia com o v. 8, Paulo está discutindo a ques­tão de alguém permanecer solteiro ou casar-se. Também alude às alter­nativas que os casais enfrentam, quando um é incompatível com o outro. Nos v. 10 e 11 ele cita uma expressão do Senhor Jesus, pronun­ciada no início de seu ministério (Mt 5.32; 19.3-9) pela qual marido e mu­lher não podem separar-se; em ou­tras palavras, a esposa não deve abandonar o esposo, ele não deve despedi-Ia e divorciar-se dela. (Mateus 5.32 permite o divórcio se houver infidelidade.) A seguir, 7.1 trata da questão dos casais que SE separaram: podem eles livremente: casar-se com outras pessoas? O após­tolo observa que Jesus nunca falou explicitamente sobre essa questão (ainda que as implicações de Mateus 5.32 apontem com firmeza a proibi­ção de um segundo casamento).

Seja porque ele esteja fazendo uma inferência (ainda que ela seja inevitável) do ensino de Cristo para o divórcio, ou talvez tenha recebido uma revelação explícita da vontade de Deus quanto a um tipo de tensão matrimonial, Paulo deixa bem cla­ro que o que ele está prestes a dizer não é citação dos lábios de Jesus. Portanto, assim diz ele: "Ao mais digo eu, não o Senhor". Jesus jamais discutiu o que deve ser feito a um cônjuge que se salva, enquanto o outro se opõe ao Evangelho; por isso, era necessário que Paulo fizesse uma distinção entre a proibição ex­plícita do divórcio (sobre o qual Je­sus fizera um pronunciamento cla­ro e definitivo) e uma inferência ló­gica e necessária que Paulo tirara sob a influência do Espírito Santo para a situação aflitiva dos casais em litígio (contenda).

Havia, naturalmente, muitas re­velações da parte de Deus nos es­critos inspirados de Paulo. Tais car­tas freqüentemente tratavam de assuntos sobre os quais o Senhor Jesus nunca havia discutido em seu ministério terreno. Contudo, à vis­ta de todo o ensino de Paulo ter-lhe sido entregue mediante revelações do Cristo ressurreto, pela atuação do Espírito Santo, tal ensinamento tinha o mesmo peso de autoridade das palavras do próprio Senhor Jesus, quando ministrava entre os homens. Portanto, "digo eu, não o Senhor" não implica algo que pre­judique a autoridade total da men­sagem de Paulo (nem aqui nem em passagem alguma de suas cartas); relaciona-se apenas à questão de Paulo poder ou não citar uma ex­pressão registrada por Jesus, antes de sua ressurreição e ascensão.

Quanto à 1ª Coríntios 7.40, Paulo aconselha aos que estão indecisos em relação ao casamento, e assim diz ele: "Em minha opinião, ela [i.e., a mulher que perdeu seu marido por morte] será mais feliz se permane­cer no estado em que está [i.e., em viuvez]; e julgo [dokô] que tenho o Espírito de Deus [i.e., ao exprimir esta minha opinião]". Dokô (de dokeô) tem a idéia de "julgar, achar, pensar, supor, ou ser de opinião que" (neste caso ou naquele). Não quer dizer necessariamente alguma incerteza ou dúvida da parte de quem emite sua opinião; apenas enfatiza que aquela era sua opinião pessoal, sua convicção.

No livro Casamento, Divórcio e Novo Casamento, o autor Kenneth E. Hagin, faz uma observação importante, ele diz: “Jesus está falando para os Judeus, e Paulo está falando para a Igreja”. “Observe que há três classes de pessoas tratadas na Palavra de Deus (1Co 10.32): 1) Os Judeus, o povo da aliança de Deus; 2) A Igreja, a própria família de Deus; e 3) Os Gentios, os povos pagãos (cada pessoa que não é nem igreja nem judeu).”

