Esperança em tempos de crise.
INTRODUÇÃO
Como sempre, a primeira lição serve de introdução ao trimestre. Hoje, aprenderemos sobre a origem, a vocação, a postura e a vida do profeta Jeremias, conhecido como “o profeta das lágrimas”, “o homem do rosto triste e dos olhos chorosos”, mas na verdade, quando esse “profeta chorão” é entendido corretamente, revela-se como o grande profeta da esperança. Viveu num tempo não muito diferente do nosso, onde a falta de fé em Deus e a negligência para coma as coisas divinas estavam em alta, mas Jeremias destacou-se como a maior personalidade de sua época. Que esse valor sirva de edificação para todos nós.
I - CONTEXTO HISTÓRICO
1.1. O período do ministério profético de Jeremias.
Jeremias viveu em um período histórico crucial para o reinado de Judá. O império assírio havia declinado e caído. Sua capital, Nínive, fora capturada pelos caldeus e pelos medos, em 612 a.C. Após sete anos, os egípcios e remanescentes assírios foram derrotados pelos caldeus. Assim, a nova potência mundial veio a ser o império neobabilônico, governado por uma dinastia caldéia, cuja figura principal era a do rei Nabucodonosor II. O pequeno reino de Judá foi subjugado primeiramente pelo Egito, depois pela Babilônia, mas em 587 a.C., Jerusalém, sua capital, foi capturada e iniciou-se o famoso cativeiro babilônico.
1.2. Início de sua história e chamada.
Jeremias residia na cidade rural de Anatote, uma aldeia cerca de três quilômetros a nordeste de Jerusalém. Ainda jovem, recebeu sua chamada divina e foi nomeado profeta pelo Senhor Deus (Jr 1.4-10). Mesmo se sentido incapaz, a vontade de Deus prevaleceu. Recebeu duas visões: (1) uma vara de amendoeira, que simbolizava a ameaça do governo pelo poder estrangeiro de Nabucodonosor, e outra, (2) de um caldeirão fervente, cuja boca estava voltada para o norte (Jr. 1.11-19), significando, obviamente, as invasões contra Israel pelo norte. Assim, a ira divina, sob forma de guerra e cativeiro, logo devastaria Judá. Foi assim que Jeremias deu inicio a suas predições. Seu ministério iniciou no décimo terceiro ano de Josias, sessenta anos após a morte de Isaias.
1.3. Contemporâneos de Jeremias
Sofonias e Habacuque foram seus contemporâneos na primeira parte de seus labores; e Daniel, na segunda metade de suas atividades. Jeremias se relacionou com cinco reis: Josias, Jeoacaz, Jeoaquim, Joaquim e Zedequias.
OBS.: A destruição de Jerusalém ocorreu em 587 a.C., e Jeremias foi para Mispa, porém, uma grande multidão foi transportada para a Babilônia. Jeremias, entretanto, foi bondosamente tratado pelos babilônicos.
1.4. Relações entre Jeremias e Nabucodonosor.
Nabucodonosor, através do seu comandante, Nabuzaradã, deu ordem de libertar Jeremias e seguir qualquer conselho que fosse dado pelo profeta. O monarca pagão respeitava Jeremias mais do que o seu próprio povo (Jr. 39.11-12). O profeta tinha duas opções, ficar no exílio com o povo ou permanecer em Jerusalém com um remanescente minúsculo que ali seria deixado. Ele preferiu ficar em Jerusalém, capital de Judá, cujo novo governador nomeado, pelos babilônicos, era Gedalias, que logo foi morte, assumindo sua posição Joana. Jeremias aconselhou o povo a seguir sua liderança e permanecer na Palestina (42.7ss). Mas os teimosos judeus acusaram Jeremias de estar tomando partido com o inimigo, foram para o Egito, forçando Jeremias a acompanhá-los. Estando lá, o profeta continua seu ministério, procurando desviar os judeus das suas iniqüidades e erros obstinados (Jr 44).
1.5. Morte de Jeremias
O livro de Jeremias não narra o que lhe sucedeu, presume-se que tenha morrido no Egito. Uma tradição de que ele foi apedrejado até à morte, pelos próprios judeus, em Tafnes, no Egito. Também tem uma tradição alexandrina que diz que os ossos dele foi levado aquele lugar por ordem de Alexandre, o Grande. Uma outra tradição diz que Nabucodonosor conquistou o Egito, Jeremias e Baruque escaparam para a Babilônia, onde viveram durante algum tempo até morrer em paz. Não há como julgar qual dessas é a correta.