Não pretendo estender muito esse assunto, mas é bom notar alguns detalhes para não falarmos heresias fora do contexto aos nossos alunos. O ponto em questão já vem sendo discutido há muito tempo; estão em jogo a condição de um homem e uma mulher que se divorciam e, posteriormente, projetam um novo casamento. É bom considerar as duas passagens em questão (Mt 19 e 1Co 7), dentro de seus respectivos contextos. Vejamos:

JESUS (Mt 19)

“...chegaram ao pé dele os fariseus, tentando-o e dizendo-lhe: É lícito ao homem repudiar sua mulher POR QUALQUER MOTIVO?” (v.3)
- Observe que a pergunta é dirigida a Jesus por judeus fariseus, buscando ocasião para achar alguma falha em suas palavras. Imediatamente, Jesus responde com base nas Escrituras:
“Não tendes lido que, no princípio, o Criador os fez macho e fêmea e disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe de se unirá à sua mulher, e serão dois numa só carne? Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem.” (vv.4-6).
- Usando o princípio estabelecido por Deus, Jesus responde como deveria ser o casamento, ou seja, deveria ser “indissolúvel”, pois o que Deus ajuntou o homem (e mulher) não deve separar. Agora observe outra situação, os fariseus citam Moisés:
“Então, por que mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio e repudiá-la?” (v.7).
- Observe que eles se apóiam no que Moisés falou, ou seja, pela lei era lícito dar carta de divórcio e repudiar a mulher, mas Jesus com muita sabedoria reforça o que disse anteriormente e continua:
“Moisés, por causa da dureza do vosso coração, vos permitiu repudiar vossa mulher; mas, ao princípio, não foi assim.” (v.8).
- Agora Jesus usa sua autoridade, como enviado do Pai, e replica:
“Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de prostituição, e casar com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete adultério”. (v.9).
- Observamos que Jesus estabelece e complementa a afirmação que desde o princípio defendeu, e conclui que somente por motivo de infidelidade conjugal, é que se pode dar carta de divórcio. Entretanto, divorciar-se por qualquer outro motivo, não é permitido para ambos casar novamente. Fica claro que Jesus não tocou no assunto relativo aos que se separam por motivo de infidelidade conjugal, e falava isso para os judeus, observando a lei e os princípios estabelecidos para o matrimônio, licitamente aceitos.

PAULO (1Co 7)
“...quanto às coisas que me escrevestes, bom seria que o homem não tocasse em mulher” (v.1).
- Fica claro que o apóstolo está respondendo acerca de algumas perguntas feitas pelos coríntios, e responde imediatamente que seria bom que o homem não tocasse em mulher, ou seja, não se casasse. Numa situação diferente da de Jesus, Paulo agora fala para à igreja coríntia que estava com dúvidas. Então o contexto é outro, mas o assunto é o mesmo. Vejamos:
“...por causa da prostituição, cada um tenha a sua própria mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido” (v.2).
- Jesus também se referiu a “prostituição”, ou “infidelidade conjugal”, porém Paulo faz uma colocação mais detalhada, cada cônjuge deve se relacionar fisicamente com quem se casou. Referindo-se aos direitos do matrimônio, a devida benevolência (bondade de ânimo para com algo ou alguém, manifestação de afeto) é o que um deve ao outro (v.3). Referindo-se a um princípio estabelecido por Deus, Paulo diz:
“A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no o marido; e também, da mesma maneira, o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no a mulher” (v.4).
Podemos entender que “serão dois numa só carne”, por isso o domínio não é de um nem do outro, mas dos dois. Digamos que Paulo refere-se a isso nas entrelinhas de suas palavras.
- Nos versículos 5-9, o apóstolo adverte aos casais cristãos sobre o ato da abstinência para dedicação a Deus, pois é necessário atentar para algumas regras básicas, como: consentimento de ambos, não demorar muito, aplicar-se à oração e juntar-se outra vez imediatamente, para não serem tentados pelo adversário, por causa da incapacidade de conterem-se. Aproveita para referir-se ao celibato (que também foi citado por Jesus), aconselhando aos jovens e viúvas a ficarem sem casar-se, porém isso não seria um mandamento, mas de acordo com o ponto de vista de Paulo era preferível.
“Mas, se não podem conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se” (v.10).
- Como não é um mandamento, os que não têm o dom do celibato devem casar-se para não abrasar-se. O termo abrasar significa se deixar dominar por sentimentos intensos, que podem levar o indivíduo ao pecado da fornicação, por isso é melhor casar para não escandalizar a igreja do Senhor, pois o casamento é o antídoto contra fornicação.