II - LEITURA BÍBLICA EM CLASSE (Jr 1.1-10)
O livro de Jeremias começa com notas biográficas e cronológicas para ajudar-nos a situar em relação aos acontecimentos da época.
“Palavras de Jeremias, filho de Hilquias, dos sacerdotes que estavam em Anatote, na terra de Benjamim” (v.1). Temos aqui informações sobre a família de Jeremias. Ele era filho do sacerdote Hilquias, descendente da linhagem sacerdotal de Arão. Não devemos confundir seu pai Hilquias com o sumo sacerdote de mesmo nome, que descobriu a cópia da lei na época do rei Josias (2Re 22.2-14). O nome Hilquias era comum, aplicado a vários homens no A.T., sacerdotes ou levitas (1Cr 6.45-46; 26.10-11; 2Cr 34.9-22; Ne 12.7). Anatote era a cidade natal de Jeremias, ficava no território de Benjamim, a nordeste de Jerusalém. Esta cidade foi alocada por Josué para os sacerdotes (Js 21.18-19).
“A ele veio a palavra do SENHOR, nos dias de Josias, filho de Amom, rei de Judá, no décimo-terceiro ano do seu reinado. E lhe veio também nos dias de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá, até ao fim do ano undécimo de Zedequias, filho de Josias, rei de Judá, até que Jerusalém foi levada em cativeiro no quinto mês” (v.2). A princípio, Jeremias era sacerdote em Israel, mas quando Deus começou a mostrar-lhe as revelações, passou a ser profeta nacional. Seu ministério profético durou pouco mais de 41 anos, isso porque após o exílio, continuou a profetizar (Jr 40-44).
OBS.: Somente os reinados mais longos são mencionados: Jeoaquim (11 anos), Josias (31 anos) e Zedequias (11 anos).
“Assim veio a mim a palavra do SENHOR...” (v.4). O profeta Jeremias não informou detalhes de como se deu suas experiências, diferente de Isaias (cap. 6). Mas temos aqui a primeira revelação: seu comissionamento como profeta do Senhor.
“Antes que eu te formasse no ventre, eu te conheci; e, antes que saísses da madre, te santifiquei e às nações te dei por profeta” (v.5). Jeremias era conhecido por Deus, de antemão, foi honrado, comissionado e naturalmente escolhido, semelhantemente a Paulo (Gl 1.15) e João Batista (Lc 1.15). Este versículo mostra o atributo da onisciência divina, onde Deus predestina Jeremias para exercer uma missão. De antemão, o Senhor conheceu que Jeremias seria obediente à sua Palavra.
OBS.: É bom ressaltar que o texto não está ensinando a reencarnação, como se a alma de Jeremias já existisse antes de entrar no corpo. Não se refere à alma, mas ao fato de Deus chamar e destacar pessoas para um ministério muito antes de elas terem nascido. A expressão “eu te conheci” se refere ao ser pré-natal “no ventre”. O verbo “conhecer” (hb. yada), no original tem a idéia de um relacionamento especial de compromisso (Am 3.2), ou seja, “eu te consagrei”, “eu te separei”, “eu te constituí”. Portanto, essa passagem se refere à pré-ordenação de uma pessoa a um ministério especial.
“Então, disse eu: Ah! Senhor JEOVÁ! Eis que não sei falar; porque sou uma criança” (v.6). Ele era apenas uma criança, um jovem. A palavra “criança” do hebraico na’ar, pode significar “infante”, como no caso de Moisés, colocado no cesto à beira do rio (Ex 2.6); mas também pode significar um homem jovem (2Sm 18.5; Gn 34.19). Não sabemos qual a idade de Jeremias quando ele foi chamado, mas ele se reputava muito jovem e inexperiente para a tarefa.
“Mas o SENHOR me disse: Não digas: Eu sou uma criança; porque, aonde quer que eu te enviar, irás; e tudo quanto te mandar dirás. Não temas diante deles, porque eu sou contigo para te livrar, diz o SENHOR” (vv.7-8). Jeová sabia melhor do que Jeremias, pois ele conhecia suas qualificações; sabia que ele sofreria muito às mãos dos homens iníquos e teria razões para temer, por isso, desde o começo, Deus advertiu Jeremias a não cair na síndrome do temor. O Senhor estaria com ele, conferindo-lhe poder, guiando-lhe, livrando-lhe das perturbações que o perseguisse. Jeová daria as palavras certas que Jeremias deveria falar (da mesma forma que fez em Mt 28.19 e 20; Ex 3.12 e Jn 1.5).