- Agora chegamos ao ponto crucial:
“Todavia, aos casados, mando, não eu, mas o Senhor, que a mulher se não aparte do marido. Se, porém, se apartar, que fique sem casar ou que se reconcilie com o marido; e que o marido não deixe a mulher”. (vv. 10-11)
- Observe os detalhes dessa afirmação do apóstolo: 1) ele fala aos casados (cristão) da igreja de Corinto, e não usa sua autoridade de apóstolo, mas o nome do Senhor. 2) a mulher e o marido não deveriam se separar, e isso está totalmente de acordo com o que Jesus falou referindo-se aos princípios estabelecido por Deus para o matrimônio, ou seja, o casamento é indissolúvel e não pode desfazer-se por qualquer motivo. Paulo está tratando de cristãos que estavam se divorciando por QUALQUER MOTIVO, e nesse caso não é permitido casar de novo, pois a lei divina “não separe o homem” foi quebrada e a punição é: “Se, porém, se apartar, que fique sem casar ou que se reconcilie com o marido”; 4) Simplesmente o apóstolo Paulo não está tratando aqui de infidelidade conjugal, mas de separação por qualquer motivo.
Mas, antes de concluir, vamos ver o que ele diz no final do capítulo:
“A mulher casada está ligada pela lei todo o tempo em que o seu marido vive; mas, se falecer o seu marido, fica livre para casar com quem quiser, contanto que seja no Senhor. Será, porém, mais bem-aventurada se ficar assim, segundo o meu parecer, e também eu cuido que tenho o Espírito de Deus” (vv. 39-40).
Mesmo não tratando de infidelidade conjugal, Paulo faz a observação que a mulher e o marido estão ligados pela lei, ou seja, se depender de cumprir a ordenança do matrimônio será “até que a morte os separe”.

CONCLUSÃO

A igreja de Corinto vivia numa época de total depravação moral, pois a cidade era considerada a metrópole da imoralidade sexual, a ponto de ter templos oferecidos à deusa grega Afrodite, a deusa do amor erótico sensual. Hoje é ainda pior, as oferendas de Satã entram nas casas pelas mídias (internet, tv, revistas, etc.), tentando achar ocasião para destruir a família.
Ficam então as advertências de Paulo:
1. Aos jovens e viúvas, fiquem sem casar, mas se não podem conter-se, casem-se;
2. Quem quer se abrasar, comete o pecado da fornicação então, casem-se;
3. Quem se separar por qualquer motivo que não seja infidelidade conjugal, não podem partir um novo casamento, casar de novo seria adultério, devem se reconciliar eu ficar sem casar.

Fontes:
Comentário Pentecostal do Novo Testamento
Henry, MATTHEW – Comentário Novo Testamento
Gleason Archer - Enciclopédia de Dificuldades Bíblica
Kenneth E. Hagin - Casamento, Divórcio e Novo Casamento

6 comentários:

Eduardo Sousa disse...

Irmão Jean, Mais uma vez parabéns pelo artigo, muito bom! Deus o abençoe.