OBS.: Jeremias tinha autoridade para agir vinda de Deus; embora fosse jovem, possuía as habilidades necessárias para cumprir sua missão; contava com a proteção divina, a presença de Deus o acompanharia e a mensagem que seria transmitida por ele seria inspirada por Jeová. É natural que os homens tentem fugir de Deus, especialmente quando mais próximos se chegarem a Ele, em suas experiências, até que se sinta confortável na presença do Deus todo-poderoso.
“E estendeu o SENHOR a mão, tocou-me na boca e disse-me o SENHOR: Eis que ponho as minhas palavras na tua boca” (v.9). Vemos aqui o Toque Divino. Além de encorajar o profeta, Jeová deu-lhe unção divina ao tocar em sua boca. É maravilhoso ser capaz de usar o poder da oração e ver grandes coisas acontecerem pela intervenção divina, bem como conhecer as realidades espiritual, mas também é maravilhoso e necessário ter contato direto com o Ser divino. O toque divino em Jeremias “tornou-lhe a boca pura e poderosa”. Com Isaias foi posta uma brasa viva na boca (Is 6.7), idéia semelhante à que temos no texto presente.
“Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome me chamo, ó SENHOR, Deus dos Exércitos” (Jr 15.16)
“Olha, ponho-te neste dia sobre as nações e sobre os reinos, para arrancares, e para derribares, e para destruíres, e para arruinares; e também para edificares e para plantares” (v.10). Relacionando a missão e a mensagem, consideraremos aqui quatro pontos: (1) Jeremias tinha autoridade até sobre as nações, e não somente sobre Israel, ou seja, missão internacional; (2) mediante sua mensagem, Jeremias arrancaria, derribaria, destruiria e arruinaria potências humanas; (3) Mas ele também seria capaz de construir e plantar, ou seja, tanto providência negativa ou positiva de Deus, operariam por intermédio do profeta; e (4) A predestinação divina estaria no que ele fizesse, pelo que o seu bom êxito estava garantido desde o começo. Ele seria uma figura poderosa com uma missão importante e eficaz.
Champlin, Russell Norman. Antigo Testamento Interpretado Versículo Por Versículo, vol. 5.
INTRODUÇÃO
Como sempre, a primeira lição serve de introdução ao trimestre. Hoje, aprenderemos sobre a origem, a vocação, a postura e a vida do profeta Jeremias, conhecido como “o profeta das lágrimas”, “o homem do rosto triste e dos olhos chorosos”, mas na verdade, quando esse “profeta chorão” é entendido corretamente, revela-se como o grande profeta da esperança. Viveu num tempo não muito diferente do nosso, onde a falta de fé em Deus e a negligência para coma as coisas divinas estavam em alta, mas Jeremias destacou-se como a maior personalidade de sua época. Que esse valor sirva de edificação para todos nós.
I - CONTEXTO HISTÓRICO
1.1. O período do ministério profético de Jeremias.
Jeremias viveu em um período histórico crucial para o reinado de Judá. O império assírio havia declinado e caído. Sua capital, Nínive, fora capturada pelos caldeus e pelos medos, em 612 a.C. Após sete anos, os egípcios e remanescentes assírios foram derrotados pelos caldeus. Assim, a nova potência mundial veio a ser o império neobabilônico, governado por uma dinastia caldéia, cuja figura principal era a do rei Nabucodonosor II. O pequeno reino de Judá foi subjugado primeiramente pelo Egito, depois pela Babilônia, mas em 587 a.C., Jerusalém, sua capital, foi capturada e iniciou-se o famoso cativeiro babilônico.
1.2. Início de sua história e chamada.
Jeremias residia na cidade rural de Anatote, uma aldeia cerca de três quilômetros a nordeste de Jerusalém. Ainda jovem, recebeu sua chamada divina e foi nomeado profeta pelo Senhor Deus (Jr 1.4-10). Mesmo se sentido incapaz, a vontade de Deus prevaleceu. Recebeu duas visões: (1) uma vara de amendoeira, que simbolizava a ameaça do governo pelo poder estrangeiro de Nabucodonosor, e outra, (2) de um caldeirão fervente, cuja boca estava voltada para o norte (Jr. 1.11-19), significando, obviamente, as invasões contra Israel pelo norte. Assim, a ira divina, sob forma de guerra e cativeiro, logo devastaria Judá. Foi assim que Jeremias deu inicio a suas predições. Seu ministério iniciou no décimo terceiro ano de Josias, sessenta anos após a morte de Isaias.
1.3. Contemporâneos de Jeremias
Sofonias e Habacuque foram seus contemporâneos na primeira parte de seus labores; e Daniel, na segunda metade de suas atividades. Jeremias se relacionou com cinco reis: Josias, Jeoacaz, Jeoaquim, Joaquim e Zedequias.
OBS.: A destruição de Jerusalém ocorreu em 587 a.C., e Jeremias foi para Mispa, porém, uma grande multidão foi transportada para a Babilônia. Jeremias, entretanto, foi bondosamente tratado pelos babilônicos.
1.4. Relações entre Jeremias e Nabucodonosor.
Nabucodonosor, através do seu comandante, Nabuzaradã, deu ordem de libertar Jeremias e seguir qualquer conselho que fosse dado pelo profeta. O monarca pagão respeitava Jeremias mais do que o seu próprio povo (Jr. 39.11-12). O profeta tinha duas opções, ficar no exílio com o povo ou permanecer em Jerusalém com um remanescente minúsculo que ali seria deixado. Ele preferiu ficar em Jerusalém, capital de Judá, cujo novo governador nomeado, pelos babilônicos, era Gedalias, que logo foi morte, assumindo sua posição Joana. Jeremias aconselhou o povo a seguir sua liderança e permanecer na Palestina (42.7ss). Mas os teimosos judeus acusaram Jeremias de estar tomando partido com o inimigo, foram para o Egito, forçando Jeremias a acompanhá-los. Estando lá, o profeta continua seu ministério, procurando desviar os judeus das suas iniqüidades e erros obstinados (Jr 44).
1.5. Morte de Jeremias
O livro de Jeremias não narra o que lhe sucedeu, presume-se que tenha morrido no Egito. Uma tradição de que ele foi apedrejado até à morte, pelos próprios judeus, em Tafnes, no Egito. Também tem uma tradição alexandrina que diz que os ossos dele foi levado aquele lugar por ordem de Alexandre, o Grande. Uma outra tradição diz que Nabucodonosor conquistou o Egito, Jeremias e Baruque escaparam para a Babilônia, onde viveram durante algum tempo até morrer em paz. Não há como julgar qual dessas é a correta.
II - LEITURA BÍBLICA EM CLASSE (Jr 1.1-10)
O livro de Jeremias começa com notas biográficas e cronológicas para ajudar-nos a situar em relação aos acontecimentos da época.
“Palavras de Jeremias, filho de Hilquias, dos sacerdotes que estavam em Anatote, na terra de Benjamim” (v.1). Temos aqui informações sobre a família de Jeremias. Ele era filho do sacerdote Hilquias, descendente da linhagem sacerdotal de Arão. Não devemos confundir seu pai Hilquias com o sumo sacerdote de mesmo nome, que descobriu a cópia da lei na época do rei Josias (2Re 22.2-14). O nome Hilquias era comum, aplicado a vários homens no A.T., sacerdotes ou levitas (1Cr 6.45-46; 26.10-11; 2Cr 34.9-22; Ne 12.7). Anatote era a cidade natal de Jeremias, ficava no território de Benjamim, a nordeste de Jerusalém. Esta cidade foi alocada por Josué para os sacerdotes (Js 21.18-19).
“A ele veio a palavra do SENHOR, nos dias de Josias, filho de Amom, rei de Judá, no décimo-terceiro ano do seu reinado. E lhe veio também nos dias de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá, até ao fim do ano undécimo de Zedequias, filho de Josias, rei de Judá, até que Jerusalém foi levada em cativeiro no quinto mês” (v.2). A princípio, Jeremias era sacerdote em Israel, mas quando Deus começou a mostrar-lhe as revelações, passou a ser profeta nacional. Seu ministério profético durou pouco mais de 41 anos, isso porque após o exílio, continuou a profetizar (Jr 40-44).
OBS.: Somente os reinados mais longos são mencionados: Jeoaquim (11 anos), Josias (31 anos) e Zedequias (11 anos).
“Assim veio a mim a palavra do SENHOR...” (v.4). O profeta Jeremias não informou detalhes de como se deu suas experiências, diferente de Isaias (cap. 6). Mas temos aqui a primeira revelação: seu comissionamento como profeta do Senhor.
“Antes que eu te formasse no ventre, eu te conheci; e, antes que saísses da madre, te santifiquei e às nações te dei por profeta” (v.5). Jeremias era conhecido por Deus, de antemão, foi honrado, comissionado e naturalmente escolhido, semelhantemente a Paulo (Gl 1.15) e João Batista (Lc 1.15). Este versículo mostra o atributo da onisciência divina, onde Deus predestina Jeremias para exercer uma missão. De antemão, o Senhor conheceu que Jeremias seria obediente à sua Palavra.