CEADEJ - JABOATÃO DOS GUARARAPES disse...

a paz do Senhor, pergunto
1) o Casamento é universal?
2) No caso de que um irmão veio do mundo, e no mundo ele casou-se mas houve problemas no seu ralcionamento, ai houve o divorcio, mas tarde ele aceitou a Jesus e conheceu a palavra de Deus como ela é, e resolve casar novamente. ai pergunto qual o estado dele se casar vai adulterar?
3) No caso da infidelidade conjugal deve o conjuge inocente casar de novo? ou permanecer solteiro?kkkkk
4) Sei que o divorcio é condenalvel,pergunto qual o motivo de Deus apoiar o divorcio dos sacertodes que voltaram da babilonia no periodo de Esdras? Ed 10.1-4. pergunto Deus permitiu ou não? e não entra em contradição quando ele fala em Ml 2.16? a varias vesão desse texto por ex. uns diz "divorcio" outros "repudio", quando olhamos esse termos qual conclusão.

bom gamalieu sei que não coloquei vc no estreito, só quero ver sua opinião e visão como esta hoje, pois em outro tempo eu sei a sua opinião eu nao sei agora.
um grande abraço meu amigo.

Jean Claude disse...

Amém mestre Paulo André, continuo com desejo de saber como o sr., mas não sei se um dia posso superá-lo... Não acredito muito que o aluno supere o mestre por causa de uma palavra chamada “experiência”. És meu professor desde os primórdios e isso é intocável.

Mas vamos ao que interessa... meu mestre quer saber se seu aluno mudou de opinião...

1) o Casamento é universal?

R: A resposta depende do ponto de vista. De acordo com o contexto bíblico, a resposta é positiva, e o casamento é considerado um legado que existiu desde o princípio. Considerando Deus como o arquiteto do casamento, Jesus refere-se à forma estabelecida no princípio: “Não tendes lido que, no princípio, o Criador os fez macho e fêmea e disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe de se unirá à sua mulher, e serão dois numa só carne? Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem”.

OBS.: Existem outros contextos que podem ser dispensados de comentários aqui, pois nossa intenção é única e exclusivamente bíblica, ok.

2) No caso de que um irmão veio do mundo, e no mundo ele casou-se, mas houve problemas no seu relacionamento, ai houve o divorcio, mas tarde ele aceitou a Jesus e conheceu a palavra de Deus como ela é, e resolve casar novamente. ai pergunto qual o estado dele se casar vai adulterar?

R: Interessante, eu conheço um amigo que passou por algo parecido, mas Deus o honrou sobremaneira no seu novo casamento.
Com base bíblica, poderíamos dizer que Deus “não tendo em conta os tempos da ignorância” (At 17.30), - embora o versículo fale sobre os idólatras de Atenas, Paulo está defendendo que Deus não consideraria os tempos em que eram idólatras se eles se arrependessem – podemos usar essa mesma base para aplicar ao tal irmão que casou-se e divorciou-se antes de ser cristão. Depois que ele conhece o manual de instruções para o Casamento (a Bíblia), vai casar novamente e não estará em adultério, pois antes ele não estava sujeito à lei divina, pois era “gentio”. Doravante não poderá mais se separar a não ser por infidelidade conjugal. E se isso acontecer? É a próxima resposta...

3) No caso da infidelidade conjugal deve o cônjuge inocente casar de novo, ou permanecer solteiro? Kkkkk