OBS.: É bom ressaltar que o texto não está ensinando a reencarnação, como se a alma de Jeremias já existisse antes de entrar no corpo. Não se refere à alma, mas ao fato de Deus chamar e destacar pessoas para um ministério muito antes de elas terem nascido. A expressão “eu te conheci” se refere ao ser pré-natal “no ventre”. O verbo “conhecer” (hb. yada), no original tem a idéia de um relacionamento especial de compromisso (Am 3.2), ou seja, “eu te consagrei”, “eu te separei”, “eu te constituí”. Portanto, essa passagem se refere à pré-ordenação de uma pessoa a um ministério especial.
“Então, disse eu: Ah! Senhor JEOVÁ! Eis que não sei falar; porque sou uma criança” (v.6). Ele era apenas uma criança, um jovem. A palavra “criança” do hebraico na’ar, pode significar “infante”, como no caso de Moisés, colocado no cesto à beira do rio (Ex 2.6); mas também pode significar um homem jovem (2Sm 18.5; Gn 34.19). Não sabemos qual a idade de Jeremias quando ele foi chamado, mas ele se reputava muito jovem e inexperiente para a tarefa.
“Mas o SENHOR me disse: Não digas: Eu sou uma criança; porque, aonde quer que eu te enviar, irás; e tudo quanto te mandar dirás. Não temas diante deles, porque eu sou contigo para te livrar, diz o SENHOR” (vv.7-8). Jeová sabia melhor do que Jeremias, pois ele conhecia suas qualificações; sabia que ele sofreria muito às mãos dos homens iníquos e teria razões para temer, por isso, desde o começo, Deus advertiu Jeremias a não cair na síndrome do temor. O Senhor estaria com ele, conferindo-lhe poder, guiando-lhe, livrando-lhe das perturbações que o perseguisse. Jeová daria as palavras certas que Jeremias deveria falar (da mesma forma que fez em Mt 28.19 e 20; Ex 3.12 e Jn 1.5).
OBS.: Jeremias tinha autoridade para agir vinda de Deus; embora fosse jovem, possuía as habilidades necessárias para cumprir sua missão; contava com a proteção divina, a presença de Deus o acompanharia e a mensagem que seria transmitida por ele seria inspirada por Jeová. É natural que os homens tentem fugir de Deus, especialmente quando mais próximos se chegarem a Ele, em suas experiências, até que se sinta confortável na presença do Deus todo-poderoso.
“E estendeu o SENHOR a mão, tocou-me na boca e disse-me o SENHOR: Eis que ponho as minhas palavras na tua boca” (v.9). Vemos aqui o Toque Divino. Além de encorajar o profeta, Jeová deu-lhe unção divina ao tocar em sua boca. É maravilhoso ser capaz de usar o poder da oração e ver grandes coisas acontecerem pela intervenção divina, bem como conhecer as realidades espiritual, mas também é maravilhoso e necessário ter contato direto com o Ser divino. O toque divino em Jeremias “tornou-lhe a boca pura e poderosa”. Com Isaias foi posta uma brasa viva na boca (Is 6.7), idéia semelhante à que temos no texto presente.
“Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome me chamo, ó SENHOR, Deus dos Exércitos” (Jr 15.16)
“Olha, ponho-te neste dia sobre as nações e sobre os reinos, para arrancares, e para derribares, e para destruíres, e para arruinares; e também para edificares e para plantares” (v.10). Relacionando a missão e a mensagem, consideraremos aqui quatro pontos: (1) Jeremias tinha autoridade até sobre as nações, e não somente sobre Israel, ou seja, missão internacional; (2) mediante sua mensagem, Jeremias arrancaria, derribaria, destruiria e arruinaria potências humanas; (3) Mas ele também seria capaz de construir e plantar, ou seja, tanto providência negativa ou positiva de Deus, operariam por intermédio do profeta; e (4) A predestinação divina estaria no que ele fizesse, pelo que o seu bom êxito estava garantido desde o começo. Ele seria uma figura poderosa com uma missão importante e eficaz.
Champlin, Russell Norman. Antigo Testamento Interpretado Versículo Por Versículo, vol. 5.
Um comentário:
Irmão Jean, que bom ter seus posts de volta. Queria aproveitar para nos ajudar no novo portal que lancei, www.ensinadorcristao.com.br.
Abraços
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