Bom, aqui o assunto fica mais quente, vejamos:
Jesus não se refere a esse assunto (em Mt 19) nem tampouco Paulo (em 1Co 7), se a parte inocente deveria ficar sem se casar ou permanecer solteira, pois, infelizmente, todas as duas passagens deixam isso em oculto. Observe o que Jesus disse: “...qualquer que repudiar sua mulher, NÃO SENDO POR CAUSA DE PROSTITUIÇÃO, e CASAR COM OUTRA, comete adultério; E O QUE CASAR COM A REPUDIADA também comete adultério”, ou seja, não fala de infidelidade conjugal e sim de DIVÓRCIO POR QUALQUER MOTIVOOOOOO. Se alguém se casar com qualquer das partes que se divorciou por qualquer outro motivo que não seja infidelidade conjugal, NÃO PODE MAIS CASAR-SE, pois comete adultério. Agora vejamos o que Paulo diz: “...bom seria que o homem não tocasse em mulher; mas, POR CAUSA DA PROSTITUIÇÃO, cada um tenha a sua própria mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido [...] Todavia, AOS CASADOS, mando, não eu, MAS O SENHOR, que a mulher SE NÃO APARTE do marido. Se, porém, SE APARTAR, QUE FIQUE SEM CASAR ou que se reconcilie com o marido; e que o marido não deixe a mulher”. Está claríssimo que Paulo está falando aos casais cristãos e não se refere, em hipótese alguma, à infidelidade conjugal. Não adianta querer acrescentar nada a essa informação, pois está contextualizada e embasada nas afirmações de Jesus e de Paulo. Agora, querer interpretar o texto sem contexto para apoiar um erro que se comete na vida conjugal, e tentar aliviar as coisas colocando palavras na boca de Jesus e na de Paulo, é egoísmo e imprudência. Devemos ser doutrinados pela Palavra de Deus e não interpretá-la ao nosso bel prazer.

MEU PONTO DE VISTA: Não quero que isso seja entendido como ponto final, é apenas minha opinião. No Antigo Testamento, quando alguém era pego no pleno ato adulterando, recebia a pena capital (morria apedrejado), e a parte inocente estava livre para casar-se de novo. Isso era no tempo da lei, e hoje? Alguém morre apedrejado por ser pego no ato de adultério? NÃO. O que acontece então? Podemos dizer que quem comete adultério nesse período da graça, também MORRE, em três sentidos: 1) Morre para a sociedade, pois aflige a lei na Constituição Federal (que em 1940 era crime, mas em 2005 foi revogado, rs); 2) Morre para o Corpo de Cristo, pois será excomungado, tendo em vista que adultério é pecado de morte e o mesmo será disciplinado caso arrependa-se; e 3) Morre para Deus, o autor e criador da instituição matrimonial, ou seja, fica morto também espiritualmente, separado de Deus. Diante dessa situação podemos deduzir que a parte inocente fica livre para divorciar-se (pois Jesus abriu essa exceção) e uma vez divorciada pode casar-se, pois seu cônjuge está morto três vezes. BOM SERIA QUE SEMPRE HOUVESSE A RECONCILIAÇÃO, MAS QUERER NEM SEMPRE É PODER.

4) Sei que o divorcio é condenável, pergunto: qual o motivo de Deus apoiar o divorcio dos sacerdotes que voltaram da babilônia no período de Esdras? Ed 10.1-4. Pergunto: Deus permitiu ou não? e não entra em contradição quando ele fala em Ml 2.16? a varias vesão desse texto por ex. uns diz "divorcio" outros "repudio", quando olhamos esse termos qual conclusão.

R: Sim, o divórcio é condenável, “o SENHOR, Deus de Israel, diz que aborrece o repúdio” (Ml 2.16). Nas duas passagens acima, Israel estava praticando a deslealdade e infidelidade. No período de Esdras, aconteceu de o povo se prostituir com mulheres estranhas (o adultério rolou solto), mas queriam arrepender-se e fazerem concerto com Deus. Temos que levar em consideração que os casamentos que aconteceram foram de julgo desigual, e que os israelitas desviaram-se do Senhor e satisfizeram-se com mulheres estranhas, deixando Deus muito irado. Cabe aqui o que Jesus falou acerca de Moisés e serve também para essa ocasião: “...por causa da dureza do vosso coração, vos permitiu repudiar vossa mulher...” (Mt 19.8). Em Malaquias, os israelitas também estavam casando-se com mulheres estranhas, e estavam divorciando-se ilicitamente, por isso Deus não estava satisfeito.

CONCLUÍMOS QUE os cristãos que se casaram depois de terem conhecido a Palavra de Deus, não podem se separar, a não ser por motivo de infidelidade conjugal, caso separem-se por outro motivo qualquer, FIQUEM SEM SE CASAR, pois ambos cometeriam adultério, e seriam privados do reino dos céus.
Já os que adulteraram e contraem novo casamento, isso não foi tratado por Jesus nem por Paulo, e eu não vou ter a ousadia de entrar nesse mérito, para não ensinar heresia.



ESSA É A MINHA OPINIÃO, MAS, SE ALGUÉM DISCORDAR DE ALGUMA COISA, FIQUE A VONTADE, POIS NÃO TENHO A PALAVRA FINAL ACERCA DESSES ASSUNTOS, APENAS EXPRESSEI O QUE ENTENDO QUE SEJA CERTO À LUZ DA BÍBLIA.

Danilo disse...

Otimo trabalho irmão Jean!

Bom seria se fosse absorvido por certos pastores de certas denominações que insistem em realizar casamentos entre divorciados.

Queria aproveitar a oportunidade para lhe apresentar o meu blog, o Genizah e recomendar uma visita. Por minha vez, já me tornei seu seguidor.

Graça e Paz!

Danilo


http://genizah-virtual.blogspot.com/

Unknown disse...

eu queria saber se é pecado casar com um homem não crente e, qual é a diferença entre um homem crente e convertido

Jean Claude disse...

Paz do Senhor querida irmã Amélia.
Sua pergunta é muito interessante, pois, talvez sem perceber, usaste três termos: não crente, crente e convertido... vejamos:

1) NÃO CRENTE...
É a pessoa que ainda não tomou a decisão de servir a Cristo. Precisa se arrepender dos seus pecados, exercer fé em Jesus o único salvador e segui-lo.

2) CRENTE...
É o que crer em alguma fé religiosa, porém, não significa que seja a fé verdadeira, pois existem vários segmentos religiosos que são anti-bíblicos e não obedecem as doutrinas bíblicas. Para se ter uma idéia, já ouviu aquela frase: "até o diabo é crente"?, a Bíblia diz que os demônios crêem em Deus, que estremecem. Logo, ser crente, não significa ser um autêntico seguidor de Cristo.

3) CONVERTIDO...
Uma pessoa convertida é diferente, durante sua vida, tomou a mais importante decisão: Aceitar a Cristo com seu salvador, mas não é só isso. Ele nasce denovo, passa a ser uma nova criatura, sua vida muda. É uma pessoa obediente à Palavra de Deus, que vive em comunhão com Deus, que se afasta da corrupção do mundo e dá frutos dignos de arrependimento. Suas ações, suas palavras, seu comportamento, seu coração, tudo que faz é para agradar a Deus, pois reconheceu que mesmo sem merecer, recebeu de Deus o seu amor, e através de Jesus Cristo, que o salvou e agora ele vive totalmente dependente de Deus.

MAS, O FUNDAMENTAL AQUI É SE UM CRISTÃO PODE CASAR COM UM INCRÉDULO.

Irmã Amélia, desde os tempos antigos, da história bíblica, os patriarcas já desejavam casar seus filhos com pessoas da mesma linhagem, para não se misturarem com as outras nações pagãs.
Não precisarei falar muito para lhe responder isto, só é preciso citar o que o apóstolo Paulo diz: "Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a
luz com as trevas?" (2 Coríntios 6.14). Ele ainda diz que a mulher pode "casar com quem quiser, contanto que seja no Senhor" (1 Coríntios 7.39).
Tenho certeza que na igreja tem homens cristãos, fiés a Deus e a sua Palavra, com compromisso na constituição da família.
Ore, peça com fé, Deus vai ter dar a direção certa. Mas se não for do agrado dele, Ele avisará.
Não busque pela aparência, pois é enganosa, busque alguém de caráter.
Para terminar, digo: "Amar não é sentir desejo por alguém, mas encontrar alguém que cuide de você e você cuide dele, e ambos em acordo sirvam ao Senhor nosso Deus".
AMÉM